Por: Gabriela Silva e Luciana Freitas
“Meu filho
tem dois meses e meu leite diminuiu muito. Todas as vezes que ele vai
mamar, especialmente no final da tarde e de noite, ele chora, rejeita o
peito, puxa o bico com força. Demora a dormir porque está com fome, só
berra e se joga pra trás. Acho também que além do leite diminuindo pode
ser refluxo, pelo menos foi o que algumas pessoas disseram. Não pesei
ele este mês ainda, mas deve ter ganhado pouco, porque ele só mama bem
de manhã e de madrugada, quando tenho bastante leite.”
Ao
longo de todos os anos de existência do GVA, recebemos com frequência
postagens semelhantes a essa, que relatam problemas em bebês que têm
entre 1 e 4 meses, aproximadamente, os quais a mãe atribui a uma
diminuição do seu leite. No entanto, esses problemas, que parecem ser com
a amamentação, costumam ser, na verdade, com o sono. Sim, com o sono!
Bebês
com menos de um mês, em geral, dormem muito, adormecem sozinhos, sem
que as mães precisem se preocupar com isso. Porém, após esse período, os
bebês começam a precisar de ajuda para dormir. O cuidador deve perceber
quando eles estão com sono e precisam ser colocados para dormir, seja
por meio do embalo ou de qualquer outro meio que os faça pegar no sono
(carrinho, rede, sling,cadeirinha do carro, bola de pilates etc).
Quando
isso não acontece e a criança passa muitas horas acordada, e entre os
dois e os quatro meses eles não aguentam mais do que 1h30 ou 2h no
máximo acordados, inicia-se um processo de irritação que inclui, em
muitos casos, rejeitar o peito da mãe e agir como no caso que usamos
acima para ilustrar nosso texto. O bebê fica exausto, procura o peito
pra dormir porque sabe que a mamãe e o peito são seu porto seguro, mas
irritado de sono não tem paciência com nada. Reclama do peito, mas
quando o solta reclama porque quer mais peito.Troca de um lado pra
outro, chora, se joga pra trás, puxa os cabelos, bate comas mãozinhas no
próprio rosto, geralmente os olhinhos estão avermelhados. Tudo isso é
sinal de sono, mas nós mães sempre pensamos naquilo que tanto nos
assombra: “O peito está secando! Não consigo produzir leite suficiente!”
Sim,
ao final da tarde estamos nós também exaustas, afinal a maioria cuida
sozinha do bebê e muitas vezes também de outros filhos, sem contar as
tarefas domésticas... É um trabalho muito cansativo, apesar de
escutarmos piadinhas do tipo “Está aproveitando pra descansar, né? Fica
só cuidando do bebê, não trabalha fora mais, aproveite as ‘férias’!”.
Essa
exaustão faz com que nossa percepção do choro e incômodo do bebê esteja
muito mais sensível, então o mesmo choro que escutamos ainda de manhã
cedo, e conseguimos contornar com criatividade e paciência, ao final do
dia nos parece um choro desesperador e não temos mais ideia do que fazer
para acalmar o bebê e nos acalmarmos também.
O que
fazer, então? Mudar de ares, sair do ambiente tenso e assim conseguir
respirar pra tentar novamente fazer o bebê dormir e mamar:
- tomar banho juntos (banheira ou chuveiro);
- dançar ao som de músicas que vocês gostem;
- passear de sling pela vizinhança;
-
ir à pracinha ou ao play, para se distraírem e ver outras crianças
brincando (ajuda a lembrar que tudo passa e logo será o nosso bebê
correndo e se divertindo ali).
O principal é lembrar
que é ilógico o mesmo peito que produz leite suficiente durante todo o
dia, simplesmente secar no final da tarde. Pense: “É sono, vamos relaxar
pra dormir. É sono, vamos relaxar pra dormir...”. Tente descobrir o que
mais funciona para você como forma de relaxar, e então quando esses
dias difíceis surgirem, lembre que é sono e não falta de leite. Seu
corpo é perfeitamente capaz de nutrir seu bebê!
Para saber mais a respeito do sono dos bebês e os efeitos de ficarem muito tempo acordados, indicamos os links abaixo:
Tabela de sono
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/05/tabela-de-sono-dos-bebes.html
O efeito vulcânico – como a falta de boas sonecas durante o dia causa irritação e “birras”
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2013/06/o-efeito-vulcao-pular-sonecas-produz.html