Por Zioneth Garcia
A importância do adequado estado nutricional de vitamina A é incontestável, uma vez que ela possui papel fisiológico muito diversificado, atuando no bom funcionamento do processo visual, na integridade do tecido epitelial e no sistema imunológico, entre outros.
Vários estudos epidemiológicos vêm destacando, nas duas últimas décadas, o papel da vitamina A na redução da mortalidade e da morbidade, principalmente por doenças infecciosas. Observou-se que, em populações com alta prevalência de deficiência, o aumento no consumo de vitamina A em crianças reduz o risco de morte, principalmente quando associado à diarréia. A metanálise dos oito principais estudos de intervenção em relação à mortalidade indica que a redução geral na mortalidade foi de 23% em crianças menores de 5 anos.
A magnitude do problema de deficiência de vitamina A no Brasil ainda não tem dados nacionais, mas estudos isolados demonstram que há prevalência maiores de 10% de crianças com níveis de retinol sérico abaixo de 20μg/dL (>0,70μmol/L), condição que caracteriza a hipovitaminose A como problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O valor de vitamina A em equivalente de retinol (EqR) representa o consumo das duas formas dessa vitamina, as quais são representadas pelos carotenoides presentes nos vegetais e a vitamina A propriamente dita, que ocorre naturalmente nos alimentos de origem animal, em grandes proporções no fígado de boi. Nos seis primeiros meses de vida a quantidade de vitamina A presente no leite materno supera as necessidades da criança. Dos seis aos 12 meses, as crianças devem consumir 500μg de vitamina A e, na idade de um a três anos, 300μg. Na tabela estão listados alimentos comumente consumidos pelas crianças e fonte de vitamina A.
Os agentes precursores da vitamina A fazem parte de um grande grupo conhecido como carotenóides ou provitamina A. Estes são considerados como vitamina em potencial, mas não o são na realidade, sendo precursores dietéticos do retinol. Eles fazem parte de um grupo de pigmentos naturais, roxos, alaranjados e amarelos encontrados em plantas e animais.
A melhor fonte de vitamina A para o lactente é o leite materno. Outras fontes principais de provitamina A são as folhas de cor verde-escura (como o caruru), os frutos amarelo-alaranjados (como a manga e o mamão), as raízes de cor alaranjada (como a cenoura) e os óleos vegetais (óleo de dendê, pequi e pupunha). Com relação às frutas, apesar da atividade de vitamina A ser menor do que nas hortaliças, sua melhor aceitabilidade entre as crianças traduz-se em vantagem para as ações de intervenção. Quanto às raízes e aos tubérculos, a maioria dos produtos analisados têm baixa quantidade de carotenóides. A maior parte dos óleos vegetais possui carotenóides, mesmo que em concentrações baixas. As exceções são o óleo de dendê e o de buriti, que são ricos nessa substância.
A maior parte dos carotenóides existentes não possui atividade de vitamina A, apesar de possuírem cores fortes e brilhantes. Este é o caso, por exemplo, dos ovos de galinha, cujos principais pigmentos são a luteína e a zeaxantina, e menos de 7% do total é representado pelo beta-caroteno. O mesmo ocorre em alguns pescados, cujos principais pigmentos são xantófilos, que não tem propriedade de provitamina A.
Veja nessa tabela o conteúdo de Vitamina A de alguns alimentos:
Existem fatores que podem atuar isolada ou conjuntamente na alteração da absorção dos carotenóides, modificando, portanto, sua biodisponibilidade – capacidade de o nutriente estar disponível para utilização pelo organismo. A estrutura química de um carotenóide pode determinar sua atividade de vitamina A. Também a forma na qual o carotenóide se encontra nos alimentos é importante. Ele pode estar ligado a um complexo pigmento-proteína ou a gotículas de gordura, cuja liberação é facilitada. O tempo de cocção do alimento pode ajudar na liberação do carotenóide, mas, caso seja prolongado, pode levar à sua destruição oxidativa. A composição química dos alimentos também pode influenciar, pois a gordura favorece a absorção, pela formação das micelas. Ainda como fatores facilitadores, observa-se a necessidade de bom estado nutricional em relação à proteína e ao zinco e a presença de vitamina E, que atua como antioxidante, protegendo a vitamina A da oxidação.
A ocorrência de deficiência de vitamina A deve ser considerada principalmente em locais com dificuldades de realização de diagnóstico clínico de xeroftalmia e onde existem casos de desnutrição e diarréia freqüentes.
Maiores informações podem ser obtidas na publicação Manual Operacional do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A e no Caderno de Atenção Básica intitulado Carências de Micronutrientes, disponíveis no sítio <http://www.saude.gov.br/nutricao>.
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Fontes:
MINISTÉRIO DA SAÚDE SAÚDE DA CRIANÇA. 2009. Nutrição Infantil
Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Caderno de Atenção Básica, nº 23. Brasília – DF. Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab23>
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2007. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. CARÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES. Cadernos de Atenção Básica - nº 20 Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília - DF. Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab20>
A importância do adequado estado nutricional de vitamina A é incontestável, uma vez que ela possui papel fisiológico muito diversificado, atuando no bom funcionamento do processo visual, na integridade do tecido epitelial e no sistema imunológico, entre outros.
Vários estudos epidemiológicos vêm destacando, nas duas últimas décadas, o papel da vitamina A na redução da mortalidade e da morbidade, principalmente por doenças infecciosas. Observou-se que, em populações com alta prevalência de deficiência, o aumento no consumo de vitamina A em crianças reduz o risco de morte, principalmente quando associado à diarréia. A metanálise dos oito principais estudos de intervenção em relação à mortalidade indica que a redução geral na mortalidade foi de 23% em crianças menores de 5 anos.
A magnitude do problema de deficiência de vitamina A no Brasil ainda não tem dados nacionais, mas estudos isolados demonstram que há prevalência maiores de 10% de crianças com níveis de retinol sérico abaixo de 20μg/dL (>0,70μmol/L), condição que caracteriza a hipovitaminose A como problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O valor de vitamina A em equivalente de retinol (EqR) representa o consumo das duas formas dessa vitamina, as quais são representadas pelos carotenoides presentes nos vegetais e a vitamina A propriamente dita, que ocorre naturalmente nos alimentos de origem animal, em grandes proporções no fígado de boi. Nos seis primeiros meses de vida a quantidade de vitamina A presente no leite materno supera as necessidades da criança. Dos seis aos 12 meses, as crianças devem consumir 500μg de vitamina A e, na idade de um a três anos, 300μg. Na tabela estão listados alimentos comumente consumidos pelas crianças e fonte de vitamina A.
Os agentes precursores da vitamina A fazem parte de um grande grupo conhecido como carotenóides ou provitamina A. Estes são considerados como vitamina em potencial, mas não o são na realidade, sendo precursores dietéticos do retinol. Eles fazem parte de um grupo de pigmentos naturais, roxos, alaranjados e amarelos encontrados em plantas e animais.
A melhor fonte de vitamina A para o lactente é o leite materno. Outras fontes principais de provitamina A são as folhas de cor verde-escura (como o caruru), os frutos amarelo-alaranjados (como a manga e o mamão), as raízes de cor alaranjada (como a cenoura) e os óleos vegetais (óleo de dendê, pequi e pupunha). Com relação às frutas, apesar da atividade de vitamina A ser menor do que nas hortaliças, sua melhor aceitabilidade entre as crianças traduz-se em vantagem para as ações de intervenção. Quanto às raízes e aos tubérculos, a maioria dos produtos analisados têm baixa quantidade de carotenóides. A maior parte dos óleos vegetais possui carotenóides, mesmo que em concentrações baixas. As exceções são o óleo de dendê e o de buriti, que são ricos nessa substância.
A maior parte dos carotenóides existentes não possui atividade de vitamina A, apesar de possuírem cores fortes e brilhantes. Este é o caso, por exemplo, dos ovos de galinha, cujos principais pigmentos são a luteína e a zeaxantina, e menos de 7% do total é representado pelo beta-caroteno. O mesmo ocorre em alguns pescados, cujos principais pigmentos são xantófilos, que não tem propriedade de provitamina A.
Veja nessa tabela o conteúdo de Vitamina A de alguns alimentos:
Existem fatores que podem atuar isolada ou conjuntamente na alteração da absorção dos carotenóides, modificando, portanto, sua biodisponibilidade – capacidade de o nutriente estar disponível para utilização pelo organismo. A estrutura química de um carotenóide pode determinar sua atividade de vitamina A. Também a forma na qual o carotenóide se encontra nos alimentos é importante. Ele pode estar ligado a um complexo pigmento-proteína ou a gotículas de gordura, cuja liberação é facilitada. O tempo de cocção do alimento pode ajudar na liberação do carotenóide, mas, caso seja prolongado, pode levar à sua destruição oxidativa. A composição química dos alimentos também pode influenciar, pois a gordura favorece a absorção, pela formação das micelas. Ainda como fatores facilitadores, observa-se a necessidade de bom estado nutricional em relação à proteína e ao zinco e a presença de vitamina E, que atua como antioxidante, protegendo a vitamina A da oxidação.
A ocorrência de deficiência de vitamina A deve ser considerada principalmente em locais com dificuldades de realização de diagnóstico clínico de xeroftalmia e onde existem casos de desnutrição e diarréia freqüentes.
Maiores informações podem ser obtidas na publicação Manual Operacional do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A e no Caderno de Atenção Básica intitulado Carências de Micronutrientes, disponíveis no sítio <http://www.saude.gov.br/nutricao>.
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Fontes:
MINISTÉRIO DA SAÚDE SAÚDE DA CRIANÇA. 2009. Nutrição Infantil
Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Caderno de Atenção Básica, nº 23. Brasília – DF. Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab23>
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2007. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. CARÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES. Cadernos de Atenção Básica - nº 20 Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília - DF. Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab20>