Jenny Thomas, pediatra membro da Associação Americana de
Pediatria, membro do Comitê Internacional de Certificação de
Consultoria de Aleitamento e da Academy of Breastfeeding
Medicine.<p> </p>
http://www.facebook.com/notes/lakeshore-medical-breastfeeding-medicine-clinic/when-breastmilk-turns-to-water-and-a-cow-makes-better-milk-than-you-do/155702701154727
Tradução de Bel Kock-Allaman
Eu acho que se você amamenta por um ano alguém deveria fazer uma
festa para você. O melhor que eu pude fazer foi dar camisetas
comemorativas. Eu já dei mais camisetas do que posso contar e
atualmente eu tenho uma lista comemorativa para celebrar as mães que
conseguiram isso no meu website.
Então,
com todas essas mães no meu consultório alcançando esse objetivo, eu
comecei a considerar fazer algo para reconhecer as mães que continuavam a
amamentar aos 18 meses. Essas mães maravilhosas, que ganharam a
camiseta e os parabéns pelo primeiro ano diziam “Não, obrigada.” quando
eu mencionei o que tinha em mente – elas não queriam que outras pessoas
soubessem. Elas amamentavam, mas não queriam reconhecimento público.
Elas amamentavam “no armário” e estavam bem assim.
A
revisão dos 12 meses é uma ótima oportunidade para falar dos benefícios
de continuar a amamentar além do primeiro ano. Eu vou tentar não dizer
“amamentação prolongada” porque isso revela um viés cultural que
existe onde eu vivo, mas talvez não onde você viva. Mundialmente,
amamentar até os 2 ou 4 anos é simplesmente normal. E antes que o viés
cultural interrompa a discussão, a política da Associação Americana de
Pediatria diz que “não existe limite para a duração da amamentação e
não há evidência psicológica de prejuízo ao desenvolvimento devido à
amamentação no terceiro ano de vida ou mais”.
Então, o
que acontece aos doze meses? De acordo com a crença popular, no momento
em que o seu lindo bebê amamentado está dormindo na noite anterior do
seu primeiro aniversário, o mundo se transforma: no dia seguinte, eles
descobrem que o leite materno já não serve. Eles descobriram que a vaca
faz um leite melhor que a mãe.
E
como você faz que uma criança de um ano que ainda não fala entenda
isso? Eles estão contando com continuar recebendo a calidez, a expressão
de amor e a maravilhosa nutrição que tinham no dia anterior. Qual é a
mágica daquele 366º dia da sua vida?
Eu sei que não faz sentido e que o bebê de um ano provavelmente está
confuso, mas eu conheço algumas mulheres maravilhosas que acreditam
que se elas continuarem a amamentar, seus filhos vão precisar de um
complemento de leite de vaca “para que tenham todos os nutrientes”. Eu
devo morar no paraíso dos laticínios, onde pessoas usam chapéus de
queijo em público, mas o leite da vaca é para os bezerros. E como eu
normalmente tenho essa conversa no meio de uma consulta, com a criança
presente, eu posso fazer um bom trabalho convencendo a família de que o
meu exame clínico sugere que o seu filho não é um bezerro.
Os
componentes do leite materno que combatem infecções continuam
presentes: lisozima, lactoferrina, imunoglobulina (IgA) estão presentes
em quantidades estáveis. Os níveis de proteína, cálcio, ácidos graxos
de cadeia longa são mais baixos comparados com o leite de um bebê de 3
meses, mas não estamos falando de bebês de 3 meses que só se alimentam
de leite materno. A criança de um ano já come outros alimentos. Além
disso, sabemos que mães que amamentam por mais tempo diminuem o seu
risco de câncer de mama.
Eu entendo. Muitas pessoas,
incluindo os profissionais de saúde, não entendem porque você quer
amamentar por mais de um ano. Mas não são eles que tem que acalmar uma
criança de 15 meses berrando. Eu só estou dizendo isso – se eu tivesse
que escolher entre uma criança chorando que eu tenho que distrair e
fazer feliz de alguma maneira e uma criança chorando que eu posso dar o
peito e fazer feliz em 5 minutos, eu prefiro o segundo.
Algum
dia, eu espero poder fazer algo pelas minhas amigas, as mães que
amamentam “no armário” e eu saberei que estarei fazendo progresso aqui
no meu pedacinho de mundo. Talvez então nós possamos convencer o resto
do mundo que amamentar um bebê de mais de um ano é normal.
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terça-feira, 14 de julho de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Por que não oferecer sucos antes de 1 ano de idade?
Por Luciana Freitas
O suco é um dos alimentos mais presentes na alimentação de bebês na cultura alimentar brasileira. Costuma ser, inclusive, o primeiro alimento a ser oferecido às crianças quando termina o período de exclusividade do leite materno.
Como se justifica, então, essa recomendação de não oferecer sucos a bebês menores de um ano, que se choca com a nossa tradição?
Bebês têm um estômago muito reduzido. Se damos a eles um alimento de grande volume e de baixa caloria, como sucos ou sopas, vamos encher o estômago deles com algo que não vai suprir suas necessidades calóricas. Quando adultos propositalmente não consomem alimentos que supram suas necessidades calóricas, à base fundamentalmente de frutas e legumes/verduras, damos a isso o nome bem conhecido de dieta ou regime de emagrecer. É o que queremos para nossos bebês? Que eles emagreçam?
Por exemplo, o suco de laranja lima, um dos mais calóricos e talvez o que é mais oferecido a bebês, tem cerca de 40 calorias/100 ml. Se o bebê tomar 100 ml desse suco, a barriguinha dele ficará cheia por algum tempo e ele não comerá nada mais e não mamará no peito. No entanto, o leite materno, além de infinitamente mais rico em nutrientes, possui cerca de 70 calorias/100 g. Uma diferença e tanto, não é mesmo? Se pensarmos em outros sucos, a diferença é ainda mais gritante. Por exemplo, um suco de melancia tem menos de 30 calorias/100 ml. E, atenção: estamos falando aqui das calorias de sucos feitos apenas com a fruta, sem adição de água. Se acrescentarmos água, eles ficam ainda menos calóricos.
Abaixo estão reproduzidos dois fragmentos do Guia alimentar para crianças menores de 2 anos, documento produzido pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana da Saúde:
“Para que as crianças supram as suas necessidades energéticas, os alimentos complementares devem ter uma densidade energética mínima de 0,7 kcal/g. Por isso, sucos de frutas ou vegetais e sopas são desaconselhados, por possuírem baixa densidade energética.” (p.30, grifos nossos)
“O volume reduzido do estômago da criança pequena (30-40ml/kg de peso corporal) é um fator limitante na sua capacidade de aumentar a ingestão de alimentos de baixa densidade energética para suprir suas necessidades calóricas. Além disso, deve-se evitar alimentação muito freqüente em crianças amamentadas, uma vez que quanto mais alimentos ela consome, menos leite materno será ingerido.” (p.34)
No mesmo documento há sugestões de alimentação para bebês de 6 meses a 1 ano e nelas não vemos a presença de sucos, somente das frutas, que são ótimas opções. Os sucos estão presentes apenas na sugestão de alimentação para crianças de 1 a 2 anos.
Sucos? Só após 1 ano de idade!
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