segunda-feira, 30 de março de 2015

Eu deveria deixar meu bebê dormir comigo?

Este artigo foi retirado do Capítulo 4 do livro de Aletha Solter, "The Aware Baby" - "O Bebê Atento” (edição revisada).

Os indivíduos jovens de todos os mamíferos terrestres dormem em proximidade íntima a suas mães. Durante milhões de anos nos tempos pré-históricos, as crianças humanas provavelmente dormiam com suas mães. Nas tradicionais culturas tribais de hoje a prática de dormir com as crianças ainda é totalmente comum. Porém, nas culturas tecnologicamente avançadas da América do Norte e Europa, esta prática foi amplamente abandonada em favor dos berços. Na maioria das casas, a criança nem sequer dorme no mesmo quarto que seus pais.

Quando e como a prática natural de dormir com as crianças se perdeu na Cultura Ocidental? Durante o século 13 na Europa, os padres católicos foram os primeiros a recomendar que as mães parassem de dormir junto com as crianças.(1) Apesar da razão primária para este conselho ter sido provavelmente o surgimento do patriarcado e o medo de muita influência feminina nas crianças (principalmente nos meninos), a razão alegada para a recomendação era o medo de que se pudesse sufocar as crianças, situação mais conhecida como "overlaying" (rolar por sobre o bebê). Agora já se acredita que na maioria dos casos as mortes de crianças durante a Idade Média foram causadas por doença ou infanticídio. Quando um sufocamento acidental ocorria, era provavelmente porque um dos pais estava sob influência do álcool.

Nos séculos 14 e 15, o conselho de não dormir com as crianças começou a fazer efeito, e os berços eram itens comuns da mobília em quase todas as casas européias em que vivessem crianças.(2) A idade em que os bebês eram colocados para dormir nos berços durante a noite, em lugar de nos braços de suas mães, foi ficando cada vez mais jovem. Após a Revolução Industrial no século 18, a noção de "criança mimada/estragada" foi muito difundida nos países industrializados, e as mães eram advertidas para não pegar muito em seus bebês por medo de se criar monstros exigentes.

Durante o século 20, as crianças das sociedades tecnológicas foram mais separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na história da nossa espécie. Mais e mais nascimentos aconteceram em hospitais, e os berçários nos hospitais foram inventados para proteger as crianças de infecções. Desde o início, esperava-se que os bebês dormissem sozinhos, longe de suas mães. O declínio da amamentação, promovido pela empresas produtoras de leites substitutos, mais tarde contribuiu para agravar esta separação entre mães e bebês. Durante a amamentação, as mães normalmente produzem hormônios (como a oxitocina e a prolactina), que ajudam a criar um forte desejo de ficar perto dos seus bebês. O aleitamento por mamadeira priva as mães dos hormônios e elimina a necessidade da presença da mãe biológica. O resultado de todas estas influências é que, por volta de 1950, pouquíssimos bebês nas nações industrializadas ocidentais dormiam com suas mães.

Não é de se estranhar que os pais começassem a procurar ajuda para toda uma gama de novos tipos de problemas. Os especialistas no campo de educação infantil se viram procurando soluções para bebês que não dormiam bem à noite, para aqueles que batiam suas próprias cabeças, para criancinhas que fugiam de seus berços e continuavam indo até a cama de seus pais, e para crianças que molhavam suas camas ou tinham pesadelos e medo do escuro. Muitos desses problemas ligados ao sono poderiam ser o resultado de se forçar os bebês a dormirem sozinhos.

Quem sabe o crescente aumento da sexualidade e gravidez na adolescência não esteja relacionado com uma necessidade de ser tocado mais do que um verdadeiro desejo por sexo? A expressão "dormir com alguém" implica em fazer sexo. Talvez esta expressão reflita uma necessidade universal não atendida na infância de dormir junto com os pais e receber carinho e toque deles durante a noite.

Felizmente, a prática de dormir com os bebês e crianças pequenas está começando a ser amplamente recomendada e aceita no Ocidente Industrializado, já que os pais estão começando a confiar em seus impulsos naturais de dividir a cama com seus bebês. A partir de 1970 alguns livros começaram a recomendar que os pais dormissem com os bebês. Agora há muitos livros que recomendam a cama compartilhada, mais conhecida como "co-sleeping" ("sono compartilhado").(3)

Os bebês têm fortes necessidades de conexão que pesquisadores científicos estão apenas começando a entender. A necessidade de contato físico, tanto de dia como de noite, é uma necessidade vital e legítima durante os primeiros anos. Anna Freud, a filha de Sigmund Freud, reconheceu isso quando escreveu: "É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo e aquecedor com o corpo de outra pessoa enquanto pega no sono.... A necessidade biológica do bebê pela presença constante dos cuidados de um adulto é desconsiderada em nossa cultura ocidental, e as crianças são expostas a muitas horas de solidão devido ao conceito equivocado de que é saudável para o jovem dormir ... sozinho." (4)

Alguns especialistas em educação infantil defendem que os bebês nunca vão querer sair uma vez que tenham sido levados para a cama dos pais. Isto pode ser verdade durante os primeiros anos quando as crianças precisam de intimidade e segurança. Porém, não precisamos forçar as crianças a ficarem independentes. Isto ocorre naturalmente quando a criança supera suas necessidades de bebê.

O forte desejo dos bebês humanos de dormir junto de suas mães deve ter sua base em nossa história evolutiva. No estágio em que nossa espécie se ocupava da caça, os bebês deviam ser extremamente vulneráveis a predadores e ao clima frio, especialmente à noite. Os bebês que temiam o escuro e se recusavam a dormir sozinhos tinham melhores chances de sobreviver do que os bebês que não reclamavam quando eram deixados de lado. Então houve uma forte pressão seletiva em favor desses medos.(5) Apesar dos predadores não serem mais uma ameaça, e de termos casas aquecidas, os reflexos, instintos e necessidades do bebê humano moderno ainda estão ligados ao estilo de vida do estágio da caça. As mudanças culturais ocorreram muito rapidamente para que tivessem um grande impacto na composição genética da nossa espécie desde aquela época...

Pesquisadores estudaram os padrões de sono e as ondas cerebrais dos bebês que dividem a cama com suas mães, comparados aos que dormem sozinhos. Os bebês que dormem com as mães despertam mais vezes e também ficam menos tempo em sono profundo do que os bebês que dormem sozinhos. Isso se deve provavelmente aos sons e movimentos da mãe durante seu próprio sono.(6)

Este estímulo durante a noite foi sugerido como uma possível proteção contra a síndrome da morte súbita infantil (SIDS). Uma teoria para a causa da SIDS é que as crianças dormem tão ruidosamente que são incapazes de despertar a si mesmas e continuar respirando durante um episódio de apnéia.(7) Estudos comparativos entre várias culturas mostraram que, nas culturas em que os bebês são pegos no colo regularmente e em que as mães dormem com as crianças, a média de incidência de SIDS é mais baixa comparada às médias das culturas em que estas práticas não são seguidas.(8) Os pesquisadores não estão dizendo que dormir sozinho causa SIDS, mas sugerem que deixar o bebê dormir com a mãe pode ser um fator de proteção para as crianças que têm o risco de morrer de SIDS.

Dormir com seu bebê pode exigir tempo de adaptação, mas com um pouco de insistência, dividir a cama pode se tornar um prazer para todos. Entretanto, se isso não funcionar bem para você, então pelo menos você pode proporcionar a intimidade física a seu bebê até que ele adormeça, e pode atendê-lo prontamente quando ele acordar durante a noite.


Referências

1. Renggli, F. (1992). Selbstzerstörung aus Verlassenheit: Die Pest als Ausbruch einer Massenpsychose im Mittelalter. Rasch und Röhring Verlag.

2. Renggli, F. (1992). (See 1)

3. Thevenin, T. (1987). The Family Bed: An Age Old Concept in Childrearing. Wayne, NJ: Avery Publishing Group, Inc. (First published in 1976). Sears, W. & Sears, M. (1993). The Baby Book: Everything you Need to Know About Your Baby from Birth to Age Two. Little, Brown & Company. Granju, K.A. & Kennedy, B. (1999). Attachment Parenting: Instinctive Care for Your Baby and Young Child. Pocket Books.

4. Freud, A. (1965). Normality and Pathology in Childhood. New York: International Universities Press.

5. Scott, J.P. (1967). The process of primary socialization in canine and human infants. In J. Hellmuth (Ed.), Exceptional Infant. Vol. 1: The Normal Infant. Seattle: Special Child Publications.

6. Mosko, S., Richard, C., & McKenna, J. (1997). Infant arousals during mother-infant bed sharing: implications for infant sleep and sudden infant death syndrome research. Pediatrics, 100(5), 841-849.

7. Mosko et al. (1997). (See 6)

8. Rognum, O.T. (1995). Sudden Infant Death Syndrome: New Trends in the Nineties. Oslo, Norway: Scandinavian University Press.

Segurança para Compartilhar a Cama

As seguintes dicas de segurança se aplicam a qualquer pessoa que compartilhe a cama com um bebê (não apenas a mãe).
  • Não use nenhum tipo de droga que possa afetar seu sono (álcool, tranquilizantes, antidepressivos, drogas ilegais, etc.).
  • Nunca fume no quarto onde um bebê dorme.
  • Use um colchão firme. Não durma com seu bebê em um colchão macio ou colchão d'água, puff, ou sofá.
  • Tome precauções para que seu bebê não caia da cama.
  • Evite fendas entre a sua cama e a parede. Tenha certeza de que há um encaixe perfeito entre o colchão e a parede e a cabeceira, e use protetores acolchoados, como no berço.
  • Nunca coloque o bebê em um travesseiro.
  • Sempre coloque seu bebê para dormir de costas.
  • Não use edredons.
  • Não coloque na cama nenhum bichinho de pelúcia (ou de verdade!).
  • Não durma com seu bebê se você está obeso.
  • Prenda o seu cabelo se ele for muito longo.
  • Não deixe seu bebê compartilhar a cama com outra criança.
  • Não coloque seu bebê próximo a cortinas com cordões pendurados.
  • Nunca deixe seu bebê sozinho em uma cama de adulto. 

Este texto pode ser lido, original em inglês, em http://www.awareparenting.com/sleep.htm
Tradução: Andreia Mortensen

Tudo Sobre o Choro dos Bebês

De "Soluções para noites sem choro" - https://www.facebook.com/solucoes.noites.sem.choro?fref=ts

“Por que os bebês choram?

Há cerca de 1,5 milhões de anos, os ancestrais dos humanos caminharam em duas pernas pela primeira vez. Isso deixou os braços livres para realizar tarefas complexas e, com o tempo, a inteligência desenvolveu-se mais. A mudança para o bipedalismo significou que a pelve humana tornou-se mais estreita e, como as capacidades intelectuais aumentaram, o cérebro tornou-se maior. A solução evolucionária a respeito do parto foi fazer com que o bebê humano nascesse muito imaturo, porque de outra forma a cabeça grande não passaria pelo canal estreito da pelve materna. Esta imaturidade significa que os bebês humanos precisam completar grande parte do seu desenvolvimento fora do útero. Sigmund Freud estava certo quando disse que o bebê humano chega ao mundo “inacabado”. Você precisa pensar no seu recém-nascido como um “feto fora do útero”.

Sim, seu bebê é imaturo. Sim, ele é muito sensível. Sim, ele é muito vulnerável ao estresse.

Seu bebê vai chorar por muitas razões. Ele vai chorar porque está cansado ou faminto ou muito estimulado por demasiada distração dos adultos. Ele passa facilmente de um estado de medo do perigo ou choque – choque se o ambiente está muito claro, muito frio, muito quente, muito hostil, muito agitado. A amídala na parte inferior do cérebro, que funciona como um detector de provável perigo funciona perfeitamente a partir do nascimento.

Imagine o mundo do bebê. Como ele pode saber que aquele liquidificador barulhento não é um predador que virá atacá-lo? Como ele pode lidar com o estresse de ser despido e mergulhado na água quando você o coloca no banho?

A princípio, pode ser difícil descobrir o que o choro significa

Com o tempo, você será capaz de decifrar os choros cada vez com mais precisão. Você aprenderá, por exemplo, diferenciar um choro de fome de um choro de cansaço. Tendo dito isso, haverá ocasiões em que você não saberá o porquê do choro. Isso não importa. O que importa é que você acalme seu bebê e que você tenha consciência mental e emocional para ouvir o choro e considerar seriamente o pânico e a dor do seu filho.

Por quanto tempo esta choradeira persiste?

Os três primeiros meses são geralmente os piores. O choro costuma ter um pico quando o bebê está entre 3 e 6 semanas de vida e depois diminui por volta de 12 a 16 semanas. Sheila Kitzinger sugere que o choro diminui por volta dessa idade porque é quando os bebês são mais móveis e podem segurar objetos, brincar com eles, então eles não mais choram por tédio ou frustração.
  
Bebês mais velhos e crianças entre 18 meses a 4 anos ainda choram quando estão com frio, com fome, cansados, doentes, embora o choque neste mundo tenha dramaticamente diminuído. Mas eles são inundados de sentimentos novos. Eles sofrem com os episódios de pânico pela ansiedade de separação e tornam-se cada vez mais claros a respeito dos seus gostos e desgostos, sobre o que os amedronta e o que os desagrada. Na criança pré-verbal, o choro geralmente significa “não”. “Não, eu não quero que você me tire do seu colo, faz com que eu fique em pânico”. “Não, eu não quero ir no colo de um estranho, eu estava tão bem nos seus braços.” “Não, eu detesto como este casaco arranha minha pele”.

Toda esta resposta de pânico significa altos níveis de substâncias químicas inundando o cérebro do bebê

Estas substâncias químicas não são por si sós perigosas, mas é um caso diferente se elas permanecem circulantes no cérebro por períodos prolongados de crises de choro e ninguém considera seriamente o pânico do bebê e oferece-lhe conforto. Distanciar-se emocionalmente do estresse da criança, não importa o que dizem os livros sobre treinamento para o sono – ou até pior, responder com raiva ao choro do bebê (embora algumas vezes você sinta assim) – nunca é apropriado.

Choro Prolongado

Vamos deixar claro – não é o choro por si só que pode afetar o desenvolvimento do cérebro do bebê. Não é. É o estresse prolongado, ignorado, não confortado. Então não estou defendendo que você corra para o seu filho assim que o lábio inferior comece a tremer ou após um curto protesto de choro que dura poucos minutos (talvez porque ele não tenha recebido sua bala favorita). O choro prolongado é aquele que qualquer pai e mãe sensíveis (ou qualquer pessoa que seja sensível à dor alheia) irá reconhecer como um pedido desesperado de ajuda. É o tipo de choro que dura e eventualmente pára quando a criança está completamente exausta e cai no sono ou, num estado de falta de esperança, deduz que a ajuda nunca chegará.

Se um bebê é deixado chorando com frequência, o sistema de resposta ao estresse no cérebro pode ser afetado para o resto da vida

Existem muitos estudos científicos em vários locais do mundo mostrando como estresse no início da vida pode resultar em mudanças negativas no cérebro do bebê. Uma criança que é abandonada chorando por longos períodos pode desenvolver um sistema de resposta ao estresse que seja super sensível e que vai afetá-la para o resto da vida. Isso pode significar que muito frequentemente a percepção dela sobre o que está acontecendo à sua volta será permeada por um senso de ameaça e ansiedade, mesmo quando tudo está perfeitamente seguro.
  
Um bebê pode manipular ou controlar os pais através do choro?

Pais podem se perguntar se o bebê deles está usando o choro para manipulá-los, especialmente quando ouvem comentários dos seus amigos e parentes bem intencionados, como “Simplesmente o deixe chorar. Ele está tentando controlar você. Ceda agora e ficará arrependido depois.” Nós agora sabemos que isso é impreciso em termos neurobiológicos.
Para controlar um adulto, um bebê precisa do poder de pensamento claro e, para isso, ele precisa da substância química cerebral glutamato trabalhando bem nos seus lobos frontais. Mas o sistema de glutamato não está apropriadamente estabelecido no cérebro do bebê, então isso significa que ele não é capaz de pensar muito acerca de coisa nenhuma, que dirá manipular os pais.
Alguns pais ficam alheios à dor do filho, e escutam o choro como “é só um choro”. Isso pode ser resultado da forma como foram criados. Uma vez que ninguém respondeu quando eles eram bebês, eles são agora incapazes de sentir o desconforto do filho.

O que está acontecendo no cérebro do bebê?

Pais responsáveis nunca deixariam um bebê numa sala cheia de fumaças tóxicas que poderiam danificar o cérebro da criança. Ainda assim, muitos pais deixam seu bebê num estado de estresse prolongado, desassistido, desconhecendo que ele está sob risco de níveis tóxicos de substâncias químicas inundarem seu cérebro.
Gerações antigas deixavam o bebê chorando porque acreditavam que “exercitava os pulmões”, sem a menor ideia do quão vulnerável ao estresse é o cérebro de um bebê. Num bebê que chora, o hormônio do estresse cortisol é liberado pelas glândulas adrenais. Se a criança é confortada e acalmada, o nível de cortisol diminui novamente, mas se a criança é deixada chorando, o cortisol permanece alto. Isso é uma situação potencialmente perigosa, porque depois de um período prolongado, o cortisol pode atingir níveis tóxicos que podem danificar estruturas-chaves e sistemas no cérebro em desenvolvimento. O cortisol é uma substância química que pode permanecer no cérebro em altos níveis por horas e, em pessoas clinicamente deprimidas, por dias ou até semanas.”

Do livro The Science of Parenting, de Margot Sunderland, 2006.
Tradução de Flávia O. Mandic.

Leituras adicionais:

Sobre as substâncias químicas que inundam o cérebro do bebê em condições de choro e estresses prolongados
Estresse na infância - Choro excessivo no bebê e cortisol


sexta-feira, 27 de março de 2015

Alternativas à mamadeira


Muitas mães pensam que na volta ao trabalho, ao deixar o bebê aos cuidados de terceiros ou na introdução de outros líquidos (leite artificial, água, sucos, etc), a mamadeira é a única opção, mas ela está longe de ser a única e é, de longe, a PIOR opção para a manutenção do aleitamento materno e para a formação da musculatura orofacial do bebê.
A mamadeira causa confusão de bicos, pois o movimento que o bebê faz na mamadeira é diferente do que o bebê faz no peito. Por consequência, o bebê desaprende a mamar, prejudicando a produção de leite e podendo passar a rejeitar o peito.
 

Existem algumas opções seguras para se oferecer o LM ou outros líquidos, sendo a mais barata e acessível, o copinho de cachaça. Adotar estas alternativas parece algo desafiador, afinal, a cultura do desmame está arraigada no senso comum, depois de décadas de um exaustivo trabalho de marketing promovido pela indústria de leites artificiais. Na prática, sabe-se que oferecer líquidos para o bebê que não no peito demanda um pouco de treinamento da dupla cuidador-bebê e muitas vezes é mais desafiador para o cuidador do que para o bebê.

O movimento de sorver o leite com a língua é inato e é o mesmo utilizado para ordenhar o peito, portanto, se o líquido for oferecido da forma correta, em pequenos goles despejados na boca do bebê ou apenas encostado na língua, o processo se desenrola de forma relativamente simples e, com a prática, tudo passa a ser tão natural que é como se os bebês tivessem nascido sabendo! Ao sorver os leite desta forma, o bebê exercita a musculatura que utilizará para a mastigação, gozando de um melhor desenvolvimento orofacial, que traz benefícios à fala, nutrição e respiração.
 

O risco de engasgo ao se oferecer líquidos fora da mamadeira também é menor, já que o bebê passa a ter maior controle da quantidade ingerida e permanece com a boca desobstruída para eventualmente colocar pra fora alguma quantidade a mais que tenha caído na boca.
Voltar ao trabalho e manter o aleitamento é possível e é a opção mais barata para a família e saudável para o bebê, que pode receber um alimento de menor custo e melhor qualidade na ausência da mãe. Para isto, sugerimos que a mãe comece a se organizar com antecedência, fazendo o seu estoque de LM (leite materno) e adaptando o bebê ao novo cuidador e a receber o leite em uma das alternativas a seguir.




Copo ou xícara de vidro



São a primeira opção porque nelas o bebê não vai sugar, mas sim sorver o líquido usando a língua como fazem os gatinhos. Aos poucos, o bebê também vai aprendendo a manusear o copo da forma como fazem os adultos, ou seja, dando goles maiores com ajuda dos lábios, empurrando o líquido para a garganta com ajuda da língua.
Devem ser preferencialmente, mas não necessariamente, transparentes. A transparência serve para que o cuidador possa observar se o bebê está posicionando corretamente a língua e se o lábio inferior fica virado para fora, e quanto de líquido há dentro do recipiente.
Podem ser pequenos, como copos de cachaça ou xícara de café, ou maiores, como copos de requeijão ou xícaras de chá. Por serem de fácil acesso (praticamente todas as pessoas já os tem em casa), o cuidador pode testar os diferentes modelos para descobrir ao que melhor se adaptam.
São preferíveis os de vidro ou louça por serem mais fáceis de higienizar e esterilizar.


Copos diferenciados sem bico


São os copos chamados 360º, possuem uma válvula de silicone em que o bebê pressiona a tampa com o lábio superior e o líquido sai sem necessidade de sugar. Estes são menos acessíveis, mas são boas opções por não se proporem a imitar o bico do peito, ao mesmo tempo, não envolvem movimento de sucção.
A limpeza deste tipo deve ser feita cuidadosamente, algumas marcas possuem peças difíceis de higienizar.
Existem também copos de treinamento no estilo do 360, porém sem válvula (ver imagem). Nestes, há uma tampa abaixo de onde o bebê coloca a boca, que serve somente para controlar o volume liberado. O uso é similar ao uso do copo comum, apenas o volume de líquido liberado é menor. Esta tampa intermediária pode ser retirada. Os copos térmicos para café são alternativas similares, conforme imagem.


Colher comum ou colher-dosadora 


Também não precisam envolver sucção do bebê durante o uso.
A colher dosadora tem a vantagem de já armazenar dentro de seu corpo o leite que será oferecido, enquanto a colher comum precisará ser continuamente enchida, conforme o bebê terminar cada dose, até conseguir tomar o total de leite separado para aquele horário de alimentação.
A colher comum é de fácil acesso, por ser encontrada em praticamente todas as casas, o cuidador pode também testar os diferentes modelos e formas de oferecer, sem risco de desperdiçar muito leite.


Copo de treinamento com bico duro, sem a válvula 


Esta é uma das opções menos segura, deve ser utilizada somente para treinamento e nunca deve ser utilizada pelo bebê sozinho.
Nele, apesar do bebê iniciar o processo apenas engolindo o leite derramado na sua boquinha pelo cuidador, aos poucos percebe que pode sugar para aumentar o fluxo ou mesmo morder o bico. O uso diário, constante e por tempo prolongado pode acabar acarretando em problemas na formação da arcada dentária e fazendo com que o bebê repita estes movimentos no seio, prejudicando a pega, causando dor durante a amamentação ou aumentando a quantidade e força das mordidas no seio. Ainda, pode deixar o bebê eventualmente irritado ao seio pela demora em descer o leite.
Assim, recomenda-se que esta opção seja utilizada como alternativa somente enquanto o bebê aprende a utilizar outras formas mais seguras e deve ser sempre manuseado pelo cuidador, que deve derramar pequenos goles na boca do bebê, evitando que ele sugue ou morda o bico.
Se o copo possuir válvula anti-vazamento, ela deve ser retirada, para que não haja confusão entre a forma de sugar o peito e a forma de sugar o copo (com a válvula o bebê acabaria precisando sugar com força para o leite sair).
Recomenda-se, também, que o vácuo seja diminuído para desestimular que o bebê sugue - sem vácuo, o líquido sai mais facilmente sem necessidade de sucção e a sucção torna-se ineficaz. Alguns copos já possuem este vácuo reduzido, mas isto pode ser feito furando a tampa no lado oposto ao bico, com algum objeto metálico pontudo aquecido (como um clipe de papel).


Seringa ou conta-gotas 


Também não são opções totalmente seguras, por isto, recomenda-se que sejam utilizadas em situações emergenciais e por curtos períodos, somente enquanto se treina para que o líquido seja oferecido em uma outra alternativa.
A seringa ou o conta-gotas devem ser colocados no canto da boca, apontando para a bochecha. O posicionamento desta forma é importante para que o bebê não sugue o líquido, por isso, nuca devem ser colocados entre os lábios ou no meio da boca. O cuidador deve apertar levemente o êmbolo da seringa ou liberar o líquido do conta-gotas aos poucos, aguardando o bebê engolir antes de depositar uma nova quantidade na boca.
Não se deve oferecer o leite (materno ou artificial) na seringa ou conta gotas em associação com o ato de sugar o peito ou até mesmo o dedo. A associação entre a sucção e o fluxo da seringa/conta-gotas pode fazer o bebê começar a rejeitar o peito, por estranhar o fluxo inconstante e mais lento.
No geral, tanto a seringa quanto o conta-gotas são descartáveis, mas existem modelos que podem ser reutilizados. Neste caso, siga as orientações do fabricante para fazer a higienização. 


Obs.: os preços foram consultados pela internet em sites de venda online. Procuramos pelos modelos mais simples, então os valores podem ser diferentes se a opção escolhida tiver mais detalhes, desenhos de personagens infantis etc. e também levando em conta a variação de preços de acordo com a região do país.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Diferenças do sono do bebê que é amamentado para o que toma LA

Novo estudo prova que não há diferenças. A crença que mães que amamentam tem que fazer mais sacrifícios não se mostrou verdadeira.
É comum acreditar que um dos sacrifícios que mães tem que fazer para amamentarem seus bebês é terem pior qualidade de sono. Mas novas pesquisas sugerem que isso é mito.
O estudo, publicado em 8 de novembro no periódico científico Pediatrics, descobriu que as mães dormiam em média o mesmo, não importando se amamentam ou dão LA. A autora principal do estudo, Hawley Montgomery-Downs, Professora assistente de Psicologia e coordenadora do Programa de Neurociências do comportamento na Universidade de West Virginia, mostra que absolutamente não há diferenças na qualidade do sono materno baseados em como os bebês são alimentados.
Os pesquisadores coletaram dados de 80 mães do início da segunda semana de vida do bebê até o final da 12a. semana, e foram divididas em 3 grupos: 27 amamentando exclusivamente por pelo menos 12 semanas, 18 que deram LA exclusivamente por pelo menos 12 semanas e 35 que usaram ambas formas de alimentação.
As mães usaram um instrumento parecido com relógio (actigrafo) para registrar seus movimentos e usaram um equipamento PDA para analisar sua qualidade de sono, registrar quantas vezes elas acordaram no meio da noite e por quanto tempo permaneceram acordadas. Com isso obtiveram um diário de sono com relato da qualidade de seu sono e o número de acordadas durante a noite e quando se sentiam sonolentas durante o dia.
Surpreendentemente, os dados revelaram que os 3 grupos tiveram a mesma quantidade de sono - cerca de 7.2 horas por noite.
Então, apesar dessas mães não estarem tecnicamente deprivadas de sono, elas estão legitimamente deprivadas de sono de qualidade. Isso se chama “sono fragmentado”, que não é uma desordem do sono, diz Montgomery-Downs. “Isso é o que mães de bebês novinhos fazem.”
Como pode ser possível que não há diferença na quantidade de sono total? Se demora mais tempo para o leite artificial ser digerido e portanto eles acordam menos frequentemente, como suas mães não estão dormindo mais? Talvez é porque as mães que amamentam estão amamentando dormindo? Ou porque as mães que dão LA tem que acordar completamente para preparar a mamadeira? Ou uma combinação dos dois?
Montgomery-Downs diz: "Não posso dizer exatamente porque não houve diferenças, mas as mulheres que amamentam talvez não tiveram os mesmo níveis de despertares quanto as mulheres que levantaram para preparar mamadeiras. Pode ser que as mães que amamentam se mantiveram no escuro e conseguiram adormecer mais facilmente, já que LM contém o hormônio prolactina, que pode ter efeitos indutores de sono no bebê. Pode ser que os bebês amamentados acordam mais mas as mães estão adormecendo mais rapidamente. Pode ser também que elas amamentam dormindo. Mas não sabemos se as mães estão fazendo cama compartilhada, essa será uma próxima extensão de nossa pesquisa".
Qualquer que seja a razão, esse estudo é obviamente uma boa notícia para os que apoiam amamentação. Sim, eu me pergunto: quantas mães desistem de amamentar - ou nem tentam - porque acreditam que iriam dormir mais com o uso da mamadeira?
Mas amamentação é tão importante para saúde de ambos mãe e bebê que fatos reais sobre o sono nessas condições precisam ser esclarecidos. Montgomery-Downs diz que as mulheres não poderiam simplesmente se sentir obrigadas a amamentar e fazerem o sacrifício de menos sono.
Além disso, enquanto estava entrevistando as mães que participaram do programa, Dr. Heinig descobriu que muitas trocaram a amamentação por LA ou cereal, acreditando que os bebês acordavam a noite e choravam por fome, porque não tinham LM suficiente.
Ela decidiu então preparar folhetos para dar para os pais com explicações de quão frequente os bebês acordam a noite - 3 ou 4 vezes nas primeiras 8 semanas pelo menos, e porque eles choram.
Seu estudo inovativo que durou 3 anos descobriu que as mães que tinham essas informações sobre seu comportamento natural amamentaram seus bebês exclusivamente por pelo menos 4 meses, e a porcentagem de crianças obesas diminuiu.
Finalmente, Dr. Montgomery-Downs diz: "A Academia Americana de Pediatria recomenda amamentação, então considere os riscos e benefícios de amamentar x dar LA".

Mas não faça sua decisão baseada no velho mito de que irá dormir melhor com LA. Os primeiros meses serão difíceis, amamentando ou não, então pese outras coisas, como a saúde do seu bebê. Não use um ‘bom sono’ como razão para desmamar seu bebê, porque o sono não melhorará com o desmame."

Pais poderiam ajudar levantando e dando uma mamadeira ao bebê com LM ordenhado. Mas no estudo nenhuma das mães relataram esse tipo de participação dos pais, mesmo que os bebês estivessem tomando LA. *
Recentemente há ímpetos nos EUA para angariar mais apoio para a amamentação, e talvez esse estudo ajude. Como o mito de que bebês que amamentam dormem menos que bebês que tomam LA foi derrubado, os autores acreditam que os esforços de encorajar amamentação nos EUA deve incluir informação sobre sono.

Montgomery-Downs diz, "As mulheres devem saber especificamente que a opção de dar mamadeira ao bebê não significa necessariamente sono melhor. Os riscos de não amamentar o bebê devem ser levados em consideração contra a falta de evidência de que o LA melhora a qualidade de sono."

Montgomery-Downs considera os resultados do estudo bons e objetivos para afastar conselhos não solicitados de profissionais da saúde, amigos e sogras que sugerem o LA como solução para o sono.

“Isso deve ser tranquilizante para as mães que amamentam” ela diz. “Desmame não é a solução!”


PS:
* mamadeiras (independente do conteúdo) podem causar confusão de bicos e desmame precoce. Não recomendamos essa dica então na comunidade.

** faltou citar que mães que amamentam e fazem cama compartilhada (atentando para as regras de segurança da CC) tem melhor qualidade de sono sim, salvo algumas exceções. Agora é aguardar se farão um estudo com esse tipo de variável.


Tradução: Andréia C. K. Mortensen

E foi publicado em português:


quarta-feira, 18 de março de 2015

O que acontece com os músculos bucais quando um bebê usa qualquer bico artificial (chupetas, mamadeiras, bicos de silicone)

Por Fernanda Rezende Silva e Zioneth Garcia

Muitas pessoas não entendem porque a chupeta pode causar desmame, afinal chupeta não serve para alimentar o bebê como a mamadeira. Vamos fazer uma comparação para entender o que acontece nestes casos.
Imagine que você é um atleta que pratica o esporte EXP e você precisa malhar a panturrilha para conseguir o máximo de performance no seu esporte. Ok, você sabendo disso vai investir na malhação da panturrilha, mas num belo dia você pensa "vamos engrossar a coxa", aí você começa a malhar a coxa também. Deu certo, você não viu nenhum prejuízo imediato, aí você pensa "vou continuar". Não dá para dobrar o tempo de malhação (seria esforço demais) então ao aumentar o tempo da coxa automaticamente você diminui o da panturrilha. Nisso se passam algumas semanas e você está feliz malhando cada vez mais a coxa e menos a panturrilha. O problema é que depois desse tempo sua performance no esporte diminuiu - você começa a ficar preocupado, procura consultorias esportivas e ouve o que já sabia mas achava que não iria acontecer com você: "precisa malhar SÓ a panturrilha, investir todo seu esforço nela, senão os músculos dela vão perdendo a força e logo você não vai mais conseguir exercer o esporte EXP". 
Você resolve voltar a exercitar só a panturrilha, investindo todo o seu tempo de malhação nela e... Sente MUITA dor, afinal os músculos dela estavam sendo pouco exercitados. Você chora de dor, de arrependimento, e neste momento você precisa tomar uma decisão importante: vencer a dor, voltando a malhar a panturrilha com dedicação, ou desistir do seu esporte. Você que é adulto, consciente, pode se forçar a esse trabalho e tem chances de corrigir o problema - agora pense: e se fosse um bebê? 
O esporte descrito acima não existe, mas a situação pode acontecer: se você deixar de exercitar um músculo ele perde o tônus e aí quando for preciso usar este músculo novamente você pode ter dificuldade ou até mesmo sentir dor. A comparação que queremos fazer é com o uso por bebês de bicos artificiais (mamadeiras, chupetas e bicos de silicone) e a sucção do peito. Quando um bebê suga o peito da mãe ele está exercitando principalmente os músculos usados na mastigação, movimentando toda a mandíbula (imagine você pronunciando a sílaba AE - é este movimento que o bebê faz para sugar no peito). Quando um bebê suga bicos artificiais ele exercita os músculos usados ao assoviar - um grupo restrito que apenas consegue realizar um movimento curto (imagine você pronunciando a sílaba UI - é este movimento que o bebê faz para sugar bicos artificiais). Cada vez que o bebê suga um bico artificial ele está deixando de sugar o peito, ou seja, ele está investindo seu esforço de sucção nos músculos errados. Aos poucos o bebê começa a ter dificuldades em sugar o peito da mãe, porque os músculos envolvidos nesta tarefa estão caindo em desuso. Aí a mãe pensa: "mas eu continuei oferecendo o peito!". Ok, mas é claro que se o bebê usa qualquer outro bico ele passa menos tempo no peito do que deveria, e o estímulo dos músculos da sucção do peito vai diminuindo. Chega um momento em que o bebê começa a sugar o peito como se fosse a mamadeira/chupeta - ele pode até obter algum leite mas não faz uma mamada efetiva. Os músculos envolvidos na sucção do peito vão cada vez mais perdendo o tônus até que chega um momento em que mamar no peito se torna uma tarefa muito difícil - o bebê demonstra esta dificuldade rejeitando o seio.
Se entendemos esta questão dos músculos fica mais fácil compreender porque bebês que só usam chupeta (não usam mamadeira) também desmamam, ou seja, a chupeta sozinha é capaz de causar desmame, já que ela também provoca essa alteração de músculos trabalhados. Isso também explica porque mamadeiras não devem ser usadas nem para tomar água: o problema da mamadeira não é o conteúdo, é o tipo de sucção incorreto que ela provoca.
Ao entender que a alteração do tônus dos músculos é gradual também conseguimos entender porque a maioria dos desmames não acontece de um dia para o outro: os músculos vão perdendo o tônus devagar, não é de uma hora para o outra que um músculo perde a força a ponto de ser difícil utilizá-lo (pode levar meses) e é claro que muitos fatores influenciam a duração desse processo até chegar ao desmame (idade do bebê, tempo de uso de bicos artificiais, uso de mais de um tipo de bico, etc.).
Você pode estar se perguntando neste momento: se os músculos errados são exercitados e todo o corpo da criança está em formação então isso pode ter mais efeitos além da amamentação. Sim, a arcada dentária pode ser prejudicada, a fala e até a respiração - é aí que começam problemas como a respiração bucal, que só serão diagnosticados anos mais tarde, quando ninguém mais se lembra dos bicos artificiais.

Referência: 
- Pesquisa mostra que copo deve substituir mamadeira: https://www.facebook.com/notes/167481276637578/

Mamas Acessórias e Amamentação


As mamas acessórias ou supranumerárias são tecidos mamários ectópicos (fora do local usual de implantação), que podem se formar ao longo da “linha láctea” (linha que se localiza da axila à face interna da coxa, próxima à região inguinal). Nos mamíferos, comumente se observam mamas ao longo da linha láctea (como nos cães e gatos, por exemplo). Nos humanos, há a regressão do tecido mamário nos demais pontos da linha láctea durante o desenvolvimento embrionário, restando apenas o tecido na região torácica anterior. Entretanto, cerca de 1% da população (homens e mulheres) possuem tecidos mamários ectópicos formados por glândula mamária (polimastia), por mamilos (politelia) ou por tecido glandular e mamilo. O sítio anatômico mais comum de implantação da mama supranumerária é a região axilar. Já o local mais comum de implantação dos mamilos supranumerários é em posição inferior à mama normal. 
Do ponto de vista clínico, a indicação de remoção do tecido mamário acessório é dada pelo desconforto estético, pela dor ou incômodo local ou pela percepção de alterações locais, como nódulos. Não há a indicação formal de procedimentos cirúrgicos durante a amamentação, embora muitas pacientes optem pela cirurgia antes da gestação como forma de evitar o edema local durante a lactação, que pode constituir um considerável desconforto durante o aleitamento materno. 
As recomendações para as mães em amamentação que possuam mamas acessórias assemelham-se àquelas dadas para todas as nutrizes: manter a amamentação normalmente para evitar o ingurgitamento mamário, utilizar antinflamatórios não-esteroidais, como o acetaminofeno (paracetamol) ou ibuprofeno em caso de dor e aplicar frio local no tecido mamário ectópico como estratégia de diminuição do edema regional e da produção láctea pelo tecido mamário ali existente. Tecidos mamários completos ectópicos (com glândula mamária e mamilos) podem, eventualmente, eliminar leite pelo sistema ductal rudimentar formado na área. Nesta situação, pode-se massagear o local e proceder o esvaziamento glandular manual, uma vez que dificilmente a estrutura mamária 
ectópica pode ser aproveitada para aleitar o lactente. 
Em caso de dúvidas, procure o seu médico. 

Thiago Silva Becker 
Médico Mastologista 
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Mastologia 
CRMMG 55048 

domingo, 15 de março de 2015

Relactação passo-a-passo


1) Adquirir a sonda:

Compre em farmácia sonda nasográstrica número 4 ou 5 - às vezes só é encontrada em farmácias que vendem material hospitalar.
Compre várias sondas, pois pode ser melhor descartá-las após o uso já que é difícil lavá-las bem (mas é possível esterilizar em água fervente cada vez que for usada). Essas sondas nada mais são do que tubinhos fininhos.



2) Preparações:

Colocar o leite artificial no recipiente escolhido (seringa, copo ou mamadeira). 
Colocar uma ponta da sonda no recipiente e a outra deve ser presa ao seio, com sua extremidade perto do mamilo (pode usar esparadrapo, micropore). A ponta que fica no peito tem que ficar bem na aréola.
Tentar colocar o recipiente com o leite num local próximo e acima do nível do peito, para que a ação da gravidade facilite o fluxo do leite, e de preferência numa superfície firme para evitar que caia no chão. Nas primeiras tentativas vale a pena pedir ajuda de outra pessoa que segure o recipiente com o leite. 
É possível cortar a sonda em pedaços menores (10 cm) quando já estiver habituada, deixando o recipiente mais próximo do peito.


3) Iniciando: 

Coloque o bebê no seio para mamar. A criança sugará o peito e a sonda ao mesmo tempo e, à medida em que se alimenta, também estimula a produção do leite materno. A altura em que é colocado o leite e a força de sucção da criança determinam a velocidade de ingestão. O fluxo é controlado ao se dobrar um pouco a sonda. Desse modo o bebê começa a associar o peito com alimento e é estimulado a sugar o peito.
Se o bebê estiver recusando o seio, pingue leite sobre o seio para que ele queira sugar.



4) Quanto tempo preciso usar esse sistema?

O tempo para que a produção de leite seja estabelecida é de no mínimo uma semana, requer paciência e persistência para se obter sucesso. O leite ministrado pela sonda é o que a criança estava usando e, na medida do aumento de produção pela mãe, este é restringido progressivamente.

A relactação deve ter um começo e um fim, desde o primeiro dia que se começa deve se ter claro que não é para sempre, que num certo dia ela vai terminar. O recomendado geralmente é não estender a relactação por mais do que 6 semanas.



5) Que mais posso fazer para aumentar minha produção de leite?



- A sucção do bebê é a mais poderosa que existe, então amamente em livre demanda, mesmo sem a sonda, sempre que puder.

- Utilize uma bomba elétrica de boa qualidade e tente ordenhar seu leite também sempre que possível - isso ajuda a estimular a produção, mesmo se ainda não estiver saindo leite. A ordenha manual bem feita é igualmente eficiente. 

- Descarte o uso de qualquer bico artificial: mamadeiras, chupetas, bicos de silicone.

- Carregue seu bebê num sling, sempre que possível. Sentir o cheiro da mamãe acalma o bebê e o incentiva a sugar.

- Descanse quando puder, tire sonecas quando o bebê também o fizer. Durma perto de seu bebê (tomando precauções para prática da cama compartilhada): pesquisas mostram que cama familiar pode ajudar no estabelecimento da amamentação.


Vídeo explicativo: http://www.youtube.com/watch?v=p9-Y4A8lLNU

ATENÇÃO: A técnica de relactação é justamente para RE-lactar, usada quando a mãe deixou por qualquer motivo de oferecer seu peito ou em casos de mães adotivas que desejam amamentar.

RELACTAÇÃO NÃO É UM MÉTODO DE COMPLEMENTAÇÃO PARA SUBSTITUIR A MAMADEIRA. 

É importante que desde o começo o fluxo da sonda seja regulado, para que o bebê se acostume com o fluxo de LM (leite materno) do peito - nem toda sucção deve levar leite. 

A relactação sozinha não faz milagres, deve ser associada à livre demanda e auto-confiança. SE A MÃE PRODUZ QUALQUER QUANTIDADE DE LM A RELACTAÇÃO TEVE SUCESSO E NÃO É MAIS NECESSÁRIA: pode começar a diminuir o LA (leite artificial) usando copinho. 
Uma vez se consegue LM em volume aceitável o ideal é passar oferecer o complemento num copinho e deixar de usar a sonda. Lembre que existe sucção não alimentar, na sonda fica difícil saber até onde o bebê continua com fome e até onde está sugando por conforto.
Toda mamada deve começar e terminar pelo peito sozinho. Se o bebê adormece no peito, que seja no peito sem sonda.





sábado, 7 de março de 2015

Porque alguns sites e blogs não vão te contar que mamadeiras e chupetas causam desmame e muitos outros prejuízos

Por Moderadoras do GVA

Logo que você se descobre grávida começa a procurar na internet tudo que possa lhe ajudar: busca informações, pesquisa produtos, e acaba descobrindo alguns sites e blogs maternos com os quais você mais se identifica. Alguns vão lhe sugerir uma lista de compras para o enxoval - se você for mãe de primeira viagem a tendência é escolher a maior lista (mesmo se seus amigos lhe avisarem que metade daquilo será inútil) afinal você pensa que dessa forma está fazendo o melhor pelo seu bebê - tem sempre aquela conversa de que "não foi útil para fulano mas pode ser útil para mim". Ok, bebês precisam mesmo de alguns itens, mas é inegável que a indústria da maternidade lucra muito com mães inexperientes e tenta enfiar goela abaixo várias invenções que de fato não servem para nada ou até podem prejudicar o bebê. Aí vem o primeiro susto: "se é algo que prejudica então não deveria ser proibido?" - pois é, deveria, mas o caminho que se percorre até conseguir uma proibição pode levar décadas e enquanto isso nós e nossos bebês continuamos sendo cobaias.
Chega então um momento em que você já tem alguma malícia para perceber se um item é desnecessário - já sabe, por exemplo, que seu bebê não precisa de um penico que tenha um tablet acoplado. Maravilha - isso já evita muito desperdício - mas você ainda tem dúvidas sobre alguns itens, como chupetas e mamadeiras, então pensa: "vou pesquisar naquele site (ou blog), pois é mantido por profissionais de saúde, então deve ser sério". Você encontra muita informação de qualidade neste site e fica feliz por poder contar com ele. Você acha estranho algumas propagandas no canto da tela mas pensa "eles precisam ter alguma forma de ganhar dinheiro para manter este site". Seria tudo muito lindo se o objetivo fosse SÓ manter o site - na verdade o site tem parceiros comerciais e por isso não pode falar mal dos produtos que estes parceiros vendem. 
É isso mesmo que você leu - o site não pode falar mal dos produtos que os parceiros vendem, afinal isso limitaria (ou até atrapalharia) as vendas desse parceiro comercial. Dando nomes aos bois: um site que tem parceria com empresas que vendem mamadeiras e chupetas nunca vai te contar que mamadeiras e chupetas podem causar desmame precoce e muitos outros prejuízos ao bebê (deglutição atípica, problemas na fala, problemas respiratórios, desordens do sono, problemas posturais, distúrbios alimentares e psicopedagógicos, deformidades esqueléticas e maloclusões dentárias, maior risco de infecções, alergias, cáries, etc.) - ao contrário, ele pode até mesmo escolher pesquisas científicas duvidosas para lhe dizer que chupeta "previne a morte súbita" (não caia nessa hein) ou dizer que mamadeira depois de 6 meses não causa desmame (causa sim, e muitos). Podemos ir um pouco mais longe? Bebês desmamados geram muito lucro: consomem leite artificial, mamadeiras, chupetas, esterilizadores de mamadeiras, escovas de lavar mamadeira, prendedores de chupeta, etc.Não se assuste - nada disso que falamos aqui fere as leis brasileiras, logo as empresas não estão fazendo nada oficialmente errado. Como é possível então obter informação de qualidade, sem interesses financeiros? Busque evidências científicas e grupos/sites/blogs realmente voluntários - estes sim estão fazendo um grande trabalho pelo bem dos bebês, sem ganhar nada em troca - aliás, ganham sim: cada mãe que conta "tirei a mamadeira/chupeta e evitei o desmame!" representa uma medalha de vitória, é motivo de orgulho, dá forças para seguir com o trabalho adiante!

Perguntas frequentes:
1) Chupeta não é melhor que dedo? Não, não é - veja:
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/01/se-o-bebe-esta-chupando-o-dedo-o-que.html
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/a-chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria.html

2) Mamadeira é ruim até depois dos 6 meses? Sim, é muito ruim - veja:
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/uso-de-mamadeira-e-prejudicial-em.html
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2013/11/confusao-de-bicos-artificiais-por.html

3) Como oferecer água e sucos sem mamadeira? Existem várias alternativas, como os copinhos de bico rígido, colher, colher-dosadora:
https://www.facebook.com/media/set/?set=oa.276411499141800&type=1


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