sexta-feira, 18 de julho de 2014

PRODUÇÃO DO LEITE MATERNO

Saiba como o leite materno é produzido em nosso organismo. Entenda qual é o papel da prolactina e a ocitocina na amamentação. Tudo começa durante a gravidez, e muitos fatores podem influenciar o aleitamento.

As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que são glândulas túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Estes, por sua vez, são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células mioepiteliais e, entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sangüíneos, tecido nervoso e tecido linfático.

O leite produzido nos alvéolos é levado até os seios lactíferos por uma rede de
ductos. Para cada lobo mamário há um seio lactífero, com uma saída independente no mamilo.

A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação (lactogênese fase I) sob a ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. Apesar de a secreção de prolactina estar muito aumentada na gestação, a mama não secreta leite nesse período graças a sua inibição pelo lactogênio placentário.

Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com conseqüente liberação de prolactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise posterior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contido. A produção do leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por hormônios e a “descida do leite”, que costuma ocorrer até uma semana depois do dia do parto, ocorre mesmo se a criança não sugar o seio. Esse é um período critico para a amamentação já que podem aparecer algumas dificuldades associadas ao estado emocional da mãe, à pega errada que leva aos bicos rachados e mamilos doloridos.

Após a “descida do leite”, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoiese. Essa fase, que se mantém por toda a lactação, depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Quando, por qualquer motivo, o esvaziamento das mamas é prejudicado, pode haver uma diminuição na produção do leite, por inibição mecânica e química. O leite contém os chamados “peptídeos supressores da lactação”, que são substâncias que inibem a produção do leite. A sua remoção contínua com o esvaziamento da mama garante a reposição total do leite. A prolactina tem um ritmo circadiano, apresentando pulsos de produção durante a noite, durante o sono e enquanto o estímulo de sucção seja mantido. Durante as primeiras seis semanas a prolactina estimula o aparecimento de novos receptores nas células secretoras do leite, tempo no qual o corpo da mãe está se ajustando a demanda do bebê e os níveis de prolactina aumentam.  Se a mãe não amamenta em 2-3 semanas os níveis basais de prolactina descem aos níveis anteriores à gravidez.

Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob o estímulo da prolactina, porém só consegue ser ejetada sob o estimulo da ocitocina, responsável pela contração dos alvéolos carregados de leite.
A ocitocina é liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, mas também é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade. Existem receptores de ocitocina no tecido mamário, uterino e vaginal, eles aumentam durante o terceiro trimestre de gravidez e depois do parto, o que favorece a sensibilidade à ocitocina secretada durante a amamentação. A ocitocina provoca contrações uterinas que favorecem a recuperação do útero ao seu estado basal depois do parto, contribuem para aumentar o prazer sexual durante o orgasmo, diminuem as respostas hormonais frente ao estresse e influenciam o comportamento maternal permitindo que o vínculo mãe/filho seja estabelecido.

A dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a saída do leite da mama. Algumas situações estressantes associadas ao parto, técnica defeituosa de sucção, obesidade, prematuridade, baixo peso do RN entre outras podem contribuir para o retraso da descida do leite.  

Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, menor que 100ml/dia, mas já no quarto dia a nutriz é capaz de produzir, em média, 600ml de leite. Mesmo que não consiga nada na ordenha o bebê com sua sucção consegue extrair o Leite materno.

Na amamentação, o volume e a composição de leite produzido variam, dependendo do quanto a criança mama e da frequência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais vezes a criança mamar, maior será a produção de leite. Uma nutriz que amamenta exclusivamente produz, em média, 800ml por dia no sexto mês. Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite do que a quantidade necessária para o seu bebê.


Resumo
O funcionamento correto da mama depende tanto do sistema hormonal materno como do esvaziamento da mama.
- Prolactina e ocitocina são hormônios fundamentais para a amamentação. A sucção é o mecanismo mais importante para regular a produção do leite.
- Quando não há correto esvaziamento das mamas os peptídeos supressores da lactação freiam a produção de leite.
- A sucção precoce e frequente das primeiras semanas favorece o sucesso da amamentação.
- Qualquer fator que possa estressar a mãe ou o bebê pode afetar o sucesso da amamentação.


Referências

-Asociación española de pediatría. Manual de lactancia materna. De la teoría a la práctica. 2009. Editorial medica pan-americana.

-MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica. SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Básica – n.º 23. 2009.
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