segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O jogo hormonal entre mãe e filho na cama compartilhada

Quando dormem juntos, a mãe, ainda sonolenta, precisa auxiliar o bebê a adormecer no meio da noite após uma mamada. Mas os hormônios tranquilizantes liberados na mãe e bebê na amamentação ajudam a mãe a voltar a dormir (quem não se lembra de sentir relaxada e sonolenta após uma sessão de amamentação né?).

Ou seja, quando se dorme com o bebê geralmente não existem acordadas totais com muito choro, não existe aumento na adrenalina, tentativas de ficar acordada enquanto o bebê mama, tentativas de colocar o bebê que estava quentinho nos braços da mamãe de volta no berço gelado (promovendo mais adrenalina nessa transferência de local e mais choro) e então tentar adormecer novamente, já temendo a próxima chamada para a próxima mamada.

Hormônios do stress são presentes em níveis mais baixos em mães e bebês que dormem juntos, especificamente o balanço do hormônio CORTISOL, cujo controle é essencial para crescimento saudável do bebê.

Em estudos com animais, bebês que permaneceram juntos às suas mães tinham maiores níveis de hormônios do crescimento e enzimas necessários para crescimento do coração e cérebro (Butler, S.R., et al., "Maternal behavior as a regulator of polyamine biosynthesis in brain and heart of developing rat pups", Science, 1978, p 445-447; Kuhn, C.M., et al., "Selective depression of serum growth hormone during maternal deprivation in rat pups", Science, 1978, p. 1035-1036).

Ocitocina sozinha é parte de um balanço hormonal complexo. Um aumento repentino de ocitocina dá motivação ao amor que pode ser direcionado em caminhos diferentes, e por isso existem diferentes tipos de amor (por exemplo, com alto nível de prolactina esse desejo é direcionado aos bebês).

Quando mulheres amamentam, por exemplo, elas recebem altas doces de ocitocina – que estimula reflexo de ejeção do leite e prolactina, que tem um efeito calmante na mãe quando amamenta. Endorfinas, os hormônios do prazer e superioridade também são liberados durante amamentação e encorajam a mãe a repetir a experiência de amamentar. Então endorfinas são transferidas do leite materno para o bebê, dando-lhe um senso de contentamento enquanto amamenta. Considerando que níveis de prolactina são os maiores durante a noite, faz sentido considerar a proximidade com seu bebê à noite um fator importante na elevação de sentimentos de amor que a mãe sente por seu bebê. Talvez, sem a pressão de ensinar os bebês a dormirem a noite toda o quanto antes, mães poderiam apreciar as mamadas noturnas como uma oportunidade extra de ligação com seus bebês.

Observação: como citado, a prolactina (hormônio responsável pela produção do leite) é mais produzida durante as mamadas noturnas. Portanto, é mais do que importante manter e incentivar essa rotina de amamentar nas madrugadas para elevar a produção desse hormônio. Bebês que são levados a dormir a noite toda desde cedo correm o risco de serem desmamados antes do tempo.
Para mães que curtem dividirem as camas com seus bebês, as pesquisas afirmam: toque e proximidade são elementos essenciais no apego entre vocês, o status hormonal que aumenta o apego é mais efetivo durante as mamadas noturnas, amamentação é mais sucessiva e continuada quando mães e bebês dormem juntos (McKenna JJ, Why babies should never sleep alone: a review of the co-sleeping controversy in relation to SIDS, bedsharing and breast feeding, Paediatr Respir Rev. 2005 Jun;6(2):134-52; McKenna JJ, Mosko SS, Richard CA. Bedsharing promotes breastfeeding. Pediatrics. 1997 Aug;100(2 Pt 1):214-9; Mosko S, Richard C, McKenna J, Drummond S, Mukai D.; Mosko S, Richard C, McKenna J. Maternal sleep and arousals during bedsharing with infants. Sleep. 1997 Feb;20(2):142-50.)


Vários estudos mostram que a fisiologia de bebês que dormem com suas mães é mais estável, incluindo temperatura, regulação de ritmos cardíacos e menos pausas na respiração que bebês que dormem sozinhos (Field, T., Touch in early development, N.J.: Lawrence Earlbaum and Assoc., 1995; Reite, M. and J.P. Capitanio, "On the nature of social separation and social attachment", The psychobiology of attachment and separation, New York: Academic Press, 1985, p. 228-238).

Dois dos maiores responsáveis desse coquetel hormonal são Ocitocina, o hormônio das ligações de afeto - também conhecido como “hormônio do amor”, e prolactina um hormônio critico para iniciação da lactação que é chamado frequentemente de “hormônio da maternidade”. Ocitocina está envolvida em seja qual face do amor considerarmos - é liberada durante o sexo e também foi relacionada a evocar comportamento maternal se injetado em cérebros de ratas virgens.

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