sábado, 2 de agosto de 2014

Amamentar não atrapalha a alimentação. Amamentar... É nutrição!

Existe um MITO que diz que a amamentação pode atrapalhar a alimentação da criança, diminuindo seu apetite e prejudicando a aceitação de alimentos.

Mas a VERDADE é que o leite materno é a principal fonte de nutrição do bebê até um ano de idade, e funciona como um suplemento alimentar perfeito acima de um ano.

Por isso, deixe o bebê mamar feliz. O leite materno constitui mais de 70% dos nutrientes que o bebê precisa (1). Até o primeiro ano, os alimentos é que são complementares. Mesmo que o bebê aceite muita comida, sempre precisará mamar, já que os alimentos ainda não são digeridos completamente, e não suprem as necessidade nutricionais tal qual o leite materno.

Na fase de introdução alimentar, o bebê está conhecendo os alimentos, sabores, texturas, tamanhos e cores. O melhor para que o bebê aceite os alimentos nessa fase é deixar ele se divertir e compartilhar a refeição com a família.

Quando comer, como comer e o que comer são comportamentos que aprendemos por imitação(2). Permitir que o bebê compartilhe da experiência de se sentar junto dos pais na mesa e experimentar os alimentos, pegá-los com suas mãos, é o melhor incentivo. Com o tempo, ele vai pegar pequenos pedaços com os dedos, de forma a praticar a motricidade fina, fazendo movimento de pinça com seus dedinhos. Neste momento, os pais podem desafiar o bebê, colocando pedacinhos de cenoura cozidos, ervilhas ou pedacinhos de batata pequenos no pratinho; deixando-o brincar. Mostrar como deve segurar e comer, colocar na sua boca e provar como é gostoso. Melhor ainda é deixar que ele mesmo pegue os alimentos de seu prato! Ele se sentirá feliz de fazer o mesmo que a mamãe faz.

O Ministério da Saúde sugere que o bebê, em torno de um ano de idade, já pode compartilhar a alimentação familiar. E é claro que ela deve ser saudável (3).

Não se preocupe com quantidade - um bebê não precisa de muita comida para se satisfazer, especialmente se for amamentado. Uma colherada de comida engolida já é um motivo de orgulho e comemoração. Não precisa de papinhas especiais. Aproveite a oportunidade de ter um bebê em casa para fazer um 'upgrade' na alimentação familiar: comam todos juntos de forma saudável, assim não precisará preparar duas refeições, poderá fazer apenas uma para todos, e se o bebê decidir não comer, você não se sentirá frustrada por ter gastado tempo preparando uma refeição exclusiva para ele.

É importante também saber que o bebê não tem o mesmo apetite todos os dias, assim como os adultos. Podem existir dias em que ele comerá tudo de bom agrado, e outros em que só vai querer mamar. Tenha paciência, são apenas fases. Se hoje não come, amanhã provavelmente sim. O leite materno é um alimento completo! Continuando a amamentação o bebê não passa fome.

A amamentação deve ser mantida em livre demanda, limitar a amamentação não fará com que o bebê coma, pelo contrário - tornará o processo de introdução alimentar ainda mais difícil. Afinal de contas, amamentar não é só alimentar. Quando você oferece o peito, seu bebê se sente protegido, confortável, seguro e calmo. Negar o peito só vai deixá-lo irritado, e um bebê irritado come menos ainda. A maior armadilha é achar que, limitando as mamadas, o bebê comerá. Com isso, ele apenas se sentirá irritado e confuso, sem entender que você quer que ele coma. Simplesmente vai achar que você está negando o conforto, a segurança e a calma que ele sempre encontrou no peito.

O leite materno não atrapalha a absorção de ferro. Diferente do leite de vaca, o leite materno é completo, na sua composição possui ferro de alta biodisponibilidade(4). A melhor estratégia para que o bebê aceite experimentar novos alimentos, sem ansiedade, é amamentar antes e imediatamente após as refeições. Inclusive, uma boa dica para satisfazer o paladar do bebê é misturar o leite materno na preparação do prato - não ferva o leite materno, só misture-o na comida pronta.

Se o bebê não aceitar um determinado alimento em forma de papinha, pode-se tentar mudar a textura, como, por exemplo, amassar com garfo. Lembre-se que ele está desenvolvendo a mastigação, mesmo que ainda não tenha dentes. Os bebês em fase de introdução alimentar são capazes de mastigar seus alimentos, afinal, a sucção do peito também cumpre a função de preparar para a etapa seguinte (a mastigação).

Por fim, é preciso encarar o processo de introdução alimentar com alegria, respeitando o tempo do bebê, sem obrigá-lo a comer, de acordo com o seu apetite. O que está sendo construindo nesta fase é o relacionamento da criança com a comida; e esse relacionamento, seja bom ou mau, durará para sempre.

(1) http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54367/000295650-02.pdf?sequence=2.

(2) http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?pid=S1645-00862008000200002&script=sci_arttext

(3)http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf

(4) http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S298/port_print.htm

Imagem cedida gentilmente por Jé Bonizzi



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