Em 2015, fomos surpreendidos por casos de microcefalia em bebês
cujas mães tiveram infecção pelo zika virus durante a gravidez.
Com o pânico disseminado, alguns meios de comunicação divulgaram reportagens afirmando que o "zika PODE ser transmitido por leite
materno" (grifo nosso), para, em seguida, generalizar como orientação oficial
a mera opinião de uma médica de um hospital particular de São Paulo,
pois afirma em um subtítulo que "com o vírus, amamentação deve ser
interrompida" (Jornal O Globo).
Diante desse cenário, recorremos aos órgãos oficiais e aos meios de pesquisa científica para trazer o esclarecimento abaixo.
Não há, até o momento, orientação de órgãos
oficiais, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde,
no sentido de suspender a amamentação em casos em que a mãe esteja
infectada. Ao contrário, a ,orientação da OMS sobre o zika vírus e a microcefalia é no sentido de manter a amamentação, orientação que também foi dada pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos.
A orientação de manter a amamentação ocorre porque não existe comprovação de que o leite
materno transmite o zika e porque os benefícios da amamentação
comprovadamente são tantos e protegem tanto a criança de diversas
doenças, que somente deve ser suspensa em casos de doenças graves, como
HIV.
É bom ressaltar que se a mãe está infectada é porque há
mosquitos com zika na região e que a criança pode ser picada. Dessa
forma, os cuidados devem ser redobrados, não apenas para evitar o
contato entre a criança e o mosquito, mas também para eliminar possíveis
criadouros do inseto na casa e nas proximidades.
Além disso,
também é importante lembrar de outras doenças que durante a gravidez
causam problemas graves no bebê, um ser ainda em formação, como a
rubéola, e depois do nascimento, com um bebê já formado, não causam
efeitos futuros relevantes. Embora seja reconhecida a ligação entre o zika vírus na mãe e a microcefalia do bebê em formação, ainda não nascido, seguem inconclusivos os estudos acerca dos efeitos que a doença possa ter quando contraída por um bebê fora da barriga da mãe, ou seja, após o nascimento.
Dessa forma, o GVA ressalta que não
há, neste momento, orientação oficial e fundamentada que indique a
suspensão da amentação em casos de mães infectadas pelo zika vírus.
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Leia mais:
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