Tópico criado originalmente no Orkut, em 18/11/2008, pela Luciana Freitas
Fiz aqui uma compilação do post inicial do tópico e das respostas dadas por ela às dúvidas das mães. Deve ajudar muitas que têm "sapinho" e não conseguem melhorar com o tratamento "clássico" de anti-fúngico no seio e na boquinha do bebê.
Meninas,
Fala-se muito de sapinho (cândida, monilíase) no seio da mulher que amamenta. Quando a mama queima, dá fisgadas após as mamadas e os mamilos estão vermelhos e brilhantes, algumas vezes com fissuras, costuma diagnosticar-se o sapinho, que é uma infecção pelo fungo Candida albicans.
Eu mesma já cansei de levantar a possibilidade de sapinho aqui no GVA. Vi vários casos renitentes, que não se curavam ou que retornavam uns tempos depois.
Pois bem, acabo de receber novas informações que colocam tudo isso por terra! Faço parte de uma lista de discussão argentina sobre amamentação e estes dias o sapinho entrou em debate. Para minha surpresa, o que se discute é que raramente esses casos de dor na mama são infecção por Candida albicans! Na verdade, três integrantes de grupos de apoio à amamentação na Argentina e na Espanha mencionaram que em anos de funcionamento nunca tiveram um resultado de cultura positiva para Candida! O que costumam encontrar é infecção bacteriana, com destaque para o Estafilococo aureus. Recebi um texto sobre o assunto, mas está em espanhol. Vou traduzir assim que puder.
Depois disso, o que eu faria caso tivesse os sintomas supostamente de sapinho? Pediria ao médico uma cultura. Só ela pode detectar com precisão o causador do problema. Se ele insistisse em tratamento contra a Candida eu faria o exame sem o pedido. O plano de saúde não pagaria, mas sairia mais barato que 5 latas de Nan . Não esqueçam que essas infecções podem, infelizmente, arruinar com a amamentação!
Bjs
Luciana
Ai, gente, desculpa, mas tô muito enrolada mesmo! O resumo do artigo original, escrito em inglês, está aqui:
A tradução ao espanhol está aqui:
Como disse no primeiro post, soube dessa discussão pela lista hispânica de amamentação. O que disseram por lá e eu confirmei pesquisando por conta própria é que o S. Aureus (e a Candida Albicans também) é da flora cutânea, mas que é altamente patogênico, cabe ao médico que faz o exame detectar se a quantidade encontrada é normal ou não.
O que se discute é exatamente essa suposta facilidade de se diagnosticar a Candida, pois com isso se dá por encerrado o assunto e muitas mães ficam meses lutando contra o inimigo errado, inclusive desmamando por causa disso. Por exemplo, os grupos de apoio à amamentação na Espanha sempre enviam material para cultura em casos de dor mamilar para um professor da Universidad Complutense especialista no assunto e o resultado até agora é ZERO Candida!
Eu também nunca tive infecção nos seios, mas depois de ter lido tudo isso, não me trataria sem uma cultura. Os dados são contundentes: em 4000 amostras, recolhidas em 8 anos, apenas 4 foram de fungos (nenhum deles de C. Albicans, que seria o sapinho). A infecção é por bactéria mesmo e precisa ser tratada com antibiótico.
O bom é recolher um pouco de leite e esfregar um swab no peito tb. Vc precisa explicar mesmo, porque as infecções mamárias são tão banalizadas como "sapinho" que isso não é feito nunca, mesmo em cidades grandes.
Com o resultado, o médico receitará o ATB certo e a melhora é rápida, em 2/3 dias vc já deve sentir uma melhora.
Essa bactéria, como as outras causadoras das mastites infecciosas, são da flora da nossa pele. Por alguma razão, uma delas se desenvolve além do normal e causa o problema.
Os dois artigos principais sobre o assunto agora estão online:
e
Não é indicada a suspensão da amamentação. Continue dando o peito.
Temos que colocar o "sapinho" assim, entre aspas. O sintoma de infecção é dor, acompanhada ou não de fissuras, vermelhidão, endurecimento, febre, pus etc.
O grande problema dessa infecção é exatamente isso: não tem os sintomas da mastite "clássica", com febre etc. No entanto, até aqui no Brasil já se falava dela há algum tempo, embora não com tanta pesquisa envolvida.
Uma das maiores especialistas em aleitamento, principal assessora do MS para a área fala de infecção por S. Aureus neste artigo: