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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Volta ao Trabalho e Ausência Ocasional da Mãe




Voltar ao trabalho não é sinônimo de interrupção do aleitamento materno. Se você se programa, pode estocar LM suficiente para garantir o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, manter o aleitamento materno durante a introdução alimentar e na amamentação continuada.
Neste material você encontrará a resposta às perguntas mais comuns relacionadas com a sua volta ao trabalho ou ausência ocasional - foi criado juntando a experiência de muitas mães, informações técnicas de órgãos de saúde e organizações dedicadas á promoção da amamentação em nível nacional e mundial.

Como ordenhar, como aumentar a produção de Leite para conseguir ordenhar
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/11/volta-ao-trabalho-ordenha.html

Como armazenar, transportar e descongelar o Leite Materno
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/11/quanto-lm-devo-deixar-para-meu-bebe.html



Introdução de alimentos e LA na volta ao trabalho - é necessário?
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/11/introducao-de-alimentos-e-la-na-volta.html

Amamentando ao volta para casa - continua a livre demanda? Como descansar se o bebê mama a noite toda?
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/11/amamentacao-apos-volta-ao-trabalho.html
 



É possível realmente amamentar e trabalhar? Como fica a saudade do bebê? E o rendimento no trabalho? 
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/11/e-realmente-possivel-amamentar-e.html

Vídeos da SMAM 2015 - Moderadoras do GVA contam suas experiências de volta ao trabalho

http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/08/semana-mundial-de-aleitamento-materno.html

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Introdução de Alimentos e leita artificial na volta ao trabalho - é necessário?




Devo acostumá-lo com outros alimentos porque vou começar a trabalhar?Os alimentos que começam ser introduzidos com 6 meses são COMPLEMENTARES eles não vão substituir o LM, ele continua sendo o principal alimento do bebê até 1 ano, então adiantar a introdução alimentar não vai fazer diferença para você, e o fato dele comer não irá diminuir a quantidade de LM que ele precisa, mas sim fará muita diferença para o bebê - ele pode não aceitar ou aceitar pouco. Geralmente com a introdução alimentar o ganho de peso dá uma freada abrupta, até o corpo do bebê se adaptar. Uma introdução de alimentos precoce ou acelerada (que começa substituir LM) pode levar a um desmame precoce e comprometer o estado nutricional do bebê também.
Devo introduzir LA para ir se acostumando?
Não, se você se organizar poderá ordenhar o seu LM para ele tomar na sua ausência. Veja os tópicos sobre ordenha e armazenamento de LM.
 
Porque mantê-lo só no LM?Porque o LM é o melhor alimento para seu bebê, é o único alimento completo nutricionalmente, além de oferecer um enorme número de agentes imunológicos que nenhuma fórmula é capaz de oferecer. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Por que não oferecer sucos antes de 1 ano de idade?

Por Luciana Freitas

O suco é um dos alimentos mais presentes na alimentação de bebês na cultura alimentar brasileira. Costuma ser, inclusive, o primeiro alimento a ser oferecido às crianças quando termina o período de exclusividade do leite materno.

Como se justifica, então, essa recomendação de não oferecer sucos a bebês menores de um ano, que se choca com a nossa tradição?

Bebês têm um estômago muito reduzido.  Se damos a eles um alimento de grande volume e de baixa caloria, como sucos ou sopas, vamos encher o estômago deles com algo que não vai suprir suas necessidades calóricas. Quando adultos propositalmente não consomem alimentos que supram suas necessidades calóricas, à base fundamentalmente de frutas e legumes/verduras, damos a isso o nome bem conhecido de dieta ou regime de emagrecer. É o que queremos para nossos bebês? Que eles emagreçam?

Por exemplo, o suco de laranja lima, um dos mais calóricos e talvez o que é mais oferecido a bebês, tem cerca de 40 calorias/100 ml. Se o bebê tomar 100 ml desse suco, a barriguinha dele ficará cheia por algum tempo e ele não comerá nada mais e não mamará no peito. No entanto, o leite materno, além de infinitamente mais rico em nutrientes, possui cerca de 70 calorias/100 g. Uma diferença e tanto, não é mesmo? Se pensarmos em outros sucos, a diferença é ainda mais gritante. Por exemplo, um suco de melancia tem menos de 30 calorias/100 ml. E, atenção: estamos falando aqui das calorias de sucos feitos apenas com a fruta, sem adição de água. Se acrescentarmos água, eles ficam ainda menos calóricos.

Abaixo estão reproduzidos dois fragmentos do Guia alimentar para crianças menores de 2 anos, documento produzido pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana da Saúde:

“Para que as crianças supram as suas necessidades energéticas, os alimentos complementares devem ter uma densidade energética mínima de 0,7 kcal/g. Por isso, sucos de frutas ou vegetais e sopas são desaconselhados, por possuírem baixa densidade energética.” (p.30, grifos nossos)

“O volume reduzido do estômago da criança pequena (30-40ml/kg  de peso corporal) é um fator limitante na sua capacidade de aumentar a ingestão de alimentos de baixa densidade energética para suprir suas necessidades calóricas. Além disso, deve-se evitar alimentação muito freqüente em crianças amamentadas, uma vez que quanto mais alimentos ela consome, menos leite materno será ingerido.” (p.34)

No mesmo documento há sugestões de alimentação para bebês de 6 meses a 1 ano e nelas não vemos a presença de sucos, somente das frutas, que são ótimas opções. Os sucos estão presentes apenas na sugestão de alimentação para crianças de 1 a 2 anos.

Sucos? Só após 1 ano de idade!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

GUIA FACIL PARA INTRODUÇÃO ALIMENTAR USANDO O MÉTODO BLW : Baby-led Weaning

Por Zioneth Garcia. 

BLW significa Desmame guiado pelo bebê. O princípio desse método é a transição à alimentação por sólidos de forma natural acompanhando as necessidades organicas e habilidades motoras do bebê. O bebê deve e pode ter o controle total. Não exite restrição enquanto ao numero de refeições diarias já que acreditasse que o organismo do bebê sozinho vai priorizar os nutrientes que mais precisa: alimentação complementar ou Leite materno, por isto a livre demanda do Leite materno é fundamental. 

O leite materno é o principal alimento até os 12 meses, e oferece uma fonte completa de nutrientes para o bebê. Limitar as mamadas não só é uma péssima estratégia para ajudar o bebê aceitar mais alimentos, se não também pode colocar em risco o desenvolvimento normal de seu filho. Lembre que leite materno não atrapalha absorção de nutrientes, pode oferecer antes durante ou depois de todas as refeições. 

O mel e a leite de vaca não são indicados para menores de 1 ano. No caso do mel, os menores de um ano de idade correm o risco de contrair botulismo, caso o mel esteja contaminado pela bactéria Clostridium botulinum, nociva apenas aos mais sensíveis. O leite de vaca ou formulas especiais não são necessárias enquanto o bebê se mantenha no aleitamento materno. Danoninho NÃO É ALIMENTO DE LACTANTES! 

Ter uma boa alimentação familiar, variada, equilibrada e saudavel é essencial. Coma hoje como espera que seus filhos comam a manhã! 

Em casos com histórico de alergias alimentares particulares na  família próxima ou suspeita de alergia alimentar no  bebê devem ser evitados os alimentos com alto potencial de sensibilização alergênica até os 2 anos. Se há suspeita ou diagnostico certeiro de alergia alimentar deve se avaliar com o profissional (gastropediatra ou alergista) os riscos de contaminação cruzada de alimentos

Como funciona BLW:

*O bebê come no seu ritmo pelos seus próprios meios.

*O bebê participa de todas as refeições da família ativamente desde  primeiro dia de alimentação complementar.

*Oferecem-se os alimentos que a família consome, alguns são adaptados para ele pegar sozinho para levar à boca.

*Se recomenda respeitar o esquema de introdução de apenas um novo alimento ou ingrediente a cada 2 dias. Dessa forma em 15 dias o bebê já poderá acompanhar a alimentação diária da família podendo escolher entre um universo de 5-6 itens. Ao final do 7° mês ele poderá ter experimentado até 30 ingredientes, praticamente todos os itens que configuram a base da dieta Brasileira saudável.  

*Sugere-se começar com “finger foods” , alimentos para comer com as mãos , para depois introduzir as texturas menores: pedacinhos, grãos inteiros etc;  e por ultimo aquelas que precisam de talheres. Para oferecer papas, purês ou molhos se sugere oferecer usando palitos de legumes, ou mesmo colocando a colher frente ao bebê para ele SOZINHO levar à boca. 

*O bebê escolhe o que deseja comer conforme suas necessidades orgânicas. A quantidade de comida é regulada pelo bebê. Acreditasse que a traves da vontade de comer o bebê expressa suas necessidades orgânicas de nutrientes, por isso é importante oferecer escolhas nutricionalmente diferentes e complementares dentro do mesmo prato quando ele já conhece variedade de ingredientes.  

*Não existem papinhas, papas ou refeições separadas para o bebê, ele vai acompanhar a dieta familiar, por tanto,  o principal reto é avaliar a dieta da família deixando-a o mais saudável possivel. Programe o cardápio da família para que o bebê consiga acompanhar pelo menos uma das preparações. 

*NÃO SE DA COMIDA NA BOCA DO BEBÊ. Se ele não consegue levar à boca sozinho não está pronto para comer esse tipo de alimento ou textura.

*Não se oferece para o bebê o que ele não consiga comer sozinho.

*Não se força o bebê a comer determinado alimento e nem determinada quantidade. A vontade do bebê de comer é a expressão de suas necessidades organicas de nutrientes. Esse principio é essencial para o método dar certo.

*Não se coage o bebê a terminar o prato de nenhuma forma, nem premios nem castigos. A alimentação deve ser da forma mais natural possivel.  

*Não se distrai o bebê com músicas, brinquedos, televisão ou qualquer outro truque para que ele coma mais.

*Vai ter bagunça e lambança em toda refeição. Relaxe e desfrute. Essa fase durará pouco tempo.

*Você vai ter a sensação que o bebê não come nas primeiras refeições,  e prossivelmente só descobra o que comeu e quanto comeu após ver o coco. 

*O bebê vai estar completamente no controle de seu proprio apetite e satisfação. Se ele quer comer come, senão quer comer não vai comer! O seu papel será oferecer. 

* Quando o bebê come ou morde mais do que é capaz de engolir você vai ver episodios de pseudo engasgamento onde poderá presenciar o "gag-reflex", o bebê desengasgando sozinho, NÃO SE APAVOREE NÃO TIRE O BEBÊ DO LUGAR. Respire conte até 10 enquanto observa, o bebê sozinho se desengasga e cuspira para fora o que lhe atrapalhou. O risco de engasgamento real em BLW é menor ou igual ao de o método tradicional.


Medidas de Segurança 
 *O bebê deve ser capaz de se sentar sozinho, segurar objetos e levar a boca por própria conta. 
*NUNCA deixe o bebê sozinho com a comida.
*NUNCA ofereça alimentos em posição deitada ou semi-deitada.
*O dorso deve ficar livre para se mexer para frente e para atrás. Se possue cadeirão de 5 pontos use apenas o cinto ao redor da cintura.  
*NUNCA abra a boca à força. Nem force engolir a comida.
*Não o engane ou distraia para colocar comida na boca.
*Não se apavore, não grite e nem assuste o bebê se o ele manifesta o pseudo-engasgamento ou gag-reflex.
*A alimentação da família que é oferecida deve ser de alimentos saudáveis. Nada de industrializados, leite de vaca e derivados ou mel antes de 1 ano. 


Fontes: 
Gill Rapley e Tracey Murkett. Baby-Led Weaning: The Essential Guide to Introducing Solid Foods - and Helping Your Baby to Grow Up a Happy and Confident Eater.http://www.rapleyweaning.com/assets/blwleaflet.pdf

UW Integrative medicine. Department of family medicine. An Integrative Approach to Feeding Your Baby: Starting Solids and Baby-Led Weaning (Baby-Led Solids). http://www.fammed.wisc.edu/sites/default/files//webfm-uploads/documents/outreach/im/handout_baby-led_weaning.pdf

WHO Complementary feeding. e-Library of Evidence for Nutrition Actions (eLENA).http://www.who.int/elena/titles/complementary_feeding/en/

Brown A, Lee M. Maternal control of child feeding during the weaning period: differences between mothers following a baby-led or standard weaning approach. Matern Child Health J. 2011 Nov;15(8):1265-71. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20830511?dopt=Abstract

Ministério da saúde. Saúde da criança: Nutrição Infantil. Aleitamento materno e alimentação complementar. Caderno de atenção Básica n° 23. Brasilia. 2010.http://www.sbp.com.br/pdfs/Aleitamento_Complementar_MS.pdf

Sociedade Brasileira de pediatria. Manual de orientação departamento de nutrologia. 3° edição revisada.2012. http://www.sbp.com.br/pdfs/Aleitamento_Complementar_MS.pdf

domingo, 3 de agosto de 2014

Mil dias que valem uma vida (Fapesp)

Introdução de outros alimentos durante a amamentação altera o paladar e aumenta o risco de obesidade
Ricardo Zorzetto
Edição Impressa 179 - Janeiro 2011

Os pais têm uma oportunidade rara de influenciar o desenvolvimento dos filhos e de ajudá-los a se tornarem adultos mais saudáveis. Mas é preciso estar atento e agir rápido. Essa chance surge cedo e dura pouco. Começa na concepção e segue por apenas mil dias – os 270 da gestação mais os 730 dos dois primeiros anos de vida. Em princípio, a possibilidade de fazer uma criança que nasce com boa saúde crescer desse modo e assim permanecer por décadas exige a adoção de medidas aparentemente simples: oferecer proteção e aconchego ao bebê e alimentá-lo adequadamente. A alimentação apropriada inclui uma dieta equilibrada da mãe na gravidez, o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida e, a partir daí, a amamentação acompanhada de água, sucos, chás, papinhas e alimentos sólidos ricos em proteínas, vitaminas e sais minerais, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A receita não é nova, mas pode evitar problemas graves de saúde mais tarde. Experimentos com roedores indicam que a substituição do leite materno por outros alimentos – outros tipos de leite, inclusive – nessa fase do desenvolvimento altera o paladar e instala no organismo um desequilíbrio hormonal que pode durar a vida toda e favorecer o ganho de peso. Já a nutrição correta reduz o risco de desenvolver na idade adulta obesidade e doenças cardiovasculares, atestam estudos populacionais conduzidos em cinco países em desenvolvimento (Brasil, África do Sul, Guatemala, Filipinas e Índia). Ainda segundo esses trabalhos, o aleitamento exclusivo favorece o desempenho intelectual.
Por algumas décadas equipes desses países, entre elas a do epidemiologista brasileiro César Victora, avaliaram regularmente o crescimento de 10.912 crianças. Aquelas que começaram a receber outros alimentos antes dos 6 meses de idade – o que ocorreu antes do terceiro mês com 69% dos bebês da amostra brasileira – acumularam mais gordura corporal ao longo da vida. E quanto mais cedo consumiam papinhas, sucos e outros tipos de leite mais gordura concentravam, o que eleva o risco de problemas no coração e de acidente vascular cerebral, responsáveis por 30% das mortes no mundo, relataram os pesquisadores em setembro no International Journal of Epidemiology. “O que mais influenciou o acúmulo de gordura não foi a duração do aleitamento, mas a precocidade da introdução de outros alimentos na dieta da criança”, afirma Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Há quase 30 anos Victora, Fernando Barros e uma equipe de epidemiologistas acompanham periodicamente a saúde de todas as crianças nascidas em 1982, 1993 e 2004 em Pelotas, município de 330 mil habitantes no extremo sul do país. Esse seguimento de longo prazo, conhecido como coorte, levou Victora e colaboradores de outros países a rever anos atrás o padrão adequado de desenvolvimento até os 5 anos de idade e a propor uma nova curva de crescimento, reconhecida pela OMS em 2006 e adotada por pediatras de mais de 100 países.
As coortes feitas em Pelotas e em outras regiões do mundo mostraram que as crianças que só recebiam leite materno até o sexto mês de vida cresciam em ritmo diferente das que tomavam mamadeira. Bebês que só mamaram ao peito ganharam peso e ficaram mais altos mais rapidamente nos quatro primeiros meses de vida. Depois se desenvolveram mais devagar. “São crianças saudáveis, mas mais magras”, afirma Victora. Já as que receberam leite em pó e outras formulações que tentam imitar o leite humano engordaram mais rapidamente a partir do segundo semestre após o nascimento.

Uma possível explicação para o crescimento acelerado tardio é o consumo de mais calorias que o recomendado. Marina Rea, do Instituto de Saúde (IS) de São Paulo, e Ana Maria Corrêa, da Universidade Estadual de Campinas, verificaram anos atrás que as crianças que recebiam mamadeiras e outros alimentos nos primeiros meses de vida consumiam até 50% mais calorias que o ideal (ver Pesquisa FAPESP nº 123).

“Nunca é demais repetir: o leite materno é o único alimento de que a criança precisa nos primeiros seis meses”, diz Victora. Mais rico em açúcares e gorduras do que o leite de vaca, o leite humano contém ainda níveis adequados de proteínas e outros nutrientes para o bebê, além de mais de uma centena de compostos imunologicamente ativos.

Mesmo assim, não é fácil seguir a indicação da OMS. A participação maior das mulheres no mercado de trabalho, aliada à desinformação sobre como e por quanto tempo amamentar, contribui para que a dieta das crianças mude antes da hora. “Além disso”, conta Victora, “muitos médicos não respeitam a orientação da OMS e introduzem cedo na dieta alimentos desnecessários nessa fase da vida”.
O resultado é que a proporção de mulheres que amamentam exclusivamente ao peito por seis meses no Brasil é baixa, comparada à de outros países. Mas mais alta que a de 10 anos atrás. Hoje 51% das mães alimentam os filhos exclusivamente ao peito nos quatro primeiros meses de vida – eram 36% em 1999 – e 41% amamentam até o sexto mês, segundo levantamento do Ministério da Saúde coordenado pela pediatra Sonia Venancio, do IS. Ainda aquém do desejável, esse índice melhorou muito. Em 1974 metade das crianças recebia só leite materno por 2,5 meses. Esse tempo passou para 14 meses em 2006.

Sonia avaliou dados de 2008 de 34,4 mil crianças de todas as capitais e do Distrito Federal e notou que, apesar da melhora recente, a evolução é lenta. No primeiro mês após o parto 18% dos bebês já tomavam outros líquidos e aos dois meses metade não mamava só ao peito. “Há muito a fazer”, comenta Sonia, que publicou os dados em meados do ano no Jornal de Pediatria.
Os benefícios da alimentação adequada no início da vida não são apenas físicos. Em outro estudo, publicado em fevereiro no Journal of Nutrition, Victora e colaboradores analisaram o desempenho escolar de 7.945 crianças da Índia, da Guatemala, das Filipinas, do Brasil e da África do Sul. As que apresentaram crescimento saudável na gestação, indicador de dieta materna adequada, e nasceram com peso superior ao da média tiveram mais chance de sucesso. Cada 500 gramas a mais de peso ao nascer representaram 2,5 meses a mais de escolaridade na vida adulta e risco 8% menor de repetir uma série. Mesmo as crianças que no parto tinham menos de 2,5 quilos, peso inferior ao desejável, conseguiram bom desenvolvimento intelectual quando, com dieta adequada, alcançaram o ritmo normal de crescimento e recuperaram o peso ideal para a idade até o segundo ano de vida. Nesse período, elas ganharam em média 9 quilos, e cada 700 gramas que cresceram além da média significaram cinco meses a mais de escolaridade.

“Nos dois primeiros anos a criança ainda tem oportunidade de crescer acima da média e se tornar um adulto saudável se, além da amamentação adequada, receber imunização e boa assistência à saúde”, diz o epidemiologista. Nessa fase crucial do desenvolvimento, que Victora chama de “mil dias de oportunidade”, os órgãos ainda se encontram em formação: os ossos estão se alongando, os músculos se fortalecendo e o cérebro ganhando volume (atinge 70% do tamanho final no segundo ano). “A partir do terceiro ano, o crescimento acelerado acarreta o acúmulo de gordura”, explica.
As mudanças que os epidemiologistas observam usando balanças e fitas métricas começam a ganhar uma explicação fisiológica. Experimentos com roedores vêm ajudando a descortinar os mecanismos bioquímicos pelos quais a introdução de outros alimentos no período de amamentação exclusiva leva ao acúmulo de gordura.

Um deles é a mudança no paladar. Em pesquisa orientada por Raul Manhães de Castro e Sandra Lopes de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco, a nutricionista Lisiane dos Santos Oliveira interrompeu a amamentação de um grupo de ratos separando-os da mãe no 15o dia após o nascimento, o equivalente a três meses de vida de um bebê humano, e os deixou comer ração à vontade. Periodicamente, os animais foram pesados e o consumo alimentar foi medido, mas não houve diferença de peso nem de ingestão entre os desmamados cedo e os que receberam leite até o 30o dia de vida.

O contraste só apareceu em um teste de preferência alimentar. Assim que os animais atingiram a idade adulta, os pesquisadores deixaram, simultaneamente, duas dietas distintas à disposição dos ratos por alguns dias: a ração padrão do biotério e outra mais palatável (à base de chocolate e avelã), mais calórica e rica em gorduras. Os dois grupos preferiram a dieta mais saborosa à ração comum. Mas os ratos que pararam de mamar antes comeram bem mais, relatam os pesquisadores em artigo a ser publicado na Behavioural Processes. “Embora não houvesse mudança no peso nem no padrão diário de alimentação dos animais, a preferência por uma dieta mais calórica se manifestou assim que esse tipo de alimento se tornou disponível”, comenta Lisiane. “No longo prazo a preferência por alimentos com alta densidade calórica pode levar a distúrbios metabólicos”, diz a nutricionista.
Outro teste feito pelo grupo de Pernambuco mostrou que os ratos desmamados aos 15 dias, quando adultos, demoravam o dobro do tempo para se saciar. Após breve jejum, eles comiam continuamente por 42 minutos, enquanto os animais que receberam leite materno até o 30o dia davam-se por satisfeitos em 23 minutos. Segundo o trabalho, que será veiculado pela mesma revista, os roedores desmamados cedo apresentaram ainda alterações no padrão diário (circadiano) de consumo de alimentos: comiam mais em momentos do dia ou da noite diferentes daqueles em que os ratos amamentados por mais tempo se nutriam, embora o total fosse semelhante.

Por trás das alterações de com­portamento há mudanças hormonais e metabólicas. Em trabalhos apresentados nos últimos anos no Journal of Endocrinology e no Journal of Physiology, a equipe do endocrinologista Egberto Gaspar de Moura, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mostrou que o desmame precoce al­tera a composição corporal e reduz a sensibilidade ao hormônio leptina, que induz à saciedade e à puberdade (leia texto na página 3).

Adotando um modelo experimental diferente do anterior, o grupo do Rio provocou o desmame antecipado aplicando na rata um composto que impede a produção de prolactina, hormônio que induz a secreção do leite, em vez de tirar os filhotes de perto da mãe. Os animais que desmamaram mais cedo chegaram à idade adulta com peso 10% maior, 40% mais gordura total e até 300% mais gordura visceral (que se forma no interior dos órgãos e é mais nociva). Confirmando o efeito deletério da obesidade visceral, os roedores desmamados antes do tempo tinham níveis sanguíneos mais altos de glicose, colesterol e triglicerídeos e taxas menores de HDL, proteína que retira o colesterol do sangue e evita a formação de placas de gordura nos vasos. Reunidas, essas alterações configuram o que os médicos chamam de síndrome metabólica, condição que potencializa o risco de desenvolver diabetes e problemas cardiovasculares.
Os animais que mamaram menos, quando adultos, também apresentavam níveis sanguíneos de leptina três vezes superior ao normal, observou a equipe do Rio. Apesar da quantidade brutal desse hormônio, que é produzido pelas células de gordura e indica ao corpo a hora de parar de comer, a leptina não produzia efeito nesses animais. Após jejum de 12 horas, os pesquisadores deram leptina a dois grupos de ratos: um amamentado pelo tempo habitual e outro cujo aleitamento fora interrompido. Os roedores do primeiro grupo, como esperado, comeram menos, mas os do segundo seguiram se alimentando – sinal de que não respondiam ao hormônio.

Moura observou ainda outro desequilíbrio hormonal: os ratos desmamados precocemente desenvolveram hipotireoidismo. Eles apresentavam níveis sanguíneos 50% mais baixos do hormônio tireotropina, que ativa a glândula tireoide, produtora de hormônios que estimulam o consumo de energia. Segundo o endocrinologista, o hipotireoidismo pode ser consequência da resistência à leptina. Como a leptina age numa região do cérebro chamada hipotálamo, que comanda a produção de outros hormônios (entre eles a tireotropina), a insensibilidade à leptina pode afetar o funcionamento da tireoide. “Aparentemente essa alteração hormonal e metabólica é um fenômeno de programação epigenética [alteração no funcionamento dos genes]”, diz Moura. Mas ainda é preciso comprovar.
Enquanto não se descobre o que dispara essas alterações e como as controlar de modo eficiente, o melhor é prevenir o problema por meio do aleitamento exclusivo por ao menos seis meses. Em Recife, a equipe da pediatra Sonia Coutinho mostrou que é possível estimular as mães a amamentarem por mais tempo adotando ações baratas, como o treinamento de profissionais da saúde, em especial os agentes comunitários do Programa de Saúde da Família, para orientá-las (ver Pesquisa FAPESP nº 119).

Na Universidade de São Paulo, uma equipe do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) tem uma proposta mais ousada, que não previne as alterações metabólicas associadas ao desmame precoce, mas pode amenizar os problemas de saúde por elas provocados. A sugestão é melhorar a dieta do brasileiro incentivando o consumo de frutas, verduras e legumes, que atualmente é inferior a um quarto do recomendado. Uma das razões do baixo consumo é o preço elevado. Rafael Claro, do Nupens, calculou quanto custaria para as pessoas consumir a quantidade indicada desses alimentos, que deveria corresponder a 12% do total de calorias ingeridas. Como resultado, a dieta ficaria 30% mais cara.
Mas, com redução no preço, mesmo os mais pobres poriam mais vegetais no prato. Em 2007, durante alguns meses, a equipe do Nupens montou no Grajaú, um dos bairros mais pobres da cidade de São Paulo, um ponto que vendia frutas e hortaliças por um preço subsidiado. Como se imaginava, o consumo desses produtos aumentou. “O custo desses alimentos é uma barreira importante ao consumo”, afirma Claro. Como saída, ele propõe que o Estado reduza os impostos sobre esses alimentos e sobretaxe os ultraprocessados, que contêm conservantes, corantes e estabilizantes, além de mais açúcar, gordura e sal. “O dinheiro que o Estado deixaria de recolher”, diz, “seria economizado com a redução em tratamentos de saúde”.

Puberdade antecipada

Ação do hormônio leptina em região do hipotálamo desencadeia o amadurecimento sexual

A neurocientista brasileira Carol Elias deu um passo para desvendar um fenômeno que alarma os médicos norte-americanos: a antecipação da puberdade feminina. Carol e equipe identificaram a região cerebral em que o hormônio leptina age e desperta o amadurecimento sexual. É o núcleo pré-mamilar ventral.
Anos atrás surgiram pistas de que a leptina, secretada por células de gordura e conhecida por reduzir a fome, induzia o desenvolvimento dos órgãos sexuais e a fertilidade. Sem leptina, camundongos e seres humanos não passavam pelas transformações fisiológicas que preparam o corpo para procriar.

Quando esteve na Universidade Harvard, Carol, hoje pesquisadora da Universidade do Texas, ajudou a identificar as regiões cerebrais que produzem receptores de leptina, proteínas às quais o hormônio se liga e estimula o funcionamento dos neurônios. Entre as regiões do hipotálamo que expressam esses receptores, chamou a atenção o núcleo pré-mamilar ventral (NPV), grupo de células que se conecta a uma área cerebral que produz hormônios sexuais.

Mas comprovar que a ação da leptina no NPV induzia a puberdade demorou. Convidada a integrar a equipe de Joel Elmquist no Texas, Carol e os pesquisadores José Donato Júnior, Roberta Cravo e Renata Frazão desenvolveram camundongos geneticamente alterados para, em certas condições, produzir receptor de leptina só nesse núcleo. Segundo artigo publicado em dezembro no Journal of Clinical Investigation, fêmeas inférteis entraram na puberdade com o estímulo da produção desse receptor no NPV.

Há uma explicação: os neurônios desse núcleo acionam células secretoras do hormônio liberador de gonadotrofinas que, por sua vez, ativa a liberação de hormônios sexuais. Esse efeito ajuda a entender por que há mais meninas com 7 e 8 anos de idade na puberdade nos Estados Unidos. “É possível que as taxas mais elevadas de leptina nas crianças obesas estejam estimulando regiões cerebrais que normalmente só seriam ativadas mais tarde”, diz Carol.
> Artigos científicos

1. VICTORA, C.G.; et al. Maternal and child undernutrition: consequences for adult health and human capital. Lancet. v. 371(9.609), p. 340-57. 26 jan. 2008.
2. DE MOURA, E.G. et al. Maternal prolactin inhibition during lactation programs for metabolic syndrome in adult progeny. Journal of Physiology. v. 587(20), p. 4.919-29. 15 out. 2009.
3. OLIVEIRA, L. S. et al. Early weaning programs rats to have a dietary preference for fat and palatable foods in adulthood. Behavioural Processes. No prelo.

sábado, 2 de agosto de 2014

Amamentar não atrapalha a alimentação. Amamentar... É nutrição!

Existe um MITO que diz que a amamentação pode atrapalhar a alimentação da criança, diminuindo seu apetite e prejudicando a aceitação de alimentos.

Mas a VERDADE é que o leite materno é a principal fonte de nutrição do bebê até um ano de idade, e funciona como um suplemento alimentar perfeito acima de um ano.

Por isso, deixe o bebê mamar feliz. O leite materno constitui mais de 70% dos nutrientes que o bebê precisa (1). Até o primeiro ano, os alimentos é que são complementares. Mesmo que o bebê aceite muita comida, sempre precisará mamar, já que os alimentos ainda não são digeridos completamente, e não suprem as necessidade nutricionais tal qual o leite materno.

Na fase de introdução alimentar, o bebê está conhecendo os alimentos, sabores, texturas, tamanhos e cores. O melhor para que o bebê aceite os alimentos nessa fase é deixar ele se divertir e compartilhar a refeição com a família.

Quando comer, como comer e o que comer são comportamentos que aprendemos por imitação(2). Permitir que o bebê compartilhe da experiência de se sentar junto dos pais na mesa e experimentar os alimentos, pegá-los com suas mãos, é o melhor incentivo. Com o tempo, ele vai pegar pequenos pedaços com os dedos, de forma a praticar a motricidade fina, fazendo movimento de pinça com seus dedinhos. Neste momento, os pais podem desafiar o bebê, colocando pedacinhos de cenoura cozidos, ervilhas ou pedacinhos de batata pequenos no pratinho; deixando-o brincar. Mostrar como deve segurar e comer, colocar na sua boca e provar como é gostoso. Melhor ainda é deixar que ele mesmo pegue os alimentos de seu prato! Ele se sentirá feliz de fazer o mesmo que a mamãe faz.

O Ministério da Saúde sugere que o bebê, em torno de um ano de idade, já pode compartilhar a alimentação familiar. E é claro que ela deve ser saudável (3).

Não se preocupe com quantidade - um bebê não precisa de muita comida para se satisfazer, especialmente se for amamentado. Uma colherada de comida engolida já é um motivo de orgulho e comemoração. Não precisa de papinhas especiais. Aproveite a oportunidade de ter um bebê em casa para fazer um 'upgrade' na alimentação familiar: comam todos juntos de forma saudável, assim não precisará preparar duas refeições, poderá fazer apenas uma para todos, e se o bebê decidir não comer, você não se sentirá frustrada por ter gastado tempo preparando uma refeição exclusiva para ele.

É importante também saber que o bebê não tem o mesmo apetite todos os dias, assim como os adultos. Podem existir dias em que ele comerá tudo de bom agrado, e outros em que só vai querer mamar. Tenha paciência, são apenas fases. Se hoje não come, amanhã provavelmente sim. O leite materno é um alimento completo! Continuando a amamentação o bebê não passa fome.

A amamentação deve ser mantida em livre demanda, limitar a amamentação não fará com que o bebê coma, pelo contrário - tornará o processo de introdução alimentar ainda mais difícil. Afinal de contas, amamentar não é só alimentar. Quando você oferece o peito, seu bebê se sente protegido, confortável, seguro e calmo. Negar o peito só vai deixá-lo irritado, e um bebê irritado come menos ainda. A maior armadilha é achar que, limitando as mamadas, o bebê comerá. Com isso, ele apenas se sentirá irritado e confuso, sem entender que você quer que ele coma. Simplesmente vai achar que você está negando o conforto, a segurança e a calma que ele sempre encontrou no peito.

O leite materno não atrapalha a absorção de ferro. Diferente do leite de vaca, o leite materno é completo, na sua composição possui ferro de alta biodisponibilidade(4). A melhor estratégia para que o bebê aceite experimentar novos alimentos, sem ansiedade, é amamentar antes e imediatamente após as refeições. Inclusive, uma boa dica para satisfazer o paladar do bebê é misturar o leite materno na preparação do prato - não ferva o leite materno, só misture-o na comida pronta.

Se o bebê não aceitar um determinado alimento em forma de papinha, pode-se tentar mudar a textura, como, por exemplo, amassar com garfo. Lembre-se que ele está desenvolvendo a mastigação, mesmo que ainda não tenha dentes. Os bebês em fase de introdução alimentar são capazes de mastigar seus alimentos, afinal, a sucção do peito também cumpre a função de preparar para a etapa seguinte (a mastigação).

Por fim, é preciso encarar o processo de introdução alimentar com alegria, respeitando o tempo do bebê, sem obrigá-lo a comer, de acordo com o seu apetite. O que está sendo construindo nesta fase é o relacionamento da criança com a comida; e esse relacionamento, seja bom ou mau, durará para sempre.

(1) http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54367/000295650-02.pdf?sequence=2.

(2) http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?pid=S1645-00862008000200002&script=sci_arttext

(3)http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf

(4) http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S298/port_print.htm

Imagem cedida gentilmente por Jé Bonizzi



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