Por Josiani Freitas
Revisão: Luciana Freitas
Os gases são uma grande preocupação das mães; porém, qualquer pessoa pode tê-los. Gases podem tanto se acumular no estômago como no intestino e isso muda a forma como devemos encará-los.
O gás encontrado no estômago é o que inalamos quando nos alimentamos, choramos e, no caso dos bebês, também quando chupam o dedo. A sua forma de eliminação é o arroto. Já o gás encontrado no intestino, é proveniente da digestão de certos alimentos e tem um odor característico, sendo eliminado na forma de flatulência, o pum.
Quando um bebê engole muito ar mamando, o excesso de gases sai em forma de arrotos, não de muitos puns. Um bebê que mama incorretamente (seja por problema de pega ou outro problema orofacial, ou ainda devido a um fluxo muito forte de leite) pode tanto engolir mais ar, como pode mamar um leite mais rico em lactose e isso pode ocasionar muitos gases intestinais. Contudo, nem a pega errada é a principal causa dos gases e nem excesso de gases é considerado o principal sintoma de pega incorreta.
Muitas mães têm fixação para colocar o bebê para arrotar. Essa ideia surgiu com a disseminação do uso de berços e mamadeiras. Na mamadeira, o bebê engole mais ar mamando e deitado no berço é difícil eliminá-lo. Assim, surgiu o mito que é necessário por sempre pra arrotar após cada mamada.
Todavia, o fato é que bebês amamentados, que mamam com a pega correta não engolem quase nada de ar, pois os lábios criam um vácuo entre o mamilo e a boca do bebê, ao contrário da mamadeira. Por isso, é comum bebês amamentados não arrotarem após as mamadas. Já se a pega estiver errada, é mais provável os bebês acabem ingerindo mais ar mamando, o que é percebido com um barulho de estalinho na mamada. Nesse caso a correção da pega se torna necessária.
Há muita crença popular que o principal motivo de um bebê pequeno chorar sejam os gases. Muitos pais e pediatras optam por medicar esse “sintoma”, sendo comum tanto a prescrição de medicamentos que ajudam a expelir os gases do intestino, como aqueles usados para impedir a formação de bolhas de ar. Porém, há pouca evidência de que os gases de fato incomodam os bebês, salvo em casos extremos.
O mais provável é que isso seja um círculo vicioso: ao chorar muito, os bebês acabam engolindo muito ar; chorando os bebês não conseguem arrotar e as mães acabam interpretando esse choro inconsolável como “cólica”, quando na verdade o problema está justamente no choro. Pegar no colo e acolher o choro poderia evitar que muitos bebês fossem medicados por “cólica”.
Outro mito muito comum é de que a alimentação da mãe cause gases nos bebês. A lista de alimentos a evitar é extensa e variável (mudando muito de acordo com a cultura local); entretanto, não há nenhuma comprovação científica de que os alimentos causem gases, exceto no caso de bebês que apresentem algum tipo de alergia alimentar. No caso desses bebês, o excesso de gases é um dos inúmeros sintomas que podem apresentar.
Entretanto, no caso de a mãe estar sofrendo de hiperlactação (muitas vezes confundida com cólicas, refluxo ou alergia alimentar), temos uma situação diferente, em que há a necessidade de interromper a mamada toda vez que o bebê estiver incomodado e colocar para arrotar. Nesse caso, o bebe tem muita dificuldade em lidar com o excesso de leite que sai da mama, o que acaba fazendo com que engula mais ar mamando.
Não fique obcecada com os gases. Depois de mamar, faz muito bem para o bebê deixá-lo no colo, posição naturalmente vertical que facilita o arroto. Se ele não arrotar não se preocupe, é porque ele não tem ar para expelir.
Em suma: seu bebê não precisa de medicamentos (naturais, homeopáticos, fitoterápicos, alopáticos etc) ou de chás para eliminar os excessos de gases.
Referências:
GONZÁLEZ, Carlos. Un regalo para toda la vida: Guía de la lactancia materna. 2006.