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sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Meu bebê mama para dormir. Tenho dúvida se isso é correto.
O ato de sugar para se acalmar e dormir é algo tão natural e instintivo que o bebê o faz desde o útero, sugando o dedo. Alguns bebês são flagrados fazendo isso nas ecografias, mas isso não significa que os outros não façam o mesmo - todo bebê suga o dedo dentro da barriga.
Depois que nasce é natural o bebê sugar o peito para dormir - para o bebê é instintivo fazer isso, então ele pede peito quando está com sono e adormece sugando. E quando a mãe não estiver por perto, o que fazer? O bebê vai se acalmar e dormir sem peito e sem chupeta?
Os bebês são capazes de adormecer de outra forma se a mãe não está perto - alguns adormecem com o balanço da rede ou carrinho, para outros basta cantar e fazer carinho, alguns são ninados no colo, outros descobrem o dedinho e passam a sugá-lo (e isso não é um problema - veja: http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/01/se-o-bebe-esta-chupando-o-dedo-o-que.html) - o importante é que o bebê tenha confiança no cuidador e esteja acostumado com ele (fazer adaptação é muito importante - veja aqui: http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/08/adaptacao-um-novo-cuidador-em-4-passos.html). É um erro pensar em dar chupeta, pois além de não ser necessário, a chupeta pode causar desmame e muitos outros problemas (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/a-chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria.html).
E se mesmo assim a mãe quiser que o bebê durma sem peito, até quando estiver com ela? Alguns bebês podem até aceitar isso, mas a maioria vai protestar, afinal o bebê não entende porque o peito está sendo negado. Se a mãe insiste o bebê chora desesperadamente, passa da hora de dormir, desregula as sonecas, entra em efeito vulcão (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2013/06/o-efeito-vulcao-pular-sonecas-produz.html), começa a pedir mais e mais peito e a mãe entra na neura do "leite fraco/pouco leite". Percebeu que isso não é uma boa ideia? Se a mãe simplesmente respeita a natureza ela tem um bebê descansado, feliz, que mama normalmente, e a mãe não duvida da sua capacidade de nutrir seu filho.
E até quando o bebê precisa do peito para dormir? Cada bebê tem o seu momento de conseguir dormir sozinho - sim, eles chegam nessa fase naturalmente - mas se a mãe está incomodada com este hábito ela pode fazer a Remoção Gentil a partir de 1 ano (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/04/quando-o-seu-bebe-acorda-frequentemente.html).
Muitas mães passaram por isso e conseguiram se ausentar sem precisar de chupeta - você não está sozinha. Neste vídeo a moderadora Gabriela Silva fala sobre volta ao trabalho, adaptação a um novo cuidador, como acalmar e fazer um bebê dormir sem chupeta:https://youtu.be/TGU7e7Z7lFc .
domingo, 8 de fevereiro de 2015
Como estimular o bebê a aprender (ou reaprender) a mamar
Por Zioneth Garcia, Fernanda Rezende Silva, Marcos Mendes e Ana Beatriz Herreros
Existem várias situações nas quais um bebê pode precisar de ajuda para aprender (ou reaprender) a mamar no peito: logo que nasce, quando passa por períodos longos de internação sem a possibilidade de mamar e quando passa por confusão de bicos - para todas essas situações as técnicas descritas neste texto serão úteis.
É estranho pensar que um bebê que acabou de nascer possa precisar de ajuda para mamar, pois este ato deveria ser instintivo. Sim, mamar é instintivo, o bebê precisa mamar para sobreviver, mas mamar e estimular corretamente o seio é uma aprendizagem e esta pode levar mais tempo em alguns casos. Na prática isso não deveria ser um problema - é normal a dupla mãe/bebê demorar um pouco a se acertar - mas nós sabemos que existe uma expectativa muito grande para que este bebê ganhe peso logo, então, para tentar evitar a indicação precoce de LA, é uma boa ideia dar uma ajudinha para que o bebê fique logo craque na arte de mamar.
Algumas interferências sofridas no nascimento, que levam à separação do bebê de sua mãe, podem atrapalhar o instinto de sucção do recém nascido, por exemplo: prematuridade (mesmo tardia), hipoglicemia, desconforto respiratório, falta de preparo da equipe médica (que acaba separando mãe e filho sem necessidade). É importante ressaltar que mesmo em casos de cesárea, se o bebê se encontra saudável, o alojamento conjunto desde o momento do nascimento é um direito da dupla protegido por lei. O bebê pode e deve ser colocado no colo da mãe para ter seu primeiro contato físico e tentar mamar, ativando assim seus instintos de sucção inatos.
E porque falamos em reaprender a mamar? Porque as dificuldades enfrentadas desde o nascimento têm provocado desmames cada vez mais precoces, porém queremos que as mães saibam que é possível reverter o quadro na maioria das vezes. Muitos bebês passam por confusão de bicos o que os leva a desaprender a mamar no peito - eles se acostumam com o tipo de sucção da chupeta e/ou da mamadeira (e com o fluxo contínuo da mamadeira, que não é o mesmo do peito) e por isso têm dificuldade para mamar no seio - tentam fazer no peito o mesmo tipo de sucção da mamadeira/chupeta, mas a sucção/ordenha do peito é completamente diferente da sucção dos bicos artificiais (no peito o bebê ordenha o leite antes de mamar), por isso bebês em confusão de bicos estão desaprendendo a mamar: são incapazes de obter do seio da mãe o alimento e o conforto emocional que ele deve oferecer.
O que pode ser feito então quando um bebê precisa de ajuda para mamar? O primeiro passo é, sem dúvida eliminar os bicos artificiais. Não adianta nada tentar ensinar um bebê a mamar se ele continua usando chupeta e/ou mamadeira - isso só trará mais sofrimento para mãe e bebê. Se o bebê toma LA (leite artificial) este deve continuar a ser oferecido até sua mãe garantir a sucção eficiente do seio (que estimula a volta da produção de leite materno na quantidade que o bebê precisa), porém esse LA deve ser oferecido de outra forma (copinho, por exemplo).
O segundo passo é estimular o bebê a procurar o seio. A mãe pode ficar sem sutiã e sem blusa, deitada na cama, de forma confortável (por exemplo, apoiada em travesseiros) com o bebê deitado de bruços (só de fralda) sobre seu peito, perto do seu coração, acariciando-lhe as costas e conversando com ele, de forma que ele fique tranquilo, relaxado - assim ele terá estímulo para procurar o seio. Outra ideia é a mãe ficar sem blusa e sem sutiã e colocar o bebê só de fralda em um sling - ele ficará coladinho no corpo da mãe, sentindo seu cheiro - isso ajudará a estimular a vontade de mamar, e o livre acesso ao peito facilitará as tentativas do bebê. O contato pele a pele sempre acalma, fazendo disso uma rotina o bebê passará a associar o seio a essa sensação de calma e segurança.
Especialmente para casos de confusão de bicos, costuma funcionar: amamentar o bebê quando ele estiver sonolento, tomar banho de chuveiro com o bebê (e tentar amamentar o bebê no banho).
As dicas acima ajudam, mas sempre é melhor (e muito mais fácil) prevenir do que remediar: não tenha bicos artificiais em casa, não use nunca - esta atitude pode parecer difícil mas com certeza evitará problemas futuros.
Existem várias situações nas quais um bebê pode precisar de ajuda para aprender (ou reaprender) a mamar no peito: logo que nasce, quando passa por períodos longos de internação sem a possibilidade de mamar e quando passa por confusão de bicos - para todas essas situações as técnicas descritas neste texto serão úteis.
É estranho pensar que um bebê que acabou de nascer possa precisar de ajuda para mamar, pois este ato deveria ser instintivo. Sim, mamar é instintivo, o bebê precisa mamar para sobreviver, mas mamar e estimular corretamente o seio é uma aprendizagem e esta pode levar mais tempo em alguns casos. Na prática isso não deveria ser um problema - é normal a dupla mãe/bebê demorar um pouco a se acertar - mas nós sabemos que existe uma expectativa muito grande para que este bebê ganhe peso logo, então, para tentar evitar a indicação precoce de LA, é uma boa ideia dar uma ajudinha para que o bebê fique logo craque na arte de mamar.
Algumas interferências sofridas no nascimento, que levam à separação do bebê de sua mãe, podem atrapalhar o instinto de sucção do recém nascido, por exemplo: prematuridade (mesmo tardia), hipoglicemia, desconforto respiratório, falta de preparo da equipe médica (que acaba separando mãe e filho sem necessidade). É importante ressaltar que mesmo em casos de cesárea, se o bebê se encontra saudável, o alojamento conjunto desde o momento do nascimento é um direito da dupla protegido por lei. O bebê pode e deve ser colocado no colo da mãe para ter seu primeiro contato físico e tentar mamar, ativando assim seus instintos de sucção inatos.
E porque falamos em reaprender a mamar? Porque as dificuldades enfrentadas desde o nascimento têm provocado desmames cada vez mais precoces, porém queremos que as mães saibam que é possível reverter o quadro na maioria das vezes. Muitos bebês passam por confusão de bicos o que os leva a desaprender a mamar no peito - eles se acostumam com o tipo de sucção da chupeta e/ou da mamadeira (e com o fluxo contínuo da mamadeira, que não é o mesmo do peito) e por isso têm dificuldade para mamar no seio - tentam fazer no peito o mesmo tipo de sucção da mamadeira/chupeta, mas a sucção/ordenha do peito é completamente diferente da sucção dos bicos artificiais (no peito o bebê ordenha o leite antes de mamar), por isso bebês em confusão de bicos estão desaprendendo a mamar: são incapazes de obter do seio da mãe o alimento e o conforto emocional que ele deve oferecer.
O que pode ser feito então quando um bebê precisa de ajuda para mamar? O primeiro passo é, sem dúvida eliminar os bicos artificiais. Não adianta nada tentar ensinar um bebê a mamar se ele continua usando chupeta e/ou mamadeira - isso só trará mais sofrimento para mãe e bebê. Se o bebê toma LA (leite artificial) este deve continuar a ser oferecido até sua mãe garantir a sucção eficiente do seio (que estimula a volta da produção de leite materno na quantidade que o bebê precisa), porém esse LA deve ser oferecido de outra forma (copinho, por exemplo).
O segundo passo é estimular o bebê a procurar o seio. A mãe pode ficar sem sutiã e sem blusa, deitada na cama, de forma confortável (por exemplo, apoiada em travesseiros) com o bebê deitado de bruços (só de fralda) sobre seu peito, perto do seu coração, acariciando-lhe as costas e conversando com ele, de forma que ele fique tranquilo, relaxado - assim ele terá estímulo para procurar o seio. Outra ideia é a mãe ficar sem blusa e sem sutiã e colocar o bebê só de fralda em um sling - ele ficará coladinho no corpo da mãe, sentindo seu cheiro - isso ajudará a estimular a vontade de mamar, e o livre acesso ao peito facilitará as tentativas do bebê. O contato pele a pele sempre acalma, fazendo disso uma rotina o bebê passará a associar o seio a essa sensação de calma e segurança.
Especialmente para casos de confusão de bicos, costuma funcionar: amamentar o bebê quando ele estiver sonolento, tomar banho de chuveiro com o bebê (e tentar amamentar o bebê no banho).
As dicas acima ajudam, mas sempre é melhor (e muito mais fácil) prevenir do que remediar: não tenha bicos artificiais em casa, não use nunca - esta atitude pode parecer difícil mas com certeza evitará problemas futuros.
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domingo, 18 de janeiro de 2015
Se o bebê está chupando o dedo, o que ele pode estar querendo dizer?
Uma abordagem ampla sobre a etiologia e prevenção do hábito de sucção digital baseada em evidências multidisciplinares.
Por Andréia Stankiewicz, cirurgiã-dentista, especialista em odontopediatria e ortopedia funcional dos maxilares. Dentista na clínica Vivavita – Odontologia & Saúde. Membro da ABONAM (Associação Brasileira de Odontologia Neonatal e Aleitamento Materno) e NEOM-RB (Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares e Respirador Bucal). Moderadora do Grupo Virtual de Amamentação (GVA). Mãe da Luiza (4 anos) e do Pedro (2 anos). Pesquisadora, amante e praticante da maternidade ativa e consciente.
Publicado originalmente aqui.
Publicado originalmente aqui.
- Eu sou normal!
Ainda durante a vida intra-uterina, instintivamente, o feto suga lábios, língua e dedos, de modo que estas funções encontram-se plenamente desenvolvidas ao nascer[1]. A sucção digital em fetos é considerada um reflexo necessário ao recém-nascido para sua sobrevivência.
Ainda durante a vida intra-uterina, instintivamente, o feto suga lábios, língua e dedos, de modo que estas funções encontram-se plenamente desenvolvidas ao nascer[1]. A sucção digital em fetos é considerada um reflexo necessário ao recém-nascido para sua sobrevivência.
Os hábitos bucais normais de fonação, mastigação, deglutição e sucção têm papel importante no crescimento crânio-facial e na fisiologia do sistema estomatognático. A sucção é considerada um reflexo inato, desenvolvido ainda no útero[2], e fundamental para a amamentação e para o desenvolvimento psicológico. Assim, esse reflexo torna-se importante para a instalação dos hábitos normais de um ser humano[3].
Sendo um reflexo, a sucção é involuntária e faz parte dos movimentos fetais e de recém-nascidos. Como o reflexo de preensão palmar desaparece a partir do terceiro ou quarto mês, o recém-nascido passa a ter movimentos voluntários, facilitando, portanto, a aquisição de um hábito com características voluntárias que pode persistir, ser modificado ou desaparecer[4].
A persistência da sucção de dedo não é freqüente em crianças bem amamentadas[5, 6]. Mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não apresentam hábitos de sucção patológicos prolongados[7, 8].
Ao contrário da chupeta[9, 10, 11], o hábito de chupar o dedo não atrapalha a amamentação.
Muitos bebês que chupam o dedo dentro da barriga continuarão após o nascimento, embora não necessariamente[12]. E isto é normal, é fisiológico. A melhor forma de prevenir a transformação patológica deste tipo de hábito ao longo do tempo é através da amamentação.
- Eu consigo me acalmar sozinho!
Regular as emoções é uma tarefa complexa e difícil. Crianças levam tempo para desenvolver inteligência emocional, e esse aprendizado ocorre em diferentes épocas para diferentes tipos de regulação. Nesse meio tempo, a aprendizagem guiada orienta que os pais modelem o comportamento, respondendo às necessidades dos bebês, de forma que eles possam aprender a se auto-confortar.
Regular as emoções é uma tarefa complexa e difícil. Crianças levam tempo para desenvolver inteligência emocional, e esse aprendizado ocorre em diferentes épocas para diferentes tipos de regulação. Nesse meio tempo, a aprendizagem guiada orienta que os pais modelem o comportamento, respondendo às necessidades dos bebês, de forma que eles possam aprender a se auto-confortar.
Alguns pesquisadores acreditam que, quando os pais confortam seus bebês, eles estão modelando o comportamento que as crianças devem seguir para confortarem a si mesmas[13, 14]. De fato, eles argumentam que é assim que as crianças aprendem a se confortarem sozinhas de uma maneira saudável.
Bebês que chupam o dedo, todavia, já estão de certa forma regulando suas próprias emoções. Se tiverem pais responsivos, que os confortem e modelem apropriadamente o comportamento, ou seja, que se envolvam em práticas que promovem vínculos seguros, que respondam ao choro, e também que não impeçam nem substituam o hábito; então é muito provável que, com o tempo, eles desenvolvam mecanismos saudáveis para o mesmo fim (auto-conforto), não necessitando mais chupar o dedo.
Em contrapartida, pesquisas neurológicas[15, 16] sugerem que não atender às necessidades físicas e/ou afetivas do bebê ou deixá-lo chorando leva a falhas no desenvolvimento de técnicas saudáveis de regulação de emoções, o que pode servir de gatilho no sentido de promover a instalação de um hábito de sucção patológico.
Em contrapartida, pesquisas neurológicas[15, 16] sugerem que não atender às necessidades físicas e/ou afetivas do bebê ou deixá-lo chorando leva a falhas no desenvolvimento de técnicas saudáveis de regulação de emoções, o que pode servir de gatilho no sentido de promover a instalação de um hábito de sucção patológico.
- Estou com fome!
Levar os dedos ou mãos à boca é uma das formas do bebê indicar que está com fome e quer mamar. O choro é um sinal tardio, e acontece quando todos os demais sinais foram ignorados.
Levar os dedos ou mãos à boca é uma das formas do bebê indicar que está com fome e quer mamar. O choro é um sinal tardio, e acontece quando todos os demais sinais foram ignorados.
O aleitamento materno sob livre demanda deve ser encorajado, pois faz parte do comportamento normal do recém-nascido mamar com freqüência, sem regularidade quanto a horários. Aleitamento materno sem restrições diminui a perda de peso inicial do recém-nascido, favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento, promove uma “descida do leite” mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno, estabiliza os níveis de glicose do recém-nascido, diminui a incidência de hiperbilirrubinemia, previne ingurgitamento mamário[17] e satisfaz plenamente o impulso neural de sucção[18]. Inclusive o ato do bebê “chupetar” o peito após a mamada cumpre exatamente este papel (de saciar a necessidade neural de sucção), além de estimular a produção de leite; e por isso não deve ser desencorajado.
O tempo de permanência na mama em cada mamada também não deve ser estabelecido, uma vez que a habilidade do bebê em esvaziar a mama varia entre as crianças e, numa mesma criança, pode variar ao longo do dia dependendo das circunstâncias, e de acordo com a idade. É importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança[19].
Os suplementos (água, chás, sucos, outros leites) devem ser evitados e o uso de chupetas/chucas/ mamadeiras também tem sido desaconselhado pela possibilidade de interferir com o aleitamento materno[17], além de trazer outros prejuízos ao desenvolvimento da criança.
Sabe-se que a necessidade neural de sucção e a fome fisiológica do bebê caminham em paralelo e que a única maneira de suprir a ambas, de forma plena, é através da amamentação. A ordenha do peito, em geral, é um processo demorado, ao passo que uma mamadeira pode ser esvaziada em menos de 5 minutos. A introdução de bicos artificiais gera um débito de sucção neural que frequentemente é compensado através da instalação de hábitos de sucção deletérios e indesejados[18].
- Meus dentes estão nascendo!
É comum que bebês amamentados com livre demanda aos 5 ou 6 meses comecem a sugar o dedo. Neste momento, em geral os dentes decíduos estão chegando e existe um grande desconforto dentro da boca.
É comum que bebês amamentados com livre demanda aos 5 ou 6 meses comecem a sugar o dedo. Neste momento, em geral os dentes decíduos estão chegando e existe um grande desconforto dentro da boca.
As gengivas estão inchadas, coçam, a salivação está aumentada; ele deseja coçá-las, mas não tem coordenação para tanto. Seu dedo, entretanto, já conhece o caminho da boca (desde a vida intra-uterina). Nesse momento, entendendo que não se trata de impulso de sucção neural insatisfeito, mas da maturação neural da função seguinte – a mastigação -, o ideal seria oferecer-lhe, além de amor e atenção, um mordedor para superar o desconforto dessa fase e impedir o “reforço” de que dedo na boca é prazer, evitando assim a transformação em hábito[18].
A idade de erupção, na verdade, é bastante variável e muito individual (os dentes podem começar a irromper já nos primeiros meses após o nascimento, ou demorar seis, oito meses ou até mais para aparecerem). Da mesma forma, os bebês apresentam diferentes sintomas na dentição: alguns são pouco afetados, outros sofrem muito. A melhor maneira de consolar um bebê é dar-lhe muito amor – amamente com especial carinho[20].
- Estou descobrindo o mundo!
Durante esta fase do desenvolvimento classificada na psicologia como ‘fase oral’, o bebê leva tudo à boca, como forma de explorar e conhecer seu próprio corpo e o mundo que o cerca. O ser humano passa por diferentes etapas nesta construção, desde o chupar o polegar até elaborar pensamentos com diferentes estruturas[21].
Durante esta fase do desenvolvimento classificada na psicologia como ‘fase oral’, o bebê leva tudo à boca, como forma de explorar e conhecer seu próprio corpo e o mundo que o cerca. O ser humano passa por diferentes etapas nesta construção, desde o chupar o polegar até elaborar pensamentos com diferentes estruturas[21].
O corpo é instrumento de comunicação e com ele é possível comunicar-se, desenvolver uma linguagem. É pelo corpo e através do corpo que o ser humano se comunica, recebe e envia mensagens e consegue ler o mundo.
O movimento ajuda a criança a construir conhecimento do mundo que a rodeia, pois é através das sensações e percepções que ela interage com o meio e aprende. Assim, brincando com seu corpo a criança vai construindo diferentes noções[22].
Um corpo organizado possibilita diversas formas de ação, sejam elas psicomotoras, emocionais, cognitivas ou sociais. Tanto chupar o dedo, que é natural nesta fase, como mamar, são, ao mesmo tempo, atos de prazer e de conhecimento[23].
O afeto, contido no desejo, manifestado pelo corpo, é determinante para a aprendizagem e não deve ser reprimido. “A criança aprende por experimentação, por experiências próprias. Aprender é aprender com o corpo, com a emoção. Do contrário essa criança vira um adulto desconectado do seu corpo e das suas emoções.” (Marcelo Michelshon, psicólogo)
Sucção é inata, é instintiva. É sinônimo de prazer, aprendizado e sobrevivência e perdura como necessidade vital durante um tempo prolongado. Esse período também é muito mais longo do que os adultos gostariam que fosse. É provável que o desenho original do ser humano tenha previsto uma amamentação e consequentemente necessidade de sucção mais prolongada, de três a cinco anos[24]. Estudos antropológicos sugerem que o período natural de amamentação para a espécie humana ficaria entre 2,5 e 7 anos[17]. A OMS recomenda amamentação exclusiva por 6 meses e complementada até os 2 anos ou mais. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo uma importante fonte de nutrientes, além de continuar conferindo proteção contra doenças infecciosas[17] e constituir a principal medida de prevenção contra o prolongamento patológico dos hábitos de sucção não nutritivos[18].
Sucção é inata, é instintiva. É sinônimo de prazer, aprendizado e sobrevivência e perdura como necessidade vital durante um tempo prolongado. Esse período também é muito mais longo do que os adultos gostariam que fosse. É provável que o desenho original do ser humano tenha previsto uma amamentação e consequentemente necessidade de sucção mais prolongada, de três a cinco anos[24]. Estudos antropológicos sugerem que o período natural de amamentação para a espécie humana ficaria entre 2,5 e 7 anos[17]. A OMS recomenda amamentação exclusiva por 6 meses e complementada até os 2 anos ou mais. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo uma importante fonte de nutrientes, além de continuar conferindo proteção contra doenças infecciosas[17] e constituir a principal medida de prevenção contra o prolongamento patológico dos hábitos de sucção não nutritivos[18].
- Estou estressado (ou algo não vai bem…).
É consenso geral que aborrecimentos e traumas emocionais sofridos pela gestante ou pela mãe acarretam problemas ao desenvolvimento normal do bebê, como no caso de algumas situações resultantes de tensão emocional, que geram atividade motriz exagerada, permanecendo enquanto durar a tensão. Na relação da gestante com o feto, relata-se que o grau de aceitação da gravidez é fator bastante importante que, possivelmente, influencie o bebê na vida pré e pós-natal[25].
É consenso geral que aborrecimentos e traumas emocionais sofridos pela gestante ou pela mãe acarretam problemas ao desenvolvimento normal do bebê, como no caso de algumas situações resultantes de tensão emocional, que geram atividade motriz exagerada, permanecendo enquanto durar a tensão. Na relação da gestante com o feto, relata-se que o grau de aceitação da gravidez é fator bastante importante que, possivelmente, influencie o bebê na vida pré e pós-natal[25].
Quanto ao efeito dos problemas emocionais e/ou sistêmicos da gestante sobre o aparecimento dos sinais de sucção, estes foram observados em alguns bebês, ainda que os resultados não tenham sido significativos[26]. Da mesma forma, estados de satisfação com a gravidez (satisfeita/indiferente) também pareceu não interferir significativamente na sucção digital em fetos[26].
Contudo, mãe e bebê são seres fusionais (até cerca dos dois anos de idade), de forma que o bebê muitas vezes manifesta de diversas formas o inconsciente materno[24]. Por isso, é muito válido entender a situação emocional da mãe que está por trás das manifestações que tanto incomodam no bebê.
É preciso também levar em conta que o estresse, atualmente, deixou de ser reservado aos adultos. As crianças podem sentir-se sobrecarregadas desde muito cedo – complicações na gravidez, experiências traumáticas no parto, separação prolongada dos pais ao nascer, dificuldades na amamentação, amamentação com controle de horários, rotinas rígidas, pouco contato físico, treinamento precoce de sono (para dormir sozinho e/ou a noite inteira), ignorar/deixar chorar sem consolo, desmame precoce e/ou abrupto, introdução alimentar acelerada, ingresso precoce em creche/escolinhas, cuidados terceirizados, pressão para controlar os esfíncteres (desfralde precoce), nascimento de um irmão, mudanças, perdas, excesso de atividades, doenças físicas, emocionais – ansiedade, depressão, repressão, personalidade tímida, criação autoritária, etc…O cansaço extremo tem a capacidade de destruir o campo afetivo das crianças[24]. É presumível que uma criança pequena possa encontrar prazer autonomamente ao sugar, se suas necessidades, particularmente as afetivas, estão sendo negligenciadas.
A prática clínica também indica a possibilidade de relação entre o ato de chupar vigorosamente o dedo com causas orgânicas, como por exemplo, reação pós-vacinal e associado a quadros de irritabilidade gerados por alergia à proteína do leite de vaca (APLV), entre outras. Nestes casos, além das medidas preventivas básicas, é preciso buscar manejo/tratamento adequado para o problema que desencadeou o quadro.
Por tudo isso, é imprescindível discernir o hábito do dedo (quando patológico) com um olhar ampliado; não superficialmente, como um problema em si, mas como um potencial sinalizador de experiências negativas que a criança possa estar vivenciando/ou tenha em algum momento vivenciado. Simplesmente anular um sintoma (como o de chupar o dedo, por exemplo) não deveria jamais ser um objetivo[24]. Não sem antes entender seu significado, a raiz do problema, ou o que está sendo comunicado através dele.
Nunca se deve reprimir o hábito colocando luvas, pimenta ou outras substâncias de sabor e aroma fortes no dedo. Por ser extremamente sensível, o organismo infantil pode reagir muito mal ao que foi ingerido. Aliás, nenhuma atitude que possa agredir de qualquer forma a criança deve ser considerada. Ridicularizar, punir, envergonhar, chantagear e diminuir a criança, principalmente diante de outras pessoas, só aumenta a ansiedade, o que pode levar à piora do quadro. Ou ainda acabar desenvolvendo outros sintomas em substituição (angústias, terrores noturnos, choros desmedidos, doenças, apatia) – os quais podem ter sido gerados pelos adultos de forma não intencional, sem perceber.
Apoiar os filhos é entender e aceitar seus processos naturais de amadurecimento e crescimento, em seu tempo único[24]. Muitas vezes é necessário reajustar as próprias expectativas, adquirir conhecimento e segurança para lidar com as diferentes fases com naturalidade, a fim de se tornar capaz de oferecer a ajuda, o respeito, a segurança e o amor incondicional tão necessários para que as crianças cresçam com equilíbrio e superem qualquer problema/dificuldade.
Apoiar os filhos é entender e aceitar seus processos naturais de amadurecimento e crescimento, em seu tempo único[24]. Muitas vezes é necessário reajustar as próprias expectativas, adquirir conhecimento e segurança para lidar com as diferentes fases com naturalidade, a fim de se tornar capaz de oferecer a ajuda, o respeito, a segurança e o amor incondicional tão necessários para que as crianças cresçam com equilíbrio e superem qualquer problema/dificuldade.
- Eu não quero chupeta!
Ao contrário do que se costuma acreditar, os danos causados pela sucção prolongada de dedo e de chupeta podem ser bem semelhantes[27, 28], especialmente quando a criança não é suficientemente amamentada; o que, segundo dados do Ministério da Saúde, é muito comum no Brasil, já que a média de amamentação exclusiva é de 54 dias e apenas 10% das brasileiras conseguem amamentar exclusivamente até o sexto mês[29].
Ao contrário do que se costuma acreditar, os danos causados pela sucção prolongada de dedo e de chupeta podem ser bem semelhantes[27, 28], especialmente quando a criança não é suficientemente amamentada; o que, segundo dados do Ministério da Saúde, é muito comum no Brasil, já que a média de amamentação exclusiva é de 54 dias e apenas 10% das brasileiras conseguem amamentar exclusivamente até o sexto mês[29].
A sucção do dedo, contudo, tem como vantagem o fato de ser natural, intracorpórea, ter calor, odor e consistência mais parecidos com o mamilo além de ficar praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade bucal. Durante a sucção do dedo, a língua vem para a frente, assim como na ordenha do peito materno e o padrão de respiração nasal é mantido[18]. A amamentação não é prejudicada. Por tudo isso, a orientação de substituir o dedo pela chupeta faz pouco sentido.
Dados epidemiológicos mostram que 10% das crianças chupam o dedo prolongadamente[7, 30], sendo frequente nestes casos a falta de amamentação ou o desmame precoce.
A crença popular dita que o hábito de sucção digital é mais difícil de ser descontinuado do que o da chupeta. Entretanto, dados de pesquisa demonstram que ambos, dedo e chupeta, na verdade, podem ser muito difíceis de serem superados pela criança. Em uma clínica de ortodontia, 92,3% das crianças apresentaram dificuldade de abandonar o dedo, enquanto outras 91% apresentaram a mesma dificuldade em relação à chupeta; uma diferença insignificante em termos estatísticos[31].
Segundo a visão autoritária dos adultos, é possível suprimir a chupeta. Mas essa atitude não leva a criança a se livrar de sua necessidade de sugar, ainda não superada. Cada etapa que é vivida plenamente termina plenamente e evolui para outros interesses.
Caso contrário, as necessidades não satisfeitas se deslocam e muitas vezes não se compreende a associação de causa e efeito. Por exemplo, vícios como o de fumar, a compulsão de comer, a dedicação insana ao trabalho ou os ciúmes desmedidos em certas relações afetivas à procura de prazer – sem, no entanto, conseguir encontrá-lo por meio dessa reparação ilusória, uma vez que se trata de uma transferência inconsciente e tardia de necessidades básicas que não foram satisfeitas. O fato de uma criança pequena sugar não apenas costuma ser normal, como esperado. É preciso se preocupar quando o hábito se torna patológico, impedindo a comunicação/interação social ou causando desequilíbrios sobre o desenvolvimento e doenças*. Nestes casos é importante intervir adequada e oportunamente. Simultaneamente, é imprescindível oferecer à criança presença, comunicação e diálogo para que ela adquira habilidades que a tornem capaz de superar as necessidades orais primárias[24].
A partir do exposto, conclui-se que orientação de substituir o dedo pela chupeta representa um grande equívoco. As evidências apontam que, em vez disso, os especialistas poderiam encarar o dedo com maior naturalidade e principalmente apoiar, promover e proteger o aleitamento materno pelo tempo que durar a necessidade oral da criança.
- Eu quero você!
Quando o abandono emocional é muito grande, advém a necessidade de procurar prazer solitariamente. Por isso nossos olhares devem se dirigir à necessidade original e não à maneira encontrada pela criança para aliviar suas dores, no caso, quando a sucção do dedo tende a se tornar patológica.
Quando o abandono emocional é muito grande, advém a necessidade de procurar prazer solitariamente. Por isso nossos olhares devem se dirigir à necessidade original e não à maneira encontrada pela criança para aliviar suas dores, no caso, quando a sucção do dedo tende a se tornar patológica.
Em geral, os adultos têm sempre alguma coisa mais importante ou urgente para resolver; gostariam que a criança ficasse sozinha, mas sem chupar o dedo. Isso significa ficar duplamente sozinha. Quando a criança é tímida, precisa ainda mais da presença de um adulto que, com amor, volte a colocá-la no mundo do intercâmbio e da comunicação, da brincadeira e da fantasia criativa, e aí o hábito de sucção não nutritiva perde o seu valor.
Em relação à sucção digital, é, portanto, imprescindível avaliar se trata-se de uma condição normal, uma patologia ou, simplesmente, de uma criança que está sozinha e espera[24].
Acima de tudo, o bebê quer dizer:
- Papai/Mamãe, me aceitem como eu sou!
- Papai/Mamãe, me aceitem como eu sou!
Sei que vocês criaram muitos planos e expectativas a meu respeito e podem estar se sentindo confusos e frustrados neste momento, com tantas orientações e opiniões contraditórias que circulam por aí. Mas se vocês estiverem ao meu lado, tentarem me entender, respeitarem essa minha fase e me derem muito amor – daquele jeito que eu entendo que sou amado e que só vocês são capazes de me amar – eu tenho certeza que superarei, no meu tempo, qualquer dificuldade ou fase. Eu sei que eu posso; confiem em mim. Eu confio em vocês!
Ass.: Bebê.
Ass.: Bebê.
*P.S.: Nos casos de prolongamento patológico da sucção, a criança poderá necessitar de apoio especializado para conseguir superar o hábito. Quando existirem alterações de desenvolvimento oro-facial (anatômicas e/ou funcionais) e oclusal, o acompanhamento por dentista especialista em ortopedia funcional dos maxilares e fono especialista em motricidade oral é recomendável, bem como, provavelmente, um apoio psicológico especializado. A técnica do Mamilo[32], um acessório colocado em aparelhos ortopédicos mecânicos ou funcionais, ajuda a criança a satisfazer a necessidade residual neural de sucção, estressando o hábito (funciona como um estímulo de sucção alternativo ao natural, isto é, a amamentação no peito; e pode ser usado em fases bem precoces do desenvolvimento, a partir da confirmação da necessidade através de diagnóstico clínico apropriado). A resposta favorável do organismo na totalidade dos casos se deve à técnica atuar, não contra o hábito, e sim a favor da fisiologia, da biologia e da saúde da criança[18].
Leia mais sobre o Mamilo aqui
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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[30]Silva Filho, O.G. et al. Hábitos de sucção e má oclusão: epidemiologia na dentadura decídua. Rev Clin Ortodon Dental Press, v. 2, n. 5, p. 57-74, 2003.
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[32]Carvalho, GD. et al. O uso do aparelho “Mamilo” para tratamento do hábito de sucção digital. RGO 48 (4): 207-214; 2000.
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[30]Silva Filho, O.G. et al. Hábitos de sucção e má oclusão: epidemiologia na dentadura decídua. Rev Clin Ortodon Dental Press, v. 2, n. 5, p. 57-74, 2003.
[31]Rosa, LPPB. Brancher, LM. Avaliação dos hábitos deletérios infanto-juvenis nos pacientes da Disciplina de Ortodontia e Ortopedia Clínica da FO-UFRGS. Trabalho de conclusão de graduação; 2009
[32]Carvalho, GD. et al. O uso do aparelho “Mamilo” para tratamento do hábito de sucção digital. RGO 48 (4): 207-214; 2000.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Como eliminar a chupeta
Este texto é para você que acabou de ler sobre os malefícios da chupeta e por isso resolveu jogá-la fora, mas não sabe como começar o processo de retirada e como fazer isso de forma que seu bebê não sofra.
Ok, vamos começar entendendo qual é a real função da chupeta: ela é uma substituta (pobre) do peito. Todo bebê tem necessidade de sucção, que deveria ser suprida no peito, portanto, ao retirar a chupeta, o mais correto é colocar o bebê no peito, sempre antecipando os sinais de irritação e choro. Isso é a verdadeira livre demanda: o bebê suga o peito da mãe não só quando tem fome, mas sempre que precisa. Até a sucção não nutritiva tem sua importância na amamentação: ela ajuda a regular a produção de leite de acordo com a demanda do bebê.
Ok, vamos começar entendendo qual é a real função da chupeta: ela é uma substituta (pobre) do peito. Todo bebê tem necessidade de sucção, que deveria ser suprida no peito, portanto, ao retirar a chupeta, o mais correto é colocar o bebê no peito, sempre antecipando os sinais de irritação e choro. Isso é a verdadeira livre demanda: o bebê suga o peito da mãe não só quando tem fome, mas sempre que precisa. Até a sucção não nutritiva tem sua importância na amamentação: ela ajuda a regular a produção de leite de acordo com a demanda do bebê.
Se a mãe ainda está em casa com o bebê (não voltou a trabalhar ainda) a chupeta pode ir direto para o lixo, e o bebê provavelmente solicitará mais a mãe até finalizar essa transição. A maioria dos bebês prefere o peito à chupeta, então essa troca não costuma ser traumática, desde que a mãe esteja disponível realmente, ou seja, ela não deve ficar regulando as mamadas, não deve ficar incomodada se o bebê estiver apenas "chupetando". Um sling pode ser muito útil - o bebê fica no colo, mamando, enquanto a mãe tem as mãos livres para outras atividades.
Quando a mãe já retornou ao trabalho: nesse caso realmente é mais complicado, pois o bebê não terá a mãe para confortá-lo. O ideal aqui seria tentar diminuir gradativamente o uso da chupeta, e para isso o cuidador precisará dedicar muita atenção ao bebê. Se a chupeta era usada para acalmar qualquer choro, tentar substituí-la por brincadeiras, distrações, água. Se a chupeta só era usada nos momentos do sono, passar a ninar o bebê de outra forma, sem chupeta (ex.: colo, rede, carrinho, sling). E se o bebê descobrir o dedo como substituto da chupeta: ok, ele conseguiu uma forma de se acalmar sozinho, não se preocupe pois o dedo nem sempre é vilão.
Quando o bebê já está maior e já tem um grande apego pela chupeta: neste caso deve-se avaliar muito bem se vale a pena fazer a retirada. Pode-se tentar conversar com a criança, oferecer distrações, mas não vale a pena amedrontá-la nem punir de forma alguma (lembre que o uso da chupeta foi uma decisão dos pais), nem oferecer prêmios. Se a criança já desmamou e não chupa dedo ela não conseguirá facilmente um substituto para a chupeta, correndo o risco de levar para a vida adulta a necessidade de sucção não suprida (o que pode causar problemas psicológicos) logo, nestes casos, é melhor esperar que a criança abandone o hábito espontaneamente.
Quando o bebê já está maior e já tem um grande apego pela chupeta: neste caso deve-se avaliar muito bem se vale a pena fazer a retirada. Pode-se tentar conversar com a criança, oferecer distrações, mas não vale a pena amedrontá-la nem punir de forma alguma (lembre que o uso da chupeta foi uma decisão dos pais), nem oferecer prêmios. Se a criança já desmamou e não chupa dedo ela não conseguirá facilmente um substituto para a chupeta, correndo o risco de levar para a vida adulta a necessidade de sucção não suprida (o que pode causar problemas psicológicos) logo, nestes casos, é melhor esperar que a criança abandone o hábito espontaneamente.
Segue um relato de retirada natural da chupeta: http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/sobre-um-dos-meus-erros-e-seus-reflexos.html
quarta-feira, 16 de julho de 2014
A CHUPETA: O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu bebê.
A CHUPETA: O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu
bebê.
Por Andréia Stankiewicz.
Cirurgiã-dentista especialista em odontopediatria e ortopedia funcional dos
maxilares. Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares e Respiração Bucal
(NEOM-RB) e da Associação Brasileira de Odontologia Neonatal e Aleitamento
Materno (ABONAM). Moderadora voluntária Grupo Virtual de Amamentação.

A oferta da chupeta se difundiu amplamente na sociedade contemporânea. Trouxe consigo
conveniência e comodidade, “simplificando” a tarefa dos adultos em acalmar o bebê. Alguns
nem questionam, acostumados que estão em associar maternidade-chupeta-bebê; mas muitos
se perguntam se deveriam ou não oferecê-la. Desconhecimento, falta de tempo, modelos
culturais negativos, recomendações desencontradas dos especialistas, desconexão, apreço
pela ideia de independentização precoce do bebê, propaganda, consumismo, imediatismo,
terceirização dos cuidados da criança, necessidades dos adultos, reprodução das próprias
experiências vividas na infância, crenças pessoais, inconsciência e tantos outros motivos
popularizam o seu uso e fazem com que formas naturais e gentis de lidar com o choro e as
demandas do bebê sejam deixadas de lado - afinal de contas, costumam ser mais trabalhosas;
exigem maior disponibilidade, criatividade e atenção. Assim, a necessidade básica de sucção
no peito acaba não sendo plenamente suprida, muito menos as necessidades psico-afetivas do
bebê, como um ser humano complexo em formação; que necessita de toque, contato, afeto,
proximidade - de calor humano, afinal. O motivo do choro que está sendo silenciado fica sem
resposta. Atrapalha o desenvolvimento da comunicação e do vínculo entre pais e filhos. O
bebê se distrai, se desconecta e solicita menos vínculo pessoal – transfere suas necessidades
humanas amplas e profundas para um objeto frio e inanimado. Seus sentimentos e
necessidades são reduzidos a mera questão física: conhecida como ‘necessidade de sucção’. A
chupeta acaba se tornando para os pais uma solução mágica e instantânea, que se arrasta pela
infância afora e chega até a idade adulta disfarçada de várias formas. Por isso, não se iluda! A
chupeta não é assim tão inocente quanto parece, nem se torna vilã de uma hora para outra.
Riscos existem sempre, pois é um estímulo patológico, e aumentam em quantidade e
gravidade ao longo do desenvolvimento infantil. Acompanhe, sob uma perspectiva baseada
em evidências, os riscos potenciais relacionadas ao uso da chupeta.
- Interfere negativamente sobre a amamentação. As recomendações oficiais, avalizadas
por órgãos de respaldo como a Organização Mundial de Saúde, orientam a
amamentação exclusiva durante 6 meses, complementada por alimentos até 1 ano e
continuada por 2 anos ou mais. Estudos mostram que crianças que desmamam
precocemente usam chupeta com maior freqüência do que aquelas que são
amamentadas por um período maior (1, 2, 4). O gráfico abaixo, extraído de uma pesquisa
peer review (3), demonstra claramente como a chupeta induz ao desmame ao longo do
tempo:
A confusão de bicos (fig. 1 e 2) descrita na literatura acontece porque a musculatura é
trabalhada de forma completamente diferente durante a sucção do peito e da
chupeta (3 - Quadro 1 - APÊNDICE). A sucção de um bico artificial leva à perda da
tonicidade e alteração da postura muscular (dos lábios e língua, principalmente),
fazendo com que o bebê não consiga manter corretamente a pega do peito. Além
disso, existem evidências de que chupar chupeta diminui a produção de leite, pois o
bebê solicita menos o peito, causa ferimentos na mãe devido à pega incorreta, o que
acaba interferindo até mesmo no seu ganho de peso. Não oferecer bicos artificiais e
chupetas a crianças amamentadas é um dos Dez passos para o Sucesso do Aleitamento
Materno recomendado pela Organização Mundial de Saúde, UNICEF e Ministério da
Saúde (6), e todos os profissionais/serviços de saúde que protegem, promovem e apoiam
de fato a amamentação são unânimes em reconhecer a importância de esclarecer a
população sobre este passo.

- Prejudica a correta maturação funcional do sistema estomatognático (SE)*. Atrapalha
na fala, mastigação, deglutição e respiração da criança (3). Podem surgir deficiências de
dicção, presença de sibilo/ceceio na fala, voz rouca e/ou anasalada. A mastigação
perde sua característica normal bilateral e alternada, tendendo a vertical ou
unilateral (5), afetando diretamente as articulações têmporo-mandibulares e o
desenvolvimento das estruturas envolvidas. Desenvolve-se potencialmente uma
deglutição atípica, com interposição de língua e participação da musculatura peri-oral.
O padrão respiratório se altera de nasal para bucal ou misto (3, 5). Assim, existe um
consenso na literatura científica de que hábitos de sucção não-nutritivos são
potencialmente nocivos para a saúde da criança e que, por isso, devem ser
desestimulados (6) ou removidos o mais cedo possível no intuito de minimizar os danos (7).
- Altera a postura e tonicidade dos músculos da boca: aumenta o risco do lábio superior
ficar encurtado, o lábio inferior, flácido e evertido (virado para fora), ocorrendo a
perda do selamento labial passivo (sem esforço), a pele do queixo pode ficar enrugada
(refletindo o esforço do músculo mentalis para auxiliar no vedamento labial), as
bochechas se tornarem hiper/hipotonificadas e ‘caídas’ (de acordo com a forma que a
criança adapta a sucção) e a língua perde a tonicidade normal, ficando numa posição
baixa e retruída dentro da cavidade bucal (fig. 3); alterando assim toda a
anatomofisiologia do SE* e o curso natural de desenvolvimento. Portanto, já existem
evidências suficientes que comprovam que crianças que chupam chupeta (tanto as
convencionais como as anatômicas/ortodônticas) apresentam maior prevalência de
alterações nas estruturas mio-funcionais orais, quando comparadas àquelas que nunca chuparam (4).

- Causa deformações esqueléticas na boca e na face: Os ossos da face crescem de forma
desarmônica, com alterações e rotações dos planos de crescimento (fig. 4) (5). As arcadas
e os ossos nasais sofrem atresias (estreitamento/palato profundo) (4) e desvios (desvio
de septo) prejudicando também as funções de deglutição, mastigação, fala e respiração (fig.
5 - 6) e se tornando um obstáculo mecânico à cura de uma série de patologias
(especialmente, as “ites” = rinite, sinusite, amigdalite, bronquite, otite, adenóides
hipertróficas, ronco e hipopnéia/apnéia obstrutiva do sono, etc...). A distância
intercanina superior é menor nas crianças que chupam qualquer dos tipos de chupeta
(tanto convencionais como ortodônticos), o que novamente indica que o palato destas
crianças com hábito de chupeta, é mais estreito do que das crianças sem hábito (4). A
mandíbula mantém a posição retruída do nascimento, isto é, o queixo não cresce
adequadamente, prejudicando a estética, a fisiologia, a oclusão e o equilíbrio de
desenvolvimento (fig. 7).




- Provoca maloclusão dentária. Hábitos de sucção podem provocar alterações
histológicas de reabsorção e aposição óssea, da mesma maneira que ocorre quando da
utilização de forças ortodônticas leves e lentas. A chupeta, dessa forma, atua por
pressão mecânica, movendo os dentes e modificando o crescimento maxilar (PROFITT,
1986) (36). Mordidas abertas, mordidas cruzadas (fig. 8), maloclusão de Classe II, overjet
acentuado, sobremordida/mordida profunda (fig. 9) e outras alterações nos dentes
são associadas ao uso de bicos artificiais. O risco de desenvolver parafunções como
bruxismo e desordens da ATM é aumentado (45). A prevalência de alterações nos arcos
dentais é maior nas crianças que usam chupeta, tanto convencionais como
anatômicas/ortodônticas, do que naquelas que não usam (4). Crianças com hábitos de
sucção não-nutritiva apresentam 12 vezes mais chance de desenvolver problemas
oclusais do que crianças sem hábito (10). Mais de 70% das crianças que possuem hábitos
de sucção não-nutritiva apresentam algum tipo de maloclusão (11).

- Não existem no mercado bicos fisiológicos, anatomicamente comparáveis ao bico do
peito natural: Em relação ao mamilo, os bicos de borracha apresentam diferenças
significativas em sua textura, forma, compressão/distensão/elasticidade, no trabalho
que realizam e nas consequências desse trabalho (5). Já foi demonstrado em estudo
realizado com diferentes marcas comerciais disponíveis no mercado que bicos
artificiais são significativamente menos elásticos do que o bico do peito, e que o seu
comprimento pouco se altera dentro da cavidade bucal, de forma que é a boca que se
molda a ele, e não o oposto como ocorre no caso do bico do peito (fig. 9 – 11). O bico
do peito tem a capacidade de distender-se dentro da boca (protractibilidade) até 3
vezes o seu comprimento inicial, enquanto o bico de borracha pouco se altera (10).

A primeira figura mostra o bico ortodôntico posicionado dentro da boca do bebê, “entulhando”
ainda mais a língua dentro da boca e “empurrando”-a de forma a obstruir o tubo respiratório
na região da oro-faringe (garganta). Percebe-se a postura invertida em relação ao normal:
ponta baixa e dorso elevado. A segunda figura avalia um bico convencional, de ponta
arredondada, denotando também uma postura alterada, ainda que o espaço funcional da
língua e a dimensão vertical da cavidade bucal estejam sendo menos afetados.
- A chupeta não é menos nociva do que o dedo: Dados epidemiológicos mostram que
apenas 10% das crianças chupam o dedo prolongadamente (11, 13), enquanto 60 a 82% (10,
11, 13), chupam chupeta e 4,1% associam os dois hábitos (10). A grande maioria delas não
foi suficientemente amamentada. No Brasil, a média de amamentação exclusiva é de
54 dias e apenas 10% das brasileiras conseguem amamentar exclusivamente até o
sexto mês (46).
Ao contrário do que se costuma acreditar, os danos causados pela sucção prolongada
de dedo ou de chupeta são bem semelhantes (14, 15). Na verdade, alguns autores
demonstraram até mesmo que a chupeta tem potencial para provocar maiores
estragos sobre a mordida em um período mais curto de tempo do que a própria
sucção do dedo (38).
A sucção do dedo, contudo, como vantagem, se assemelharia mais ao peito (fig. 12)
por ser intracorpórea, ter calor, odor e consistência mais parecidos com o mamilo e
pelo fato de ficar praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade
bucal (próximo ao ponto de sucção, no fundo da boca). A língua vem para a frente
durante a sua sucção, como acontece com o mamilo na ordenha do peito materno e o
padrão de respiração nasal é mantido (16). A amamentação não é prejudicada. Por tudo
isso, a orientação de substituir o dedo pela chupeta faz pouco sentido.
Chupar dedo é natural. O bebê é capaz de chupar dedo desde a barriga (17), o que
inclusive denota um adequado desenvolvimento neuro-motor para a fase (fig. 13).
Durante o seu desenvolvimento, especialmente nos períodos de desconforto e
irritação provocados pela erupção dentária (que inicia a partir dos 4-6 meses até em
torno dos 3 anos, quando a dentição decídua está completa), é normal que ele leve um
ou mais dedos à boca. Nessa fase devemos proporcionar variedade de estímulos,
como alimentos de consistência dura, mordedores, além de brincadeiras diversas,
atenção, carinho, paciência e peito; a fim de que o hábito cesse espontaneamente.
Hábitos de sucção digital prolongado geralmente se relacionam a personalidades mais
tímidas e introvertidas, que, portanto, necessitam de segurança, apoio, respeito e
aceitação extra dos pais para superarem prováveis dificuldades sociais e emocionais
relacionadas. Formas de criação autoritárias, repressoras, rígidas e que valorizam a
independência infantil a todo custo, ainda que a criança não demonstre
amadurecimento neuro-emocional suficiente para tanto, também podem contribuir na
perpetuação prolongada da necessidade da criança em chupar o dedo (43).
A persistência da sucção de dedo não é freqüente em crianças bem amamentadas (7, 18).
Mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros
seis meses de vida não apresentam hábitos (13, 19).

- Os bicos ortodônticos podem ser até mais prejudiciais do que os convencionais: Não
existem evidências que comprovem substancialmente a existência de vantagens reais
nos bicos anatômicos ou ortodônticos (20). Embora se acredite que sejam
potencialmente menos nocivos em relação às alterações dentárias, chupetas
ortodônticas mantêm o dorso ainda mais elevado e a ponta da língua ainda mais baixa
e mais posteriorizada do que o bico comum (Fig. 14 a 16) (5). Produzem mais
movimentos incorretos com a língua, a deglutição é deflagrada mais tardiamente e
existe um maior esforço e pressão negativa formada durante a sucção (21). Ou seja, o
risco de interferir negativamente sobre o desenvolvimento esquelético e dentário é
ainda maior.
Vários autores que pesquisaram clinicamente os efeitos relacionados a modelos
convencionais e anatômicos (também conhecidas como ortodônticos) afirmam que
não existe grande diferença entre os prejuízos causados por ambas; concluindo não
haver grandes vantagens em recomendar um ou outro (22).
A utilização de bicos anatômicos, de modo geral mais curtos com relação ao bico
comum e voltados para o palato, aumenta mais a pressão negativa intra-oral (5),
tornando a força/intensidade de sucção ainda maior; o que potencializa os riscos de
usar estes modelos, ainda que de forma “racional”, como muitos especialistas insistem
em sugerir baseados em percepções pessoais, subjetivas e limitadas; ao invés de
exercer a Odontologia Baseada em Evidências.
Um paralelo pertinente pode ser traçado entre mastigação e efeitos sobre o
desenvolvimento: a mastigação efetiva realizada por um período curto de tempo/dia
(estimando-se uma média aproximada de 1 hora/dia), tem potencial de influenciar o
plano oclusal, a mordida, a postura mandibular, a determinação da ‘Linha Média’, a
morfo-fisiologia articular têmporo-mandibular, o equilíbrio de desenvolvimento e
influenciar a qualidade de vida do indivíduo a curto, médio e longo prazo (7). Por que a
sucção, tão intensa e importante num período crítico e vulnerável do desenvolvimento
infantil, não exerceria a mesma influência (ainda que o uso seja controlado/limitado a
poucas minutos/horas/dia)?


- Representa uma das causas de Respiração Bucal: Quando a criança respira pela boca
pode ter o seu desenvolvimento comprometido (fig. 17) pelas inúmeras consequências
que isso acarreta ao organismo como um todo. O ar inspirado pela boca não sofre o
processo de filtragem, aquecimento e umedecimento fisiológicos, deixando o sistema
respiratório mais vulnerável a doenças em geral. A respiração bucal ainda acarreta
uma gama de alterações físicas (patologias respiratórias [fig. 18], problemas
nutricionais e de crescimento, alterações fonoaudiológicas, do sono [ronco, apnéia,
pesadelos, terror noturno, enurese noturna/xixi na cama, bruxismo] maloclusão e
problemas orto-ortopédicos, posturais (fig. 19), comportamentais e emocionais
(problemas de aprendizado, distúrbios de ansiedade, impulsividade, fobias, agitação,
cansaço e hiperatividade, baixa autoestima) (5, 23).



- Cria-se um hábito de difícil remoção: A sucção não-nutritiva não é um sintoma único e
isolado, mas, ao contrário, insere-se dentro de um contexto mais amplo, podendo ser
um entre vários sintomas relacionados a conflitos de instabilidade emocional com
raízes em situações anteriores (24), como, por exemplo, a não satisfação plena da
necessidade básica do bebê de mamar no peito (5, 7, 18) ou ainda outras
carências/demandas não atendidas/mal atendidas.
A remoção repentina ou abrupta da chupeta pode gerar efeitos psicológicos
complexos e difíceis de mensurar e pode levar à substituição por hábitos de sucção de
dedo, lábio, língua, onicofagia (roer unhas) ou outros. Esses hábitos podem ser
substituídos ao longo da vida por comer, fumar ou outros transtornos compulsivos,
segundo a teoria psicanalítica (freudiana) (5, 9).
Uma criança que se vê repentinamente subtraída da chupeta, seu porto seguro (ainda
que seja apenas para os momentos de sono ou que use ‘só um pouquinho’ como
muitos dizem), pode sentir uma frustração imensa a qual provavelmente nem seja
capaz de verbalizar/expressar. Neste caso, é bem provável que arquive no
inconsciente o abuso e desrespeito sofrido diante da atitude arbitrária do adulto, o
qual relativizou ou mesmo não percebeu a relação de apego que a criança construiu
com o objeto. Poderá ser deixada chorando para que desacostume do hábito, ou
então ser enganada, chantageada, subornada, coagida, ridicularizada ou humilhada
para que aceite se desfazer da chupeta.
O estresse acentuado nesta fase de desenvolvimento (geralmente sinalizado pelo
choro excessivo) tem potenciais efeitos negativos sobre o desenvolvimento cerebral
do indivíduo, devido aos altos níveis de cortisol que são liberados (44). Por isso, deixar
chorar até que o bebê acostume é um risco e pode ter um custo alto.
Muitos profissionais perpetuam a crença de que o hábito de sucção digital é muito
mais difícil de ser descontinuado do que o da chupeta. Entretanto, dados de pesquisa
mostram que ambos, dedo e chupeta, na verdade, podem ser muito difíceis para a
criança superar e que a diferença entre eles na dificuldade de interrupção pode ser
considerada insignificante (equivalente a 92,3% para o dedo x 91% para a chupeta em
uma amostragem de pacientes ortodônticos); ou seja, a dificuldade de remoção pode
ser considerada praticamente idêntica. O grande diferencial que ajuda a criança a
superar hábitos, segundo o consenso na literatura, é a amamentação, muito
provavelmente também por fortalecer os vínculos, a segurança, a confiança e conferir
uma base de respeito profundo à relação desde o princípio. Além do mais, a sucção
digital não constitui um dos hábitos mais prevalentes na atualidade – a maior
preocupação ainda deveria ser em relação a chupetas e mamadeiras (42). Que todos os
conhecimentos que já temos na atualidade sejam um dia capazes de romper os
paradigmas da cultura do artificial em detrimento do natural.
- Seus efeitos podem ser observados desde cedo: A ideia de ‘uso racional’ e de que se a
chupeta fosse removida até uma certa idade (1, 2, 3 anos, variando entre diferentes
autores) não traria prejuízos à criança se propagou advinda de uma prática clínica já
ultrapassada centrada no dente (visão odontocêntrica), onde era possível observar a
autocorreção de alguns tipos de maloclusão como a mordida aberta anterior a partir
da descontinuidade do hábito. A evolução do conhecimento, entretanto, vem
demonstrando que seus efeitos sobre ossos, músculos e dentes (bem como suas
repercussões funcionais) dificilmente se autocorrigem espontaneamente.
Avaliando os efeitos a longo prazo do hábito de sucção de chupeta sobre a dentição
decídua e mista, pesquisas demonstram que o bico artificial, ainda que descontinuado
durante a fase de dentição decídua jovem, provoca alterações na mordida nas fases
subsequentes do desenvolvimento dentário. Concluindo que as recomendações atuais
para interromper esses hábitos não são o ideal na prevenção de maloclusões
relacionadas a hábitos e que, portanto, precisam ser revistas (37, 38).
Além do mais, o primeiro ano de vida do bebê é um período crítico para o seu
desenvolvimento, de metabolismo ósseo acelerado e aprendizado/maturação de
funções vitais, o que torna a presença de estímulos patológicos ainda mais agressiva,
ainda que por períodos limitados de tempo. Na imagem abaixo, observamos um bebê
de 4 meses que ainda não tem dentes, mas já sofre as conseqüências do hábito de
sucção: perda do selamento dos lábios, postura de língua baixa, estreitamento da base
do nariz, etc... Tudo isso vai afetar de alguma forma o seu padrão de crescimento e
desenvolvimento.

- “Chupetar” peito não existe! O termo “chupetar” deveria se referir exclusivamente à
chupeta, onde o bebê realiza uma sucção não-nutritiva simplória. Dizer que o bebê
está fazendo o peito de chupeta (“chupetando”), quando na verdade ele está
mamando constitui um erro semântico; já que mamar constitui um ato complexo que
envolve, não apenas extrair o leite, mas também sugar, estar em contato íntimo com a
mãe, e sentir todas as sensações orgânicas e psico-afetivas envolvidas, com suas
respectivas repercussões. Como poderia o bebê fazer o peito de chupeta se este tipo
de artifício não é natural para ele e não lhe proporciona toda essa riqueza de
estímulos? Bicos artificiais, muito pelo contrário, representam um estímulo de sucção
patológica. O que sua memória instintiva, seu impulso pela sobrevivência reclama e
pede é o peito da mãe, fisiológico/natural, e não a chupeta. Tanto é que a maioria das
crianças só aceita a chupeta após muita insistência dos adultos. Argumenta-se que
alguns bebês teriam uma necessidade maior de sucção e que, após satisfazerem sua
fome, ficariam no peito apenas “chupetando”, sugando, mesmo sem leite. O que
acontece é que existem fases do desenvolvimento e necessidades individuais
específicas (saltos e picos de crescimento (24)) onde a demanda aumenta
repentinamente e o peito necessita receber mais estímulo para ajustar a produção.
Todo bebê esperto sabe muito bem que mamar faz a produção de leite aumentar.
Além disso, ele está ao mesmo tempo satisfazendo sua necessidade neural de sucção (5,
7). Por isso, o famoso "chupetar" faz parte desse todo da amamentação (físico +
emocional). Tem inclusive um papel importante na regulação da produção-demanda e
na satisfação plena das necessidades orais e humanas de vínculo pessoal.
- A chupeta como prevenção para a Síndrome da Morte Súbita Infantil: Nos últimos anos
a chupeta tem sido recomendada para reduzir o risco da Síndrome da Morte Súbita no
Infantil (SMSI) (26). Diante desta recomendação, é importante assinalar a existência de
muitas evidências, como por exemplo um estudo caso-controle com 333 lactentes com
diagnóstico de SMSI e 998 crianças hígidas, o qual apontou que a amamentação reduz
o risco de morte súbita em 50% em todas as idades (27). Como a chupeta favorece o
desmame, deve-se reconsiderar o incentivo do seu uso para esse fim, pois benefícios
maiores podem ser obtidos com a amamentação (8).
A etiologia da Síndrome da Morte Súbita Infantil ainda é DESCONHECIDA, por isso a
literatura se mantém tão controversa neste aspecto.
Cita-se que o benefício seria de prevenir algo em torno de 1 morte súbita infantil para
cada 2733 crianças que usam chupetas quando colocadas para dormir (39). Já o impacto
de outras medidas, como a posição durante o sono, parece ter um impacto muito
maior (além de não oferecer riscos de prejudicar a correta maturação neuro-funcional
das estruturas do sistema estomatognático).
"Nos últimos anos, o simples ato de mudar a posição de dormir do bebê de prona para
supina diminuiu significativamente o índice de morte súbita.
Houve, por exemplo, uma diminuição de 90% na taxa de SIDS no Reino Unido de 1981
a 1992, desde a introdução da nova recomendação de colocar bebês para dormirem
na posição supina e 50% de redução na Holanda, Austrália e Nova Zelândia." (SMALL,
1998) (40).
É preciso que se faça a leitura crítica das evidências. Por exemplo, nas recomendações
da Academia Americana de Pediatria-AAP (2005) fala-se em CONSIDERAR a chupeta
como fator de proteção da morte súbita do lactente. A recomendação seria de colocar
o bebê para dormir até 1 ano, introduzindo a chupeta, mas só após 1 mês para bebês
em aleitamento materno exclusivo. Entretanto, esta recomendação claramente
contraria todas as evidências de alto nível que demonstram a relação negativa da
chupeta com a duração da amamentação, além de outros vários artigos sobre
contaminação da chupeta por microorganismos, risco aumentado de otite média,
maloclusão, etc. (41).
No contexto nacional, onde a morte súbita não constitui a principal causa de morte de
bebês, como acontece em outros países, como por exemplo os EUA; é muito mais
importante proteger, promover e apoiar a amamentação. E isso inclui evitar o uso de
bicos artificiais.
- Considerações sobre a toxicidade e segurança da chupeta: Durante o processamento
da borracha natural e a criação da sintética, várias substâncias são adicionadas ao látex
com o intuito de conferir maior elasticidade (28). Em contato com a saliva, esses produtos
se volatilizam, trazendo riscos à saúde; além da possibilidade de existirem crianças
alérgicas ao látex (29). Como qualquer outro objeto levado à boca, a chupeta pode servir
de veículo para infecções diversas (otite, candidíase, cáries, etc.) (30). Outros riscos
potenciais são o de acidentes, obstrução das vias aéreas e estrangulamento por cordas
amarradas na chupeta.
- A chupeta e o refluxo gastro-esofágico: O uso da chupeta foi aventado como método
capaz de reduzir o refluxo gastro-esofágico. No entanto, revisão sistemática não
encontrou evidência de que ela melhore o tempo total e/ou diminua o número de
episódios de refluxo (31).
- A necessidade de sucção do bebê deve ser suprida no peito: Crianças que nunca
mamaram no peito ou que tiveram aleitamento misto antes dos três meses de idade
têm aproximadamente sete vezes mais chance de desenvolver hábitos de sucção não-nutritivos
do que crianças amamentadas por mais tempo (10). Desde a vida intra-uterina
o bebê apresenta um impulso neural de sucção (17). Ele começa satisfazendo esse
impulso com o próprio dedo e ao mesmo tempo vai desenvolvendo a função da
sucção, crítica para sua sobrevivência após o nascimento durante a amamentação. Se
o bebê for amamentado e não houver interferências negativas, o próprio
desenvolvimento e amadurecimento neuro-funcional se encarregará de fazer com que
a necessidade neural de sucção se esgote espontaneamente em torno do final da fase
oral, que alguns especialistas já até questionam e estendem para além dos 2 anos,
variando de uma criança para outra (43). Portanto, nada substitui o ato de mamar no
peito: pelo aporte nutricional e imunológico do leite materno, pela troca de
afetividade e fortalecimento do vínculo entre mãe e filho, pelo mecanismo de sucção
exclusiva que este propicia para um perfeito desenvolvimento, pela singularidade
sobre o equilíbrio emocional (32). A amamentação é primária na prevenção em saúde e
no funcionamento pleno das potencialidades vitais da criança, refletindo diretamente
sobre a sua qualidade de vida. A amamentação deve ser realizada de forma exclusiva
até os 6 meses e continuada até os 2 anos de idade ou mais (33, 34)!
O bebê que por algum motivo não for amamentado, pode e deve receber outras
formas de estímulo para recuperar o déficit e restabelecer o equilíbrio de
desenvolvimento. Acompanhamento multidisciplinar próximo e contínuo das áreas de
saúde e intervenção adequada/oportuna quando necessário é recomendável (5).
A DECISÃO DE INTRODUZIR OU NÃO CHUPETA É SEMPRE DA FAMÍLIA! Mas cabe
aos profissionais e especialistas oferecerem aos pais subsídios para que tomem uma
decisão consciente e informada a esse respeito (8).
*Sistema Estomatognático (SE) = caracteriza-se pela existência de um conjunto de estruturas
que desenvolvem funções comuns, tendo como manifestação conspícua e básica a
participação da mandíbula. Como todo sistema, tem características que lhe são próprias,
embora esteja intimamente ligado à função de outros sistemas – o nervoso e o somatoesquelético,
em particular, e todos em geral (35).
APÊNDICE:
O quadro 1 compara a atividade e os desvios funcionais dos músculos
envolvidos na amamentação e no aleitamento artificial com bicos comuns e
ortodônticos (CARVALHO, 2010).
Quadro 1: Atividade e desvios funcionais dos músculos envolvidos na amamentação e no
aleitamento artificial com bicos comuns e ortodônticos.

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a-culpa-das-maes-que-nao-amamentam-ou-pariram/ (acessado em
02/09/2013).
“Quando o bebê chora pedindo peito ele não está pedindo apenas leite ou então simplesmente querendo
sugar; ele almeja colo, conforto, segurança, acolhimento, calor humano, apoio, AMOR. Não chupeta!
Oferecer uma chupeta é a primeira falha na comunicação mãe-pai-cuidador-bebê (já que está se
respondendo com algo que não foi solicitado) e, consequentemente, no vínculo fundamental. É a
primeira transferência das necessidades físicas e emocionais não plenamente supridas para um objeto. É
a primeira (des)ilusão!
Portanto, a chupeta, além de todos os malefícios já comprovados, deixa sempre aquele vazio que
nenhum objeto no mundo é capaz de preencher. O bebê precisa sentir o amor de sua mãe: e a linguagem
que ele melhor compreende no início da vida é a da amamentação!” (Andréia Stankiewicz)

Edição desta imagem e redação de Luzinete Rocha Cruz Carvalho e Renato Carvalho.
Autoria: Andréia Stankiewicz, mãe de Luiza, 5 anos e Pedro, 3 anos; cirurgiã-dentista
especialista em odontopediatria e ortopedia funcional dos maxilares, membro do
Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares e Respiração Bucal (NEOM-RB) e da
Associação Brasileira de Odontologia Neonatal e Aleitamento Materno (ABONAM).
Consultora de amamentação voluntária do Grupo Virtual de Amamentação.
Revisão final: Antonio Fagnani Filho, cirurgião-dentista ortopedista funcional dos
maxilares, ortodontista e homeopata, professor de pós-graduação, membro do
Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares e Respiração Bucal (NEOM-RB) e da
Associação Brasileira Do Sono.
Contatos: http://www.vivavita.com.br/index.php?pg=faleconosco
ceoandreia@hotmail.com
https://www.facebook.com/andreia.stankiewiczafagf@terra.com.br
Setembro/2012.
Atualizado em Setembro/2013 e Julho/2014.
Nota de interesse: Para resolver problemas ou dificuldades na amamentação, busque APOIO de
qualidade, procure AJUDA!
Relação de Bancos de Leite no Brasil
http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home
Grupo Virtual de Amamentação
https://www.facebook.com/groups/266812223435061/
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