sexta-feira, 27 de março de 2015

Alternativas à mamadeira


Muitas mães pensam que na volta ao trabalho, ao deixar o bebê aos cuidados de terceiros ou na introdução de outros líquidos (leite artificial, água, sucos, etc), a mamadeira é a única opção, mas ela está longe de ser a única e é, de longe, a PIOR opção para a manutenção do aleitamento materno e para a formação da musculatura orofacial do bebê.
A mamadeira causa confusão de bicos, pois o movimento que o bebê faz na mamadeira é diferente do que o bebê faz no peito. Por consequência, o bebê desaprende a mamar, prejudicando a produção de leite e podendo passar a rejeitar o peito.
 

Existem algumas opções seguras para se oferecer o LM ou outros líquidos, sendo a mais barata e acessível, o copinho de cachaça. Adotar estas alternativas parece algo desafiador, afinal, a cultura do desmame está arraigada no senso comum, depois de décadas de um exaustivo trabalho de marketing promovido pela indústria de leites artificiais. Na prática, sabe-se que oferecer líquidos para o bebê que não no peito demanda um pouco de treinamento da dupla cuidador-bebê e muitas vezes é mais desafiador para o cuidador do que para o bebê.

O movimento de sorver o leite com a língua é inato e é o mesmo utilizado para ordenhar o peito, portanto, se o líquido for oferecido da forma correta, em pequenos goles despejados na boca do bebê ou apenas encostado na língua, o processo se desenrola de forma relativamente simples e, com a prática, tudo passa a ser tão natural que é como se os bebês tivessem nascido sabendo! Ao sorver os leite desta forma, o bebê exercita a musculatura que utilizará para a mastigação, gozando de um melhor desenvolvimento orofacial, que traz benefícios à fala, nutrição e respiração.
 

O risco de engasgo ao se oferecer líquidos fora da mamadeira também é menor, já que o bebê passa a ter maior controle da quantidade ingerida e permanece com a boca desobstruída para eventualmente colocar pra fora alguma quantidade a mais que tenha caído na boca.
Voltar ao trabalho e manter o aleitamento é possível e é a opção mais barata para a família e saudável para o bebê, que pode receber um alimento de menor custo e melhor qualidade na ausência da mãe. Para isto, sugerimos que a mãe comece a se organizar com antecedência, fazendo o seu estoque de LM (leite materno) e adaptando o bebê ao novo cuidador e a receber o leite em uma das alternativas a seguir.




Copo ou xícara de vidro



São a primeira opção porque nelas o bebê não vai sugar, mas sim sorver o líquido usando a língua como fazem os gatinhos. Aos poucos, o bebê também vai aprendendo a manusear o copo da forma como fazem os adultos, ou seja, dando goles maiores com ajuda dos lábios, empurrando o líquido para a garganta com ajuda da língua.
Devem ser preferencialmente, mas não necessariamente, transparentes. A transparência serve para que o cuidador possa observar se o bebê está posicionando corretamente a língua e se o lábio inferior fica virado para fora, e quanto de líquido há dentro do recipiente.
Podem ser pequenos, como copos de cachaça ou xícara de café, ou maiores, como copos de requeijão ou xícaras de chá. Por serem de fácil acesso (praticamente todas as pessoas já os tem em casa), o cuidador pode testar os diferentes modelos para descobrir ao que melhor se adaptam.
São preferíveis os de vidro ou louça por serem mais fáceis de higienizar e esterilizar.


Copos diferenciados sem bico


São os copos chamados 360º, possuem uma válvula de silicone em que o bebê pressiona a tampa com o lábio superior e o líquido sai sem necessidade de sugar. Estes são menos acessíveis, mas são boas opções por não se proporem a imitar o bico do peito, ao mesmo tempo, não envolvem movimento de sucção.
A limpeza deste tipo deve ser feita cuidadosamente, algumas marcas possuem peças difíceis de higienizar.
Existem também copos de treinamento no estilo do 360, porém sem válvula (ver imagem). Nestes, há uma tampa abaixo de onde o bebê coloca a boca, que serve somente para controlar o volume liberado. O uso é similar ao uso do copo comum, apenas o volume de líquido liberado é menor. Esta tampa intermediária pode ser retirada. Os copos térmicos para café são alternativas similares, conforme imagem.


Colher comum ou colher-dosadora 


Também não precisam envolver sucção do bebê durante o uso.
A colher dosadora tem a vantagem de já armazenar dentro de seu corpo o leite que será oferecido, enquanto a colher comum precisará ser continuamente enchida, conforme o bebê terminar cada dose, até conseguir tomar o total de leite separado para aquele horário de alimentação.
A colher comum é de fácil acesso, por ser encontrada em praticamente todas as casas, o cuidador pode também testar os diferentes modelos e formas de oferecer, sem risco de desperdiçar muito leite.


Copo de treinamento com bico duro, sem a válvula 


Esta é uma das opções menos segura, deve ser utilizada somente para treinamento e nunca deve ser utilizada pelo bebê sozinho.
Nele, apesar do bebê iniciar o processo apenas engolindo o leite derramado na sua boquinha pelo cuidador, aos poucos percebe que pode sugar para aumentar o fluxo ou mesmo morder o bico. O uso diário, constante e por tempo prolongado pode acabar acarretando em problemas na formação da arcada dentária e fazendo com que o bebê repita estes movimentos no seio, prejudicando a pega, causando dor durante a amamentação ou aumentando a quantidade e força das mordidas no seio. Ainda, pode deixar o bebê eventualmente irritado ao seio pela demora em descer o leite.
Assim, recomenda-se que esta opção seja utilizada como alternativa somente enquanto o bebê aprende a utilizar outras formas mais seguras e deve ser sempre manuseado pelo cuidador, que deve derramar pequenos goles na boca do bebê, evitando que ele sugue ou morda o bico.
Se o copo possuir válvula anti-vazamento, ela deve ser retirada, para que não haja confusão entre a forma de sugar o peito e a forma de sugar o copo (com a válvula o bebê acabaria precisando sugar com força para o leite sair).
Recomenda-se, também, que o vácuo seja diminuído para desestimular que o bebê sugue - sem vácuo, o líquido sai mais facilmente sem necessidade de sucção e a sucção torna-se ineficaz. Alguns copos já possuem este vácuo reduzido, mas isto pode ser feito furando a tampa no lado oposto ao bico, com algum objeto metálico pontudo aquecido (como um clipe de papel).


Seringa ou conta-gotas 


Também não são opções totalmente seguras, por isto, recomenda-se que sejam utilizadas em situações emergenciais e por curtos períodos, somente enquanto se treina para que o líquido seja oferecido em uma outra alternativa.
A seringa ou o conta-gotas devem ser colocados no canto da boca, apontando para a bochecha. O posicionamento desta forma é importante para que o bebê não sugue o líquido, por isso, nuca devem ser colocados entre os lábios ou no meio da boca. O cuidador deve apertar levemente o êmbolo da seringa ou liberar o líquido do conta-gotas aos poucos, aguardando o bebê engolir antes de depositar uma nova quantidade na boca.
Não se deve oferecer o leite (materno ou artificial) na seringa ou conta gotas em associação com o ato de sugar o peito ou até mesmo o dedo. A associação entre a sucção e o fluxo da seringa/conta-gotas pode fazer o bebê começar a rejeitar o peito, por estranhar o fluxo inconstante e mais lento.
No geral, tanto a seringa quanto o conta-gotas são descartáveis, mas existem modelos que podem ser reutilizados. Neste caso, siga as orientações do fabricante para fazer a higienização. 


Obs.: os preços foram consultados pela internet em sites de venda online. Procuramos pelos modelos mais simples, então os valores podem ser diferentes se a opção escolhida tiver mais detalhes, desenhos de personagens infantis etc. e também levando em conta a variação de preços de acordo com a região do país.
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