quarta-feira, 20 de abril de 2016

Até mesmo o uso ocasional de fórmula tem seus riscos

Revisado e adaptado por: Andréia Freire
Postado originalmente no GVA do orkut por Lislie Andrade, em 04/03/2008
Adaptado do texto “Even the ocasional bottle” de Ann Calandro, RNC, IBCLC


É alto o número de bebês que recebem complemento nos primeiros dias de vida, a grande maioria começa a tomar leite artificial sem real necessidade. Mas o que acontece quando o leite materno não é o único alimento no pequeno intestino do bebê?

Antes de qualquer coisa, é preciso ter em mente que os bebês nascem com o trato gastrointestinal estéril. Se o bebê é amamentado exclusivamente, ele desenvolve uma flora intestinal natural e saudável. Isso significa que a flora principal em bebês amamentados tem um número reduzido de bactérias ruins e um número aumentado de bactérias boas. Bebês alimentados com leite artificial possuem um aumento no número de bactérias ruins, aumentando o risco de doenças.

A introdução da fórmula
O bebê amamentado que recebe fórmula na primeira semana de vida possui um atraso no desenvolvimento de uma flora intestinal saudável, sendo a sua flora mais parecida com a de um bebê alimentado apenas por fórmula. O efeito da amamentação na flora intestinal dos bebês é anulado pela complementação com leite de vaca. Em bebês amamentados que recebem complemento de leite artificial, constatou-se um baixo ph fecal e uma flora dominante de bifidobacteria (bactéria boa) com um período de 2 a 6 semanas de atraso. Não se sabe até que ponto pode ser feita a complementação sem destruir a flora intestinal característica dos bebês amamentados.¹
O colostro ajuda a construir uma barreira mucosa, que protege os bebês contra infecções, além de ser anti-inflamatória. O leite materno protege contra todos os tipos de germes. A mãe natureza com certeza sabia o que estava fazendo.
Demoram muitas semanas para que o intestino dos bebês adquira resistência e desenvolva a capacidade de excluir proteínas alergênicas. Se a fórmula é dada nas primeiras semanas, esse ciclo é atrasado aumentando o risco de alergias e doenças.
Apenas uma dose de fórmula pode sensibilizar bebês que podem ser alérgicos à proteína do leite da vaca (APLV) ou à proteína da soja. Há casos de bebês APLV com severas reações, e alguns pais podem não associar a introdução da fórmula com as reações alérgicas e continuam oferecendo o complemento, colocando o bebê em risco. É importante saber se há casos de alergia na sua família, pois bebês com histórico familiar têm grandes chances de desenvolverem algum tipo de alergia alimentar, sendo a APLV a mais comum. A fórmula não é tão inocente para alguns bebês.
Alguns estudos indicam que dar fórmula precocemente pode também aumentar o risco de algumas crianças desenvolverem diabetes insulina dependente. Além disso a precoce introdução de fórmula prejudica a sucção do bebê no peito, uma vez que o complemento quase sempre é oferecido em mamadeira e acaba colocando em risco o sucesso da amamentação.

Alternativas à fórmula
Por vezes, a adição de fórmulas para lactentes é inevitável por uma variedade de razões. Não há muito que possa ser feito para remediar a situação, alguns hospitais possuem banco de leite humano para bebês que devem receber suplementação alimentar até o leite materno estar disponível. Mas a maioria dos hospitais não os tem.
É necessário que as mães se conscientizem que a diferença entre o leite materno e o leite artificial é grande, e que apesar da indústria vender a ideia de que as fórmulas atuais são tão boas quanto o leite materno, o leite artificial continua sendo muito inferior e jamais será tão completo quanto o leite materno. Algumas mães adicionam a fórmula na esperança que seus filhos durmam mais à noite, porém sabendo-se que apenas uma dose de leite artificial por dia pode mudar completamente a proteção do trato digestivo do bebê, pode-se rever essa prática.
Um grande aumento de doenças diarreicas ocorre em bebês que não tem a flora intestinal intacta. Para preservar a flora do seu bebê seguem algumas dicas:
* Deixe seu pediatra saber que você não quer que o bebê tome qualquer fórmula;
* Se o bebê possui uma necessidade médica de mais leite, ordenhe um pouco de colostro para alimentá-lo com um copo ou colher;
* Coloque uma pequena placa no berço do seu bebê com uma notificação pessoal de que você não quer que ele receba fórmula no hospital.

Caso o seu bebê tenha perdido o intestino virgem, não se desespere. O aleitamento materno exclusivo volta a restabelecer um estado normal saudável.


¹ Lactation:Physiology, Nutrition and Breast Feeding (Hardcover), by Margaret Neville
http://www.bellybeginnings.com/Handouts/EvenTheOccasionalBottle.pdf

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...