sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mães diabéticas que amamentam reduzem o risco de obesidade nos bebês

Por Brenda Goodman, revisado pela médica Laura J. Martin, postado em 25 de fevereiro de 2001- WebMD Medical News

Amamentar exclusivamente por 6 meses ou mais reduz o risco de bebês que nasceram de mães com diabetes gestacional se tornarem obesos mais tarde, conforme esse estudo.

O estudo mostra também que a amamentação tem benefícios para a mãe na recuperação de diabete gestacional
"Esse é talvez o primeiro estudo que mostra que se os bebês forem realmente amamentados como o recomendado, ou seja, exclusivamente por 6 meses, ou mais, então seu risco aumentado de obesidade é reduzido aos mesmos níveis de bebês que não foram expostos a diabete na gravidez," diz a pesquisadora Dana Dabelea, médica, doutora em epidemiologia e Professora Associada da Faculdade de Saúde Pública de Colorado, em Denver, EUA.

O estudo, publicado no periódico científico Diabetes Care, foi analisado por outros cientistas e considerado muito importante. Kathleen Marinelli, médica diretora de serviçoes de apoio a amamentação no Centro Médico de Connecticut em Hartford e membro da Academia Americana de Amamentação diz que eles fizeram um ótimo trabalho na definição de quanto o bebê foi alimentado por leite materno ou sua exclusividade. Um problema comum em estudos que envolvem amamentação é como se define quando leite materno o bebê tomou, e a maneira que lidaram com isso nessa pesquisa foi muito bem feita.

"Eles acharam que veriam uma grande diferença entre bebês que nasceram de mães que tiveram diabetes gestacional (DG) e bebês de mães que não tiveram DG, em termos de proteção a obesidade, dependendo de quanto leite materno tomaram," diz Marinelli, que não estava envolvida no estudo. "E os resultados mostraram que se os bebês foram amamentados exclusivamente por 6 meses ou mais, não tiveram diferenças!!

E isso é um ótimo resultado, porque mostra que você pode anular o efeito negativo da DG no bebê se ele mamar exclusivamente por 6 meses ou mais."

E especialistas dizem que os benefícios metabólicos da amamentação também se extendem a mãe, pois a ajudam a se recuperar da DG e a protege contra ter diabete novamente mais tarde em sua vida (já que mães que tiveram DG tem mais propensão a terem diabete mais tarde).

Diabetes maternal e obesidade infantil
No útero, bebês de mães com DG são expostos a mais glicose e ácidos graxos do que os bebês que não tem mães diabéticas. "Então esses fetos são nutridos em demasia, mesmo antes dos bebês nascerem, o que os fazem ter mais peso ao nascer, mas também com maior porcentagem de massa de gordura. Um dos mecanismos propostos é que esses fetos estão sendo super alimentados no útero, e essa hiper-nutrição muda seu ponto de saciedade então eles só se sentem satisfeitos quando comem demais. E eles tendem a consumir mais comida durante a vida toda porque o ponto de saciedade deles foi alterado permanentemente.

Nesse estudo, Dabelea e colaboradores compararam a distribuição de gordura, peso, medida da cintura e índice de massa corporal (IMC) de 89 crianças nascidas de mães que tiveram DG e 379 crianças que nasceram de mães que não tiveram DG. A média de idade das crianças no estudo foi de 10 anos.
As mães foram entrevistadas e perguntadas se amamentaram ou não seus bebês, e por quanto tempo amamentaram e quando introduziram sólidos e outros liquidos. Porque tantas mães fazem alimentação ‘mista’ (amamentam mas também oferecem leite artificial), os pesquisadores desenvolveram uma escala para avaliar estatisticamente quanto a criança foi exposta ao leite materno.

Os pesquisadores descobriram que, entre crianças que foram expostas a diabete no útero, aqueles que foram amamentados por menos de 6 meses tiveram IMC significativamente maiores, cinturas mais grossas e estocaram mais gordura nas junções musculares comparadas com as crianças que foram amamentadas exclusivamente por 6 meses ou mais.

E mais, quando compararam crianças que foram expostas a diabete com as que não foram (mães que não tiveram DG), só viram diferenças significativas naqueles que foram amamentados por menos de 6 meses. Os grupos pareciam quase o mesmo quando amamentados por 6 meses ou mais, indicando que a desvantagem que tinham quando expostos a diabete no útero desapareceu.

Concluíndo, o objetivo da pesquisa foi analisar um grupo de alto risco e verificar se a amamentação tinha impacto no risco de obesidade, e o resultado mostra que sim, amamentação tem esse efeito protetor.
Certamente que todas mulheres deveriam amamentar, mas mulheres que tem diabete e que tiveram DG deveriam estar mais cientes ainda desses efeitos da amamentação exclusive por 6 meses na saúde do seu filho.

Amamentação pode proteger a mãe e o bebê
Outra pesquisa sugere que os benefícios se extendem a mãe também. Se a mãe tem DG e amamenta seu bebê, ela diminue o risco de desenvolver diabete mais tarde na vida diz Marinelli. Diabetes REAL, não somente a diabetes gestacional (DG). Se ela amamenta seu bebê, diminue o risco dele se tornar obeso E diminue o risco de ter diabete, por que há um componente genético na diabete então se há casos na família seu risco é maior. Mas se você foi amamentado, então o risco é diminuído.

A coisa mais importante para ser lembrada é que os benefícios estão relacionados a DURAÇÃO da amamentação exclusiva.

"Quanto mais você amamentar, maiores são os benefícios" ela diz.


Fontes: Crume, T. Diabetes Care, March 2011. Plagemann, A. Diabetes Care, March 2011. Dana Dabelea, médica, PhD, epidemiologista; Professora Associada da Universidade de Colorado, Faculdade de Saúde Pública, Denver.Stephen Daniels, medico, PhD, chefe de pediatria do Hospital da Criança de Denver. Kathleen Marinelli, médica, diretora dos serviços de apoio a lactação, Centro Médico de Crianças de Connecticut, Hartford.


Artigo original- Long-term impact of neonatal breastfeeding on childhood adiposity and fat distribution among children exposed to diabetes in utero.
Crume TL, Ogden L, Maligie M, Sheffield S, Bischoff KJ, McDuffie R, Daniels S, Hamman RF, Norris JM, Dabelea D. Diabetes Care. 2011 Mar;34(3):641-5.

Tradução- Andréia C. K. Mortensen
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