Fragmento traduzido de um artigo de Hilary Dervin Flower, MA - Midwifery Today – Winter 2003
Original: http://kellymom.com/pregnancy/bf-preg/bfpregnancy_safety/
[Nota da Moderação GVA: desconhecemos o tradutor e o local de publicação da tradução]
É um assunto pouco discutido, mas uma preocupação bastante comum.
A
  mãe tem toda razão de evitar desmamar um filho mais velho durante a  
gravidez. O filho que está sendo amamentado ganha com o leite materno, o
  qual dá reforços à nutrição e ao sistema imunológico da criança.  
Desmamar antes dos dois anos de idade pode aumentar o risco daquela  
criança adoecer.
Preocupações:
*Medo de entrar em trabalho de parto precocemente ou de ter um aborto espontâneo.
*A amamentação vai roubar os nutrientes do feto.
*É demais para o corpo da mãe, ela ficaria cansada.
Amamentação e contrações:
A
  estimulação do mamilo estimula a liberação de ocitocina (hormônio). A 
 ocitocina é importante na amamentação porque controla a ejeção do 
leite.  A ocitocina também estimula o útero a contrair. A estimulação do
 mamilo  pode intensificar o trabalho de parto se o mesmo já estiver  
acontecendo. A amamentação depois do parto ajuda o útero (com  
contrações) a voltar ao tamanho que tinha antes da gravidez.
A amamentação NÃO inicia o trabalho de parto antes da hora certa! 
O
  útero tem receptores sensíveis à ocitocina (células que detectam a  
presença da ocitocina e causam uma contração). Normalmente, durante as  
primeiras 38 semanas da gravidez o útero tem poucos destes receptores,  
os quais aumentam em número aos poucos depois disto até chegarem a 300  
vezes mais quando o trabalho de parto já houver iniciado. Isto protege a
  gravidez.
Também  há outros fatores que protegem a 
gravidez. Para que os receptores  possam responder à ocitocina, eles 
precisam de um tipo de proteína  especifica. A progesterona (outro 
hormônio) bloqueia a conexão entre a  ocitocina e os receptores.
A
  ocitocina sozinha não é capaz de iniciar o trabalho de parto. O útero 
 está na fase de carregar o bebê, bem protegido contra um trabalho de  
parto precoce.
Várias  mulheres entrevistadas e que 
fizeram parte de pesquisas notaram que  sentiam contrações quando o 
filho estava mamando, mas que as contrações  paravam logo depois (dentro
 de 10 – 15 minutos) da sessão.
É  sempre uma decisão 
da mulher. Numa gravidez saudável não é arriscado  amamentar. Numa 
gravidez de risco a decisão pode ser mais complicada,  mas ainda é 
possível. Existem mulheres que amamentaram durante uma  gravidez de alto
 risco, até mesmo durante uma ameaça de trabalho de  parto prematuro, e 
deram à luz filhos sadios à termo (entre 38 a 42  semanas). Outras 
acharam melhor desmamar por causa da sua situação.  Todas as mulheres 
devem conhecer os sinais de trabalho de parto precoce.  Se perceberem 
contrações preocupantes devem parar a sessão de  amamentação e ver se as
 contrações cessam. (Seu médico ou parteira  também pode querer avaliar o
 efeito da amamentação sobre o útero –  contrações, batimentos cardíacos
 do bebê, ou colo uterino).
Comendo por três
Uma mulher é capaz de comer o suficiente para o seu feto, sua produção de leite e ela mesma?
Uma
  dieta básica com alimentos variados e calorias suficientes vai cobrir a
  maioria das necessidades de mulheres que estão amamentando ou 
grávidas.
Mulheres já com algum nível de desnutrição podem ter dificuldades, mas uma mulher bem nutrida tem pouca razão para se preocupar.
Reservas
  de gordura são esvaziadas durante a amamentação exclusiva. Quando o  
bebê começa a comer outras coisas e continua mamando, as reservas de  
gordura da mãe voltam aos poucos. Quanto mais tempo ela amamenta, maior 
 quantidade de gordura ela recupera (**nota - é saudável e natural para a
  mulher ter estas reservas – para manter a gravidez e a amamentação**).
  Mas se ela engravidar logo depois, ela não vai recuperar estas 
reservas,  e se ela estiver desnutrida e resolver amamentar durante a 
gravidez, as  reservas vão diminuir mais ainda.
Outra  
preocupação relacionada à amamentação durante a gravidez é com a saúde  
dos ossos da mulher. Pesquisas mais recentes mostram que a mulher  
recupera a densidade mineral dos ossos quando o bebê começa a comer  
outras coisas, e aos 12 meses de idade da criança a densidade mineral  
dos ossos da mãe deve ter voltado ao normal.
E  as 
necessidades do feto? Pesquisas mostram que as mães que ganharam  peso 
suficiente durante a gravidez tiveram bebês de peso normal (2,52 a  
4,93kg). Se a mulher estiver desnutrida (ou sem condições de aumentar  
sua ingestão alimentar) ela pode ter dificuldades de ganhar peso  
suficiente na gravidez ou seu bebê pode nascer com peso abaixo do  
normal. A recomendação de saúde pública, considerando que o desmame  
precoce pode prejudicar a saúde do bebê, é de dar um maior intervalo  
entre os filhos.
A  produção de leite normalmente 
diminui no meio da gravidez. As duas  perguntas mais importantes são: 
“Ela está mantendo seu apetite?” e “Ela  está ganhando peso dentro do 
padrão esperado?” Ela precisa ganhar o  mesmo peso que ganharia se não 
estivesse amamentando (meio quilo por  semana depois de 20 semanas de 
gravidez). É preciso avaliar como  aumentar o consumo da mãe – se ela 
estiver com dificuldades. Também é  necessário avaliar a hidratação 
materna. A cor da urina indica: amarela  clara – bem hidratada; amarela 
escura - desidratação.
A sensação de bem-estar da mãe diz tudo. O que o corpo da mãe está dizendo a ela?
A mulher deve estar empoderada e escutar a sabedoria do seu corpo enquanto ela cuida do seu filho e da sua gravidez.
Os
  hormônios da gravidez podem causar desconforto para a mãe durante a  
amamentação. Dói! Não sempre, mas para a maioria das mulheres a  
amamentação provoca alguma dor, a qual poderá ser mais forte numa fase  
da gravidez do que em outra. Ela também pode se sentir agitada, querendo
  tirar a criança do peito. A mãe que sente-se comprometida com a  
continuidade da amamentação pode precisar de apoio durante sua adaptação
  a estes desconfortos.
É  fundamental ajudar cada 
mulher a processar suas necessidades e  escolhas, e apoiá-la em sua 
decisão de desmamar ou de diminuir o número  de mamadas do mais velho.
Hilary
  Flower – autora do livro Aventuras na Amamentação Tandem: Amamentação 
 durante a gravidez e depois (Adventures in Tandem Nursing: 
Breastfeeding  During Pregnancy and Beyond – 2003).
