sábado, 27 de junho de 2015

O que passa e o que não passa pelo leite materno

Por: Luciana Freitas
Postado originalmente no GVA do Orkut



Esse é um dos meus assuntos favoritos relacionados à amamentação. Ele é, como muitos outros, cheio de equívocos e de mitos que só prejudicam a amamentação. Por isso é importante deixar claro alguns pontos.

Em primeiro lugar, não existe nenhuma comparação possível entre aquilo que se consumido na gestação prejudica o feto e o que, em teoria, prejudica o bebê via leite materno. Quando digo nenhuma, é nenhuma mesmo! Na gravidez, o feto, um ser ainda em formação, recebe diretamente em sua circulação tudo o que a mãe consome. Na amamentação, um ser já formado recebe via oral e em proporção mínima o que é excretado pelo leite materno.

Em segundo lugar, nem tudo passa pelo leite materno. Depende do peso molecular da substância; quanto maior, menos passa. O álcool é um dos raros casos em que a concentração no sangue da mãe é muito similar à que aparece no leite, pois a maioria das substâncias apresentam-se em concentrações muito pequenas, de até 10% daquela que aparece no sangue (que é bem menor que aquela que a mãe consumiu).

Em terceiro lugar, nem tudo o que passa pelo leite, chega à corrente sanguínea do bebê. Dr. González diz, brincando, que a quantidade que passa de um remédio pelo leite é como se o bebê tivesse dado uma lambida no comprimido. Uma amoxicilina, por exemplo, a concentração que chega ao bebê é de 1/500 da dose consumida pela mãe, ou seja, nada!

Em quarto lugar, nem tudo o que chega à corrente sanguínea do bebê é capaz de ter um efeito danoso à sua saúde. Por exemplo, o bebê está com febre, a mãe enche o pobrezinho de antitérmico sem pensar duas vezes; às vezes sem nem esperar que chegue a 38 graus; na hora que essa mãe precisa de um antitérmico porque tem 39 de febre, ela tem medo de tomar!!??? Sem lógica! Todos os remédios que bebês consomem, a mãe que amamenta pode tomar sem nenhum problema!

Em quinto lugar, as substâncias que efetivamente são contraindicadas na amamentação são pouquíssimas. Quase todas as drogas de abuso (cocaína etc) e drogas de combate ao câncer. Há outras (poucas) que devem ser usadas com muito cuidado ou trocadas por uma similar. A imensa maioria é totalmente compatível com a amamentação, em especial se o bebê não é mais um recém-nascido.

Resumindo: quase nunca existe incompatibilidade entre remédios e amamentação. O que existe é falta de informação!

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