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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Meu bebê mama para dormir. Tenho dúvida se isso é correto.



O ato de sugar para se acalmar e dormir é algo tão natural e instintivo que o bebê o faz desde o útero, sugando o dedo. Alguns bebês são flagrados fazendo isso nas ecografias, mas isso não significa que os outros não façam o mesmo - todo bebê suga o dedo dentro da barriga.
Depois que nasce é natural o bebê sugar o peito para dormir - para o bebê é instintivo fazer isso, então ele pede peito quando está com sono e adormece sugando. E quando a mãe não estiver por perto, o que fazer? O bebê vai se acalmar e dormir sem peito e sem chupeta? 
Os bebês são capazes de adormecer de outra forma se a mãe não está perto - alguns adormecem com o balanço da rede ou carrinho, para outros basta cantar e fazer carinho, alguns são ninados no colo, outros descobrem o dedinho e passam a sugá-lo (e isso não é um problema - veja: http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/01/se-o-bebe-esta-chupando-o-dedo-o-que.html) - o importante é que o bebê tenha confiança no cuidador e esteja acostumado com ele (fazer adaptação é muito importante - veja aqui: http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/08/adaptacao-um-novo-cuidador-em-4-passos.html). É um erro pensar em dar chupeta, pois além de não ser necessário, a chupeta pode causar desmame e muitos outros problemas (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/a-chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria.html).
E se mesmo assim a mãe quiser que o bebê durma sem peito, até quando estiver com ela? Alguns bebês podem até aceitar isso, mas a maioria vai protestar, afinal o bebê não entende porque o peito está sendo negado. Se a mãe insiste o bebê chora desesperadamente, passa da hora de dormir, desregula as sonecas, entra em efeito vulcão (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2013/06/o-efeito-vulcao-pular-sonecas-produz.html), começa a pedir mais e mais peito e a mãe entra na neura do "leite fraco/pouco leite". Percebeu que isso não é uma boa ideia? Se a mãe simplesmente respeita a natureza ela tem um bebê descansado, feliz, que mama normalmente, e a mãe não duvida da sua capacidade de nutrir seu filho.
E até quando o bebê precisa do peito para dormir? Cada bebê tem o seu momento de conseguir dormir sozinho - sim, eles chegam nessa fase naturalmente - mas se a mãe está incomodada com este hábito ela pode fazer a Remoção Gentil a partir de 1 ano (http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/04/quando-o-seu-bebe-acorda-frequentemente.html).
Muitas mães passaram por isso e conseguiram se ausentar sem precisar de chupeta - você não está sozinha. Neste vídeo a moderadora Gabriela Silva fala sobre volta ao trabalho, adaptação a um novo cuidador, como acalmar e fazer um bebê dormir sem chupeta:https://youtu.be/TGU7e7Z7lFc .

sábado, 1 de agosto de 2015

Retorno ao trabalho: e o sono do bebê, como fica?

Frequentemente ouvimos mães preocupadas com seu retorno ao trabalho e como será a reação do bebê que dorme sendo embalado ou amamentado. A verdade é que todas as crianças (e todas as mães) vivenciam um período difícil quando precisam separar-se por causa do trabalho. Neste artigo, seguem algumas dicas que levam em consideração o estado emocional de ambos, mãe e filho, para lidar com essa separação.

Fatos importantes a serem considerados quando o retorno ao trabalho está próximo:


1) O desenvolvimento do ser humano no primeiro ano de vida é extraordinário, cada fase, uma necessidade.

O bebê triplica de peso no primeiro ano, se desenvolve em todos os aspectos (motores, cognitivos), começa a andar! Então, não se deve comparar um bebê recém-nascido com um de 4 meses, nem um bebê de 4 meses com um de 1 ano, por exemplos, pois serão praticamente outros bebês.

Cada fase, uma necessidade: bebê novinho precisa muito de colo, aconchego, contato íntimo, amamentação em livre demanda. É da natureza dos bebês quererem colo de suas mães; na verdade esse é um ótimo hábito que foi desenvolvido em milhares de anos de evolução, pois os bebês que não demandavam atenção faleciam e, por isso, a seleção natural fez com que aqueles que viviam no colo sobrevivessem e esse gene foi passado adiante. Essas necessidades vão diminuindo conforme sua maturidade.

A dica é aproveitar essa fase inicial, em que temos disponibilidade, e ficar com o bebê no colo, amamentar em livre demanda, sem privar o bebê do carinho e do colo de mãe que ele tanto precisa e tem direito.


2) Os bebês são inteligentes e têm uma capacidade enorme de adaptação e de distinção de seus cuidadores.

Eles podem reagir totalmente diferente com a mãe e com a babá ou com a professora do berçário (que eles sabem que não é a mãe). A capacidade e a inteligência dos bebês de distinguir seus cuidadores permite que eles criem modos de interação distintos com eles. Porém, é comum e esperado que o bebê demande sempre mais da mãe, porque sabe que pode, porque confia mais nela.

Então, o bebê criará laços afetivos com o novo cuidador e eles se entenderão na nova forma de adormecer. E, no final do dia e à noite, de volta aos braços da mãe, o bebê pedirá mais carinho, mais afago, e muito provavelmente pedirá para mamar para adormecer, mesmo que não o faça com o cuidador durante o dia. Afinal de contas estarão com saudades e sabem que mamãe pode oferecer o peito e curtem estar nos braços de sua referência em amor e confiança.

3) Não compensa promover separação prévia para ‘acostumar’ ou ‘preparar’ o bebê com o retorno ao trabalho.

Não sofram por antecedência achando que têm de acostumar o bebê desde cedo a adormecer sozinho. Bebês não têm maturidade neurológica e compreensão para tal, então essa é uma expectativa irreal. Eles podem ter vários sentimentos e sensações que os perturbem durante a noite e precisam de nossa ajuda. Bebês demandam a mãe, mesmo no período noturno, e, especialmente, se ficaram longe dela durante o dia. A criança tem em sua mãe o referencial de segurança, estabilidade e afeto.

Um bebê nunca fica ‘mal-acostumado’ por ter colo, embalo, acalanto, pelo contrário, precisam disso para continuar a se desenvolver. Revisamos isso em meu artigo anterior ‘A natureza do sono dos bebês’ (1). Portanto, não faz sentido promover um afastamento prévio entre vocês ‘pensando no futuro’; isso só acaba gerando sofrimentos desnecessários para ambos, mãe e bebê. Se a criança não tem colo quando pequeno, não tem no futuro, terá quando, então? Se seu marido tem uma viagem planejada para semana que vem, para ficar um bom tempo fora, você, para se acostumar com a ausência dele, já vai se preparando e deixa de dormir na mesma cama que ele, deixa de beijá-lo e de abraçá-lo? Ou faz o oposto e trata de aproveitar ao máximo os últimos dias antes da viagem?

A questão, portanto, não é fazer o bebê 'se desacostumar' de colo, pois ninguém se desacostuma de uma necessidade física ou psicológica. A questão é, sim, ajudar o bebê a criar confiança em outro cuidador.


4) "Treinar" ou condicionar o bebê a dormir sozinho vai contra sua natureza, e tem consequências.

Condicionar o bebê a adormecer sozinho não vai ajudá-lo no próximo período de afastamento entre vocês, pelo contrário. Para ajudá-lo, é necessário que exista acolhimento e apego entre vocês, contínuo e íntimo, assim seu estado emocional vai se fortalecendo, ele se sente acolhido, importante e atendido, e vai lidar melhor com outras situações de separação.

A maioria de planos de treinamento para bebês oferece o risco de dessensibilização dos sinais enviados, especialmente quando há choro sem consolo envolvido. Em outras palavras, ao invés de ajudar a descobrir o que os sinais enviados pelo seu bebê significam, esses métodos pedem que você os ignore. Nem você nem seu bebê aprendem nada de bom com isso. E, com a separação durante o dia entre vocês pelo retorno ao ao trabalho, a angústia do bebê tende a piorar (2).

Um estudo recente mostrou que os bebês têm capacidade de prever respostas estressantes. Eles foram divididos em dois grupos, no primeiro as mães interagiam com eles continuamente, enquanto que no segundo bebês foram ignorados por elas por somente dois minutos. Os níveis de cortisol, hormônio do estresse, foram medidos após os experimentos. No dia seguinte, o grupo que foi ignorado teve níveis de cortisol mais elevados do que o grupo controle, provando que eles têm capacidade de antecipar o estresse (3).

O cortisol em níveis elevados no cérebro do bebê pode ser corrosivo. O cérebro do bebê está em pleno desenvolvimento e a exposição desse hormônio por períodos prolongados impede a conexão entre alguns nervos e provoca a degeneração de outros. É possível que bebês que são submetidos a muitas noites de choro sem consolo sofram efeitos neurológicos prejudiciais que poderão ter implicações permanentes no desenvolvimento neurológico. Para ler um compêndio de artigos científicos sobre o tema cortisol e efeitos no desenvolvimento cerebral, veja a referência 4.

É preciso ter senso crítico e usar de discernimento quando recebemos conselhos que prometem milagres. Esses métodos de condicionamento envolvem vários riscos; além dos efeitos neurológicos, podem criar uma distância entre você e seu bebê, e ele perde a oportunidade de construir confiança no seu ambiente.

Algumas dicas práticas para mães preocupadas com retorno ao trabalho:

- Busca de um novo cuidador: procure um novo cuidador que tenha disponibilidade emocional, que tenha chance de criar um laço afetivo com seu bebê, que tenha empatia e carinho, que o carregue no colo, não o deixe chorar e que o embale para dormir. Não é qualquer pessoa que tem preparo emocional para cuidar, acolher e maternar um bebê. É importante que ele se apegue ao novo cuidador, pois é dependente por natureza e precisa desse vínculo. A dependência natural é um fato biológico, e não resultado do excesso de mimo materno (5).

Sendo creche, babá, parente ou outro cuidador, lembre-se sempre da disponibilidade emocional como requisito para cuidar de seu filho, pois não é simplesmente suprir suas necessidades físicas, mas é também dar amor, ter interesse e prover o afeto materno na ausência da mãe. Visite várias creches, procure locais onde dão colo, verifique se deixam os bebês o tempo todo em cadeiras, andadores ou outros aparatos. Se for esse o caso, é sinal que estão desprezando a importância do acolhimento emocional no início de vida do bebê que é tão crítico e fundamental para o resto de nossas vidas.

Para a criança não é suficiente que lhe troquem as fraldas e lhe deem comida. O mais necessário e nobre alimento é o afeto, acompanhado de carinho, prazer e paz (6).

- Envolvimento de outra pessoa no ritual de sono: encoraje o pai, por exemplo, a participar do ritual de sono do bebê desde cedo. Ele pode dar o banho e fazer uma massagem, por exemplo. Depois dos 3-4 meses, em média, se o bebê sempre adormece no peito, pode-se começar a alternar maneiras de adormecer para que ele não crie uma associação forte de sugar para dormir (7). Essa dica não é obrigatória considerando-se que os bebês têm capacidade de distinguir seus cuidadores (como citado no início do texto) e vai aprender a adormecer de outra forma com quem ‘não tem peitos’. Existem crianças que dormem mamando com suas mães em casa e na escolinha adormecem de outra forma com as cuidadoras, sem problemas.

- Adaptação gradual: O bebê lidará melhor com essa separação se a adaptação for gradual, assim terá uma chance de criar um apego com o novo cuidador antes de separações longas de sua mãe. Para que o novo cuidador crie um bom apego com ele, criar chances de interação antes de deixá-los sozinhos é importante.

Recomendo sempre que a mãe vá junto com o bebê e fique com ele no novo ambiente o tempo todo, pelo menos no início. Assim ele vai se familiarizando com o local, mas com a segurança de ainda estar sob os cuidados da mãe. Depois a mãe pode ir se afastando um pouco, gradualmente, enquanto dá a chance de o bebê se apegar à nova cuidadora. Porém, não há receita pronta, é questão de observar a criança e ter sensibilidade. A melhor qualidade que se pode esperar do cuidador é a empatia com o bebê. Novamente, oriente que lhe dê bastante colo, não o deixe chorar, mostre quais são os sinais de sono do bebê, deixe que ele durma as sonecas no colo para dar um consolo afetivo na ausência da mãe.

- E se o bebê tem ansiedade da separação?

Nos primeiros meses, a relação mãe e filho é altamente intuitiva, primitiva mesmo. O bebê não sabe que nasceu e acha que o corpo da mãe é continuidade do seu e que o seio que o alimenta e lhe dá carinho e prazer faz parte de um todo ao qual ele pertence. Então, gradualmente e após o sexto mês é que os bebês vão se dando conta de que são outros seres e essa percepção de individualidade fica mais clara e evidente. Assim, progressivamente, vai se estabelecendo o desenvolvimento psicoafetivo, motor, alimentar e cognitivo da criança (6).

Algumas idéias práticas:

Pratique separações rápidas e diárias
Durante seus dias juntos crie oportunidades de expor seu bebê a separações visuais breves, seguras e rápidas (brincar de esconder o rosto e logo reaparecer é ótimo e eles adoram!). Incentive que seu bebê brinque com um brinquedo interessante ou com outra pessoa e, quando ele estiver feliz e distraído com o brinquedo ou com a pessoa, caminhe calma e lentamente para outro quarto. Assobie, cante, murmure uma canção ou fale, de modo que seu bebê saiba que você ainda está por perto, mesmo que não possa vê-la. Pratique essas separações breves algumas vezes ao dia numa variedade de situações diferentes.

Evite a transferência de colo para colo
É muito comum passar o bebê do colo de um cuidador para outro. O problema é que cria ansiedade na criança sair da segurança dos braços da mãe e ser fisicamente transferido para os braços de outra pessoa que lhe é menos familiar. Essa separação física é a mais extrema na mente do bebê. Para reduzir essas sensações de ansiedade faça a mudança com seu bebê num lugar neutro, como brincando no chão ou sentado numa cadeirinha, cadeirão de alimentação ou bebê conforto. Peça para o cuidador sentar do lado de seu bebê e interagir com ele, enquanto isso você fala um ‘tchau’ rápido, porém positivo, num tom feliz. Assim que você sair é um bom momento para o cuidador pegar seu bebê no colo, e a vantagem é que o cuidador vai ser colocado na posição de ‘salvador’ e isso pode ajudá-los nessa relação.

Entenda a ansiedade de separação como um sinal positivo!
É perfeitamente normal - até maravilhoso - que seu filho tenha esse bom apego e que deseje essa proximidade com você e sua presença constante. Parabéns! Isso é a evidência de que o laço afetivo que você criou desde o início está seguro. Se for o caso, ignore educadamente as pessoas que te dizem o oposto.
Relaxe em suas expectativas de independência, isso certamente irá ajudar seu bebê a relaxar também e a ter menos ansiedade nos momentos de separação entre vocês (8).

- Lembre-se, o acolhimento na infância tem resultado positivo na vida adulta!
Uma pesquisa recente (9) revelou que a afeição maternal dada aos bebês torna-os adultos mais bem preparados para enfrentar os problemas da vida. Cientistas compararam dados das relações de afeto e atenção e desempenho emocional de bebês de 8 meses com suas mães. Essas pessoas foram acompanhadas e testadas aos 34 anos de idade sobre vários sintomas emocionais. Qualquer que fosse o meio social, ficou constatado que os bebês com bom apego emocional aos 8 meses tinham os níveis de ansiedade, hostilidade e mal-estar mais baixos quando adultos. Isto confirma que as experiências na primeira infância têm influências na vida adulta.

D.W. Winnicot, um pediatra famoso que depois se tornou psicanalista diz que a capacidade de ser feliz de um ser humano depende, além de todos outros fatores, de um tempo (a infância até os seis anos, mas principalmente o primeiro ano de vida), e de uma pessoa (uma mulher, a mãe). Se a mãe não está presente, outro cuidador que entenda esses conceitos e que atenda as necessidades do bebê se faz necessário.

É uma responsabilidade sim, de assustar! E é realmente intrigante que pessoas tenham filhos sem saberem nada disso, sem se darem conta da importância desse relacionamento profundo, do vínculo necessário que se forma nesse período, e quando as mães retornam ao trabalho fora de casa colocam cuidadores em seu lugar que somente cuidam da parte física (6).

- Não ofereça mamadeira e nem desmame seu bebê: Com o retorno ao trabalho, muitas mães se preocupam porque os bebês não aceitam a mamadeira e tentam todo tipo de bicos e leites artificiais diferentes. Às vezes até mesmo o pediatra sugere o desmame. É situação comum bebês que rejeitam veementemente a mamadeira, isso é sinal de inteligência, pois a primeira reação da natureza é mesmo rejeitar outros tipos de alimentação que não o seio materno.

Na verdade é um erro acreditar que o bebê precisa de uma mamadeira quando você retorna ao trabalho e que você deve acostumá-lo com antecedência. Se você treiná-lo a acostumar-se com uma mamadeira, o que provavelmente acontecerá é um desmame precoce por confusão de bicos. Sempre ouvimos uma história ou outra de bebês que não desmamaram, mas esse risco é grande e não há como prever, então é melhor prevenir e alimentar seu bebê com um copinho.

Além disso, é preciso citar que, mesmo com a oferta de leite materno ordenhado em uma mamadeira, muitos bebês rejeitam. Dr. González (10) explica esse fenômeno:

“E a razão é que os bebês não são bobos. Se a mãe não está em casa e a avó vem com uma mamadeira (ou melhor ainda, com um copinho para evitar confusão de bicos), duas coisas podem acontecer. Primeiro, se o bebê não estiver com fome, ele provavelmente não aceitará nada. Ele vai compensar isso quando a mãe retornar. Muitos bebês dormem a maior parte do tempo quando estão distantes das mães, e então vão mamar à noite. A outra possibilidade é, se o bebê estiver com fome (e especialmente se tiver leite materno na mamadeira), ele poderá tomá-la e pronto. E ele deve estar pensando: ‘Bem, ela não está aqui, então é isso que eu tenho que fazer’. Mas se a mãe está em casa e o bebê pode ver e sentir o peito, como ele vai aceitar um copinho ou mamadeira? Ele deve pensar: ‘Minha mãe deve estar louca, ela tem o peito aqui e quer me dar essa geringonça?’ E ele insiste: ‘É o peito ou nada!’ ”

Se o bebê é novinho e não há possibilidade de ordenha de leite materno, pode-se tentar uma alimentação mista, com a mãe amamentando antes e depois do trabalho e o bebê tomando leite artificial durante o dia. Muitas mães encontram soluções satisfatórias melhores que oferecer leite artificial: algumas levam seus bebês para o trabalho (se o ambiente permite), outras trabalham meio período, algumas conseguem que o bebê seja levado a elas para serem amamentados, outras ordenham e estocam seu leite. Se o bebê já tiver mais de seis meses de idade, pode-se planejar que o bebê se alimente de comida na sua ausência, embora há de se ter cautela se forem os primeiros alimentos.

A amamentação é parte essencial da vida do bebê até 2 anos no mínimo e auxilia na separação parcial entre mãe e filho quando ela retorna ao trabalho fora de casa. Pode-se planejar ordenha de leite materno e continuação da amamentação nos períodos que mãe e filhos estão juntos. O desmame junto com o retorno ao trabalho pode ser bem traumático para o bebê (10):

“Quando você sai para o trabalho (ou quando sai com o cachorro), o seu bebê não sabe onde você está e quanto tempo você vai demorar. Ele ficará muito assustado e chorará como se você fosse deixá-lo para sempre. Vai levar alguns anos até que seu bebê seja capaz de ficar longe de você sem chorar e antes que ele entenda que a ‘mamãe vai voltar logo’. Toda vez que você voltar, vai abraçá-lo, amamentá-lo e o bebê pensará: ‘outro alarme falso!’. Mas se você retornar ao trabalho e tentar desmamá-lo abruptamente e ao mesmo tempo, quando você volta do trabalho, o bebê pede para mamar e você recusa, o que o bebê irá pensar? ‘Ela me abandonou porque não gosta mais de mim.’ Esse é o pior momento para o desmame.”

- Então como fica a alimentação do bebê? Se você volta a trabalhar quando o bebê tiver menos de 1 ano, planeje com antecedência como ordenhar (alugue ou compre uma bomba elétrica), estocar e oferecer o leite materno para o bebê. Veja orientações na referência 11. Use um copinho ou mamadeira-colher para oferecer o leite ordenhado e não mamadeira. Se ele tiver mais de 1 ano, pode alimentar-se de sólidos e mamar quando estiverem juntos.

- Tenha mente aberta para cama familiar: Alguns bebês passam a mamar à noite com mais frequência para compensar as mamadas perdidas durante o dia quando a mãe volta a trabalha fora. Isso é chamado ‘amamentação em ciclo reverso’ e é um mecanismo de sobrevivência de nossa espécie. Nesses casos, praticar cama compartilhada e amamentar deitada pode ajudar a saciar as necessidade do bebê ao mesmo tempo em que os hormônios da amamentação auxiliam mãe e bebê a adormecerem novamente (12-14). O bebê fica mais tranquilo ao saber que, mesmo passando o dia todo longe da mãe, à noite estará com ela. A proximidade com o corpo materno sintoniza as pautas de sono do bebê com as da mãe e regula o seu nível de excitação, temperatura corporal, o ritmo metabólico, níveis hormonais, ritmo cardíaco, respiração e sistema imunológico, pois o efeito anti-estresse do estreito contato físico libera ocitocina, que fortalece o sistema imunológico do bebê (12-15).

Nem todas as famílias adotam cama compartilhada por receio de ser difícil conseguir que a criança durma sozinha depois. A reflexão aqui é de que as necessidades mais intensas de proximidade se dão na primeira infância: bebês têm necessidade de proximidade com a mãe (15) e a cama compartilhada responderia a essas necessidades. Mais tarde, seria um outro momento, com o bebê com outra cognição, maturidade e evolução.

Se a criança dorme longe dos pais à noite, fica longe durante o dia e, principalmente, se o bebê não mama mais no peito (portanto não tem o contato íntimo da amamentação), precisa de alguma compensação afetiva e se beneficiaria da proximidade da cama familiar. O mesmo acontece se o bebê estiver em processo de angústia da separação, que se inicia entre 6-8 meses e vai até 2-3 anos, com altos e baixos.

Quando os bebês sinalizam que precisam de contato corporal com os pais, mostrar empatia, entender e acolher é excelente, pois a criança que se recusa a dormir pode estar precisando de mais contato corporal com o pai e a mãe. É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo com a pele do corpo de outra pessoa enquanto adormece, mas isso se choca com todas as regras culturais que exigem que as crianças durmam sozinhas (16).

- Procure seus direitos de licença maternidade de seis meses, negocie com o chefe, tire férias junto com a licença, adie alguns planos, trabalhe meio período, procure um emprego mais flexível, procure trabalhos que possa fazer em casa.

Esses dois meses a mais fazem toda a diferença para a criança: a amamentação exclusiva por 6 meses diminui o risco de alergias (17), dermatite atópica (18), asma (19), infecções gastrointestinais (20), doenças contagiosas (21), otite média, infecções respiratórias agudas, gastroenterite, infecções urinárias, conjuntivite e candidíase oral (22). A introdução de alimentos aos 6 meses é feita na hora ideal, quando o bebê já tem capacidade fisiológica para assimilar os alimentos novos (23). Muitos bebês têm reações indesejadas com a introdução de alimentos antes dos seis meses, como prisão de ventre, refluxo, cólicas e é claro que tudo isso atrapalha o sono. Se não tem outra solução, invista na ordenha, estoque e oferecimento de leite materno para o bebê até os 6 meses. Veja na referência 11 como ordenhar e estocar o leite materno e utilize um copinho ou mamadeira-colher para oferecer ao seu bebê. Muitas mães que trabalham podem e devem investir na amamentação exclusiva por 6 meses e esse trabalho todo compensa.

- Lidando com a separação: entenda a reação do bebê e mostre empatia (apesar do cansaço): sua volta ao trabalho e afastamento é algo bem complicado para um bebê, porque é você a mãe dele, você é insubstituível da forma que você é para seu filho. Outros cuidadores irão criar vínculos afetivos com seu bebê, mas a mãe tem outro peso. Entenda a amamentação em ciclo reverso como uma forma de compensação afetiva. Entenda e acolha as necessidades do bebê (que são simples, mas são intensas, de muito contato íntimo, colo, peito). Esse acolhimento é essencial para o desenvolvimento de sua autoestima no futuro.

O padrão de sono do bebê com outro cuidador pode mudar e essa mudança pode interferir no sono noturno. O bebê cansado (caso não tire boas sonecas na escolinha, por exemplo) está secretando mais cortisol, que causa agitação fisiológica, irritação e dificuldades de adormecer. A exaustão é contraproducente com o sono, pois quanto mais exausto, mais lutará contra o sono e mais acordará à noite. Se as sonecas estão muito curtas na escola é comum que o sono noturno também seja influenciado. Orientar as cuidadoras a esticarem as sonecas, explicar a importância das sonecas durarem pelo menos 1 hora para serem restauradoras, usar algum barulho estático ao fundo para ajudar nas sonecas são atitudes que você pode tomar.


Referências:

1- A natureza do sono dos bebês
2- William Sears, Martha Sears, Robert Sears, James Sears. The Baby Sleep Book: The Complete Guide to a Good Night's Rest for the Whole Family. Little, Brown and Company; 1 edition, 2005.
3- Haley DW, Cordick J, Mackrell S, Antony I, Ryan-Harrison M. Infant anticipatory stress. Biol Lett. 2010 Aug 25.
4- Sears, W. A ciência diz: choro prolongado no bebê pode ser prejudicial ao desenvolvimento cerebral- http://www.askdrsears.com/html/10/handout2.asp
5- Bowlby, J. Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York, Basic Books; Harmondsworth, UK: Penguin. 1982.
6- José Martins Filho. A Criança Terceirizada. Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo. Editora Papirus, 2007.
7- Pantley, E. Soluções para noites sem choro. Editora M Books, 2005.
8- Pantley. E. No-Cry Separation Anxiety Solution: Gentle Ways to Make Good-Bye Easy from Six Months to Six Years. Editora McGraw-Hill, 2010.
9- Maselko J, Kubzansky L, Lipsitt L, Buka SL. Mother's affection at 8 months predicts emotional distress in adulthood. J Epidemiol Community Health. 2010 Jul 26.
10- Carlos González. My Child Won't Eat!: How to Prevent and Solve the Problem (La Leche League International Book). 2005.
11- Extração e Conservação do Leite Materno: http://www.aleitamento.com
12- McKenna JJ, Why babies should never sleep alone: a review of the co-sleeping controversy in relation to SIDS, bedsharing and breast feeding, Paediatr Respir Rev. 2005 Jun;6(2):134-52.
13- McKenna JJ, Mosko SS, Richard CA. Bedsharing promotes breastfeeding. Pediatrics. 1997 Aug;100(2 Pt 1):214-9.
14- Mosko S, Richard C, McKenna J, Drummond S, Mukai D.; Mosko S, Richard C, McKenna J. Maternal sleep and arousals during bedsharing with infants. Sleep. 1997 Feb;20(2):142-50.
15- Margot Sunderland, The Science of Parenting. DK Publishing Inc. 2006.
16- Freud, Anna: Infância normal e patológica: Determinantes do Desenvolvimento, 4ª. ed., Ed. Guanabara, RJ: 1987.
17- Anderson J, Malley K, Snell R. Is 6 months still the best for exclusive breastfeeding and introduction of solids? A literature review with consideration to the risk of the development of allergies. Breastfeed Rev. 2009 Jul;17(2):23-31. Review.
18- Yang YW, Tsai CL, Lu CY. Exclusive breastfeeding and incident atopic dermatitis in childhood: a systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Br J Dermatol. 2009 Aug;161(2):373-83. 2009 Feb 23. Review.
19- Fiocchi A, Assa'ad A, Bahna S; Adverse Reactions to Foods Committee; American College of Allergy, Asthma and Immunology. Food allergy and the introduction of solid foods to infants: a consensus document. Adverse Reactions to Foods Committee, American College of Allergy, Asthma and Immunology. Ann Allergy Asthma Immunol. 2006 Jul;97(1):10-20; quiz 21, 77.
20- Kramer MS, Kakuma R. Optimal duration of exclusive breastfeeding. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(1):CD003517. Review.
21- Duijts L, Jaddoe VW, Hofman A, Moll HA. Prolonged and exclusive breastfeeding reduces the risk of infectious diseases in infancy. Pediatrics. 2010 Jul;126(1):e18-25. 2010 Jun 21.
22- Ladomenou, F., Moschandreas J., Kafatos A., et al. Protective effect of exclusive breastfeeding against infections during infancy: a prospective. Study. Arch Dis Child. Published online September 27, 2010.
23- Kramer MS, Kakuma R. The optimal duration of exclusive breastfeeding: a systematic review. Adv Exp Med Biol. 2004;554:63-77.

Dra. Andréia K. Mortesen, neurocientista
Publicado originalmente no Guia do Bebê, do UOL, em 9/11/2010

quinta-feira, 16 de julho de 2015

As mulheres podem amamentar - como as mudanças culturais as fizeram duvidar disso

Por Fernanda Rezende Silva
Revisão: Juliana Gieppner, Gabriela Silva e Luciana Freitas


Era uma vez um país chamado ABC onde as mulheres amamentavam seus bebês com naturalidade - elas não se sentiam constrangidas por amamentar em público, mesmo se fosse um bebê grande ou uma criança, pois todas faziam isso. Era comum ver crianças de 7 anos que ainda mamavam e ninguém via problemas nisso.

Para amamentar as mães não precisavam de relógios, regras ou artefatos - davam o peito sempre que estavam com seus filhos e eles pediam, e isso não era motivo para se sentirem presas ou cansadas (1). Elas acreditavam no poder do próprio leite pois praticamente todas as mulheres próximas amamentaram, então elas sabiam que não ser capaz de amamentar era algo tão raro quanto uma criança nascer sem um dedo, por exemplo.

Quando uma mulher engravidava ela já tinha a experiência de ter visto outras mães amamentando e já tinha aprendido também, pelo exemplo, que um recém-nascido depende 100% da mãe, então logo se formava sua rede de apoio para o puerpério. Estar com o bebê sempre no colo e dormir junto com o bebê (2) eram coisas tão naturais quanto a própria amamentação.

Num certo dia chega neste país a notícia sobre um artefato que prometia acabar com o choro dos bebês instantaneamente, mesmo sem a mãe do bebê por perto. Diziam que o tal artefato já era usado no "estrangeiro" com sucesso - parecia ser algo tão inovador quanto a televisão ou a internet. Tanta propaganda fez com que vários pais e mães resolvessem testar o objeto, com o inocente pensamento "se for ruim a gente para".

No "estrangeiro" já havia indústrias lucrando com as vendas do artefato, mas elas queriam mais: o departamento de marketing estava encarregado de convencer mais pessoas a usarem o produto e para cumprir esta meta criaram dois mitos, que alavancaram as vendas: chupar chupeta é melhor que chupar dedo (3); bebê que usa chupeta fica menos grudado na mãe e cresce mais "independente".

Durante alguns meses parecia estar tudo bem lá no país ABC, o país do início do texto, mas depois de um tempo já se percebia que a maioria dos bebês haviam desmamado precocemente (antes de 2 anos) (5, 6). Estes bebês pararam de mamar no peito mas continuaram precisando de leite, o que fez aumentar o uso (e as vendas) de mamadeiras.

Algumas pessoas desconfiaram que chupetas e mamadeiras fossem culpadas pelos desmames, mas o efeito nem sempre era imediato, então a maioria das pessoas não fazia essa associação - logo começaram a culpar as mães e duvidar da capacidade delas de produzir leite. As pessoas não tinham explicação para o novo fenômeno "desmame precoce", então quando um bebê desaprendia a mamar no peito diziam que o leite da mãe tinha secado (7) e inventavam as mais fantasiosas histórias para justificar isso, por exemplo: bebê arrotou no peito e isso fez o leite secar, a mãe voltou a menstruar por isso o leite secou, a mãe ficou sem leite porque passou uma grande tristeza (8).

Conforme o tempo foi passando as mães já não tinham muitos exemplos de mulheres próximas que amamentaram e isso fez surgir um novo problema: pega errada (9). Elas colocavam seus bebês para mamar no peito como se fossem tomar mamadeira, os bebês não conseguiam abocanhar corretamente o peito, o uso de chupetas fazia a pega piorar muito, os seios feriam e muitas desistiam pensando "amamentar é muito doloroso, difícil" - esta era a mensagem que infelizmente seria passada para as próximas gerações, tanto que algumas mulheres decidiam nem tentar e já levavam mamadeiras para a maternidade.

Junto com a imagem do "bebê independente" passaram também a vender a ideia de que bebês deveriam dormir em berços, mas para que esta indústria tivesse sucesso também precisavam de um bom argumento, então mais um mito foi criado: dormir com os pais é perigoso, todos os bebês devem dormir em berços (hoje sabemos que é uma ideia tão sensacionalista quanto dizer "uma criança morreu afogada numa piscina, então nenhuma criança deveria entrar em piscinas") (10). E mais um mito colaborou com as vendas de berços: se a mãe amamenta deitada causa otite no bebê (11).

As indústrias estavam rindo à toa, mas não contavam com um detalhe: a fisiologia da raça humana não mudaria tanto em tão pouco tempo, o que significa que os bebês não aceitaram facilmente este novo cenário: eles precisavam estar com suas mães, dormir com elas, mamar também de madrugada (12). Como as mães já não podiam dormir com seus bebês, ficavam extremamente cansadas, ansiavam pelo dia em que seus filhos dormiriam a noite toda (13), e isso criou mercado para "especialistas" do sono - muitas técnicas foram inventadas para tentar enquadrar os bebês que resistiam a toda essa "modernidade". E como estas técnicas poderiam atrapalhar ainda mais a amamentação? Uma delas se baseava no mito de que bebê novinho só chora por fome. Já não havia muitos exemplos de bebês amamentados, então também se perderam as referências sobre os motivos do choro - cada vez que o bebê chorava aparecia uma "boa alma" para dizer: "você tem pouco leite", "seu leite é fraco" (14). O mito do leite fraco surgiu com força total, daí veio a ideia "empanturre esse bebê com leite artificial para ele não acordar à noite". Durante alguns meses a técnica funcionava - o bebê ia dormir realmente empanturrado (como um adulto ao comer uma feijoada) e aí o bebê não acordava nem quando precisava (ex.: apneia em bebê empanturrado pode ser fatal).

Neste ponto da história a inversão já estava feita: as pessoas passaram a considerar normal o comportamento dos bebês de mamadeira, e não o dos bebês de peito. Ficavam com dó do bebê se uma mãe dizia que o bebê não pegou chupeta. Achavam estranho ver crianças com mais de um ano mamando, e aí as mães dos bravos bebês que faziam aniversário mamando se viam na obrigação de desmamar, pois "é feio amamentar bebê grande", "precisa ficar independente", "leite materno vira água depois de um ano" (15). Ah, essa do leite virar água é um mito descarado - as mães passaram a acreditar que mais cedo ou mais tarde todo bebê tomaria mamadeira - êxtase para a indústria de leite artificial. Surgiu a cárie de mamadeira, e junto com ela o mito da cárie do leite materno (16), pois as pessoas passaram a colocar tudo no mesmo bolo, assim como fizeram ao criar a nova regra "todo bebê precisa arrotar depois de mamar": quando se toma mamadeira entra ar, então precisa sim arrotar, mas mamando no peito com a pega correta isso não acontece, por isso essa história do arroto é mais um mito e só fez aumentar o cansaço das mães que tentavam amamentar.

Chegamos no ponto mais triste da história: a grande maioria dos bebês usavam chupeta e mamadeira e desmamavam "sozinhos" por volta de 3 meses. A imagem de um bebê maior mamando no peito passou a ser associada a pobreza (coitada dessa mãe, não pode comprar leite). Apenas 10% dos bebês chegavam a 6 meses com amamentação exclusiva e os efeitos disso eram notáveis: crianças adoecendo com frequência, aumento da mortalidade. Problemas respiratórios passaram a ser considerados "normais", assim como o uso de aparelhos ortodônticos - as pessoas chegavam a dizer "ah, hoje em dia todo mundo usa aparelho, né", sem pararem para pensar que até algumas décadas atrás estes problemas não eram comuns.

É possível reverter este cenário? Será que nos dias de hoje, com a maioria das mães trabalhando fora, é possível amamentar como no início do texto? É possível sim, e este resgate da amamentação já está começando. Vamos quebrar mais um mito? Segundo Gonzalez a média de duração da amamentação é maior entre as mães que trabalham fora do que entre as mães que passam o dia todo com seus filhos (17). Será que é porque as mães que trabalham fora sentem saudades de seus filhos e resistem mais ao desmame? Talvez seja, mas o detalhe mais importante desta pesquisa é comprovar que é possível sim continuar amamentando mesmo trabalhando fora, e se há mulheres seguindo este caminho então podemos afirmar que o resgate da amamentação já começou.

Referências:
1 - Livre Demanda - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/livre-demanda-o-que-e-realmente-dr.html
2 - Eu deveria deixar meu bebê dormir comigo? http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/03/eu-deveria-deixar-meu-bebe-dormir-comigo.html
3 - Se o bebê está chupando o dedo, o que ele pode estar querendo dizer? http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/01/se-o-bebe-esta-chupando-o-dedo-o-que.html
4 - Cama ou quarto compartilhado: promovendo a independência
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/07/cama-ou-quarto-compartilhado-promovendo.html
5 - O que acontece com os músculos bucais quando um bebê usa qualquer bico artificial (chupetas, mamadeiras, bicos de silicone) - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/03/o-que-acontece-com-os-musculos-bucais.html
6 - A CHUPETA: O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu bebê - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/a-chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria.html
7 - Mamadeira contém “substância” que seca o leite materno - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/mamadeira-contem-substancia-que-seca-o.html
8 - Passei por uma situação de estresse e meu leite acabou!
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/passei-por-uma-situacao-de-estresse-e.html
9 - A importância da correção da pega - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/a-importancia-da-correcao-da-pega.html
10 - Normas gerais de segurança da cama compartilhada - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/07/normas-gerais-de-seguranca-da-cama.html
11 - Pode amamentar deitada? http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/pode-amamentar-deitada.html
12 - Porque a amamentação noturna é tão importante - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/06/porque-amamentacao-noturna-e-tao.html
13 - 8 fatos sobre o sono dos bebês que todo pai e toda mãe deveriam saber - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/08/8-fatos-sobre-o-sono-dos-bebes-que-todo.html
14 - Você está amamentando e seu peito está sempre murcho? Que maravilha!!! http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/09/voce-esta-amamentando-e-seu-peito-esta.html
15 - Como o leite materno vira água e a vaca passa a fazer melhor leite que o seu - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/07/como-o-leite-materno-vira-agua-e-vaca.html
16 - Cáries e Leite Materno - http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/06/leite-materno-nao-causa-caries.html
17 - Trabalho e Amamentação, página 112 do livro "Manual Prático de Aleitamento Materno", Dr. Carlos Gonzalez

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Para maiores de 1 ano - Quando o seu bebê acorda freqüentemente para ser amamentado


Para maiores de 1 ano

Quando o seu bebê acorda freqüentemente para ser amamentado (Técnica da Remoção Gentil - RG)
Adaptado de Soluções para Noites sem Choro, de Elizabeth Pantley

Adaptado por Mariana Elis

Quando seu bebê acorda freqüentemente durante a noite para ser amamentado, ele não necessariamente está com fome ou sede, mas apresenta um ritmo de sono normal em seres humanos, que intercala sono profundo com sono leve e até mesmo breves acordadas. A diferença está no fato de seu bebê ainda não ser capaz de voltar a adormecer sozinho e por isso ser dependente de algo para que volte ao sono, no caso a maioria dos bebês associa a sucção com o sono. Esta associação é natural e muito positiva e prazerosa, e seria o ideal se a mãe pudesse se dedicar exclusivamente ao bebê o tempo todo que ele precisasse. Mas sabemos que essa não é a realidade da maioria das famílias, e portanto esta associação de sucção e sono pode ser manejada de forma a permitir que a mãe consiga se afastar do bebê que dorme, sem acordá-lo, ou fazer uso de bicos artificiais para mantê-lo dormindo.


Elizabeth Pantley, autora do livro "Soluções para noites sem choro" apresenta neste, uma técnica batizada de Remoção Gentil, que consta em, a partir de certa idade do bebê, procurar dissociar seu sono do ato de sugar.

Durante o sono, os bebês emitem sons, como gemidos, grunhidos e até alguns chorinhos. Isso é normal e faz parte da natureza dos bebês, portanto, não há necessidade de a cada som que o bebê emitir, pegá-lo e colocá-lo para mamar imediatamente. Mesmo que pareça que ele está a acordar, observe por um tempo, acaricie-o, ofereça aconchego de outra forma, para que continue dormindo. Nunca deixe o bebê chorando sem conforto, portanto, se notar que as carícias ou o abraço não foram suficientes e o bebê está despertando, ele deve estar a pedir para mamar, então, amamente-o sem preocupação.


Desde o nascimento do bebê, muitas vezes, as mães se adaptam a uma rotina, que geralmente envolve amamentar o bebê para fazê-lo dormir. Para muitos bebês, essa rotina pode permanecer inalterada até seu desmame, porém existem bebês que podem demandar uma mudança nesta rotina para que consigam dormir a noite toda.




O plano de Remoção Gentil de Pantley

Elizabeth sugere um plano gradual, que consiste em ensinar o bebê a se manter dormindo, e mais tarde a adormecer, sem precisar estar sugando para tal. Para isto, ela sugere que
"quando o bebê acordar, procurando o peito para mamar, amamente-o normalmente, mas, em lugar de resolver tudo e voltar para a cama ou deixar que ele adormeça no peito, deixe-o sugar por alguns minutos até que o ritmo diminua e ele comece a relaxar para dormir. E então interrompa a sucção com o dedo e gentilmente retire o bico do peito de sua boca.

Quase sempre, e especialmente nas primeiras vezes, o seu bebê vai se assustar e se voltar para o bico. Tente muito gentilmente manter sua boquinha fechada, colocando seu dedo sob o queixo do bebê, mantendo uma pequena pressão, ao mesmo tempo em que o vai acalentando ou ninando. Se ele lutar contra isso e chorar pedindo por você amamente-o, mas repita o processo tantas vezes quanto seja necessário até que ele adormeça."

Para saber quanto tempo esperar para retirar o bebê do peito, a dica é de "observar o ato de sugar do seu bebê. Se o bebê suga com força ou engole regularmente quando está sendo alimentado, espere mais alguns minutos até que ele diminua o ritmo. Normalmente após o primeiro impulso de atividade, seu bebê vai diminuir para um ritmo mais relaxado, e mais "trêmulo"; esta é uma boa hora para começar a técnica da Remoção Gentil."
Isso pode levar de duas a dez (ou até mais) tentativas, mas eventualmente o seu bebê vai adormecer sem manter o bico do peito em sua boca. Quando isso acontecer um número de vezes por um período de dias, você vai notar que a técnica da remoção vai ficar muito mais fácil, e as acordadas durante a noite serão menos freqüentes.

Pantley ainda lembra que se o bebê não dorme bem durante o dia, não se recomenda utilizar a Remoção Gentil para os cochilos durante o dia, uma vez que, segundo ela, "cochilos regulares significam melhores noites de sono - e melhores noites de sono significam melhores cochilos diurnos. Só quando seu bebê começar a dormir melhor durante a noite, você deve então trabalhar em relação aos cochilos do dia", explica.

A melhor hora para usar o Plano de Remoção Gentil de Pantley é o primeiro adormecer da noite. Geralmente o modo como seu bebê adormece vai afetar o resto de suas acordadas pela noite. "Parece que a forma como o bebê adormece é como ele espera ficar por toda a noite", diz a autora.


Paciência, paciência, e um pouco mais de paciência

"Respire fundo e repita comigo: "Isso tudo vai passar". Você está no meio do furacão agora, e está difícil. Tenha em mente que a aparente falta de habilidade do seu bebê em dormir sozinho não é culpa dele. Ele vem fazendo as coisas dessa maneira desde que nasceu, e ficaria completamente feliz em manter tudo como está. Seu objetivo de ajudá-lo a se sentir amado e seguro enquanto descobre formas de adormecer sem precisar de você - sem que você caia na tentação de deixá-lo chorando sozinho no escuro - é admirável. Você tem estas melhores intenções em seu coração. Seja paciente, siga as sugestões para ajudar seu bebê, e quando menos esperar, ele estará dormindo como um anjinho. E você também. Então suas preocupações vão se voltar para a próxima fase desta magnífica, desafiante e recompensadora experiência que chamamos de maternidade/paternidade." conclui Pantley.


Retirado do livro "Soluções para Noites Sem Choro", de Elizabeth Pantley
Tradução de Thania Thaddeu
Você pode ler este trecho do livro Soluções para Noites Sem Choro, original de inglês aqui, no site oficial de Elizabeth Pantley- http://www.pantley.com/elizabeth/books/0071381392.php?nid=172&isbn=0071381392

segunda-feira, 30 de março de 2015

Eu deveria deixar meu bebê dormir comigo?

Este artigo foi retirado do Capítulo 4 do livro de Aletha Solter, "The Aware Baby" - "O Bebê Atento” (edição revisada).

Os indivíduos jovens de todos os mamíferos terrestres dormem em proximidade íntima a suas mães. Durante milhões de anos nos tempos pré-históricos, as crianças humanas provavelmente dormiam com suas mães. Nas tradicionais culturas tribais de hoje a prática de dormir com as crianças ainda é totalmente comum. Porém, nas culturas tecnologicamente avançadas da América do Norte e Europa, esta prática foi amplamente abandonada em favor dos berços. Na maioria das casas, a criança nem sequer dorme no mesmo quarto que seus pais.

Quando e como a prática natural de dormir com as crianças se perdeu na Cultura Ocidental? Durante o século 13 na Europa, os padres católicos foram os primeiros a recomendar que as mães parassem de dormir junto com as crianças.(1) Apesar da razão primária para este conselho ter sido provavelmente o surgimento do patriarcado e o medo de muita influência feminina nas crianças (principalmente nos meninos), a razão alegada para a recomendação era o medo de que se pudesse sufocar as crianças, situação mais conhecida como "overlaying" (rolar por sobre o bebê). Agora já se acredita que na maioria dos casos as mortes de crianças durante a Idade Média foram causadas por doença ou infanticídio. Quando um sufocamento acidental ocorria, era provavelmente porque um dos pais estava sob influência do álcool.

Nos séculos 14 e 15, o conselho de não dormir com as crianças começou a fazer efeito, e os berços eram itens comuns da mobília em quase todas as casas européias em que vivessem crianças.(2) A idade em que os bebês eram colocados para dormir nos berços durante a noite, em lugar de nos braços de suas mães, foi ficando cada vez mais jovem. Após a Revolução Industrial no século 18, a noção de "criança mimada/estragada" foi muito difundida nos países industrializados, e as mães eram advertidas para não pegar muito em seus bebês por medo de se criar monstros exigentes.

Durante o século 20, as crianças das sociedades tecnológicas foram mais separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na história da nossa espécie. Mais e mais nascimentos aconteceram em hospitais, e os berçários nos hospitais foram inventados para proteger as crianças de infecções. Desde o início, esperava-se que os bebês dormissem sozinhos, longe de suas mães. O declínio da amamentação, promovido pela empresas produtoras de leites substitutos, mais tarde contribuiu para agravar esta separação entre mães e bebês. Durante a amamentação, as mães normalmente produzem hormônios (como a oxitocina e a prolactina), que ajudam a criar um forte desejo de ficar perto dos seus bebês. O aleitamento por mamadeira priva as mães dos hormônios e elimina a necessidade da presença da mãe biológica. O resultado de todas estas influências é que, por volta de 1950, pouquíssimos bebês nas nações industrializadas ocidentais dormiam com suas mães.

Não é de se estranhar que os pais começassem a procurar ajuda para toda uma gama de novos tipos de problemas. Os especialistas no campo de educação infantil se viram procurando soluções para bebês que não dormiam bem à noite, para aqueles que batiam suas próprias cabeças, para criancinhas que fugiam de seus berços e continuavam indo até a cama de seus pais, e para crianças que molhavam suas camas ou tinham pesadelos e medo do escuro. Muitos desses problemas ligados ao sono poderiam ser o resultado de se forçar os bebês a dormirem sozinhos.

Quem sabe o crescente aumento da sexualidade e gravidez na adolescência não esteja relacionado com uma necessidade de ser tocado mais do que um verdadeiro desejo por sexo? A expressão "dormir com alguém" implica em fazer sexo. Talvez esta expressão reflita uma necessidade universal não atendida na infância de dormir junto com os pais e receber carinho e toque deles durante a noite.

Felizmente, a prática de dormir com os bebês e crianças pequenas está começando a ser amplamente recomendada e aceita no Ocidente Industrializado, já que os pais estão começando a confiar em seus impulsos naturais de dividir a cama com seus bebês. A partir de 1970 alguns livros começaram a recomendar que os pais dormissem com os bebês. Agora há muitos livros que recomendam a cama compartilhada, mais conhecida como "co-sleeping" ("sono compartilhado").(3)

Os bebês têm fortes necessidades de conexão que pesquisadores científicos estão apenas começando a entender. A necessidade de contato físico, tanto de dia como de noite, é uma necessidade vital e legítima durante os primeiros anos. Anna Freud, a filha de Sigmund Freud, reconheceu isso quando escreveu: "É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo e aquecedor com o corpo de outra pessoa enquanto pega no sono.... A necessidade biológica do bebê pela presença constante dos cuidados de um adulto é desconsiderada em nossa cultura ocidental, e as crianças são expostas a muitas horas de solidão devido ao conceito equivocado de que é saudável para o jovem dormir ... sozinho." (4)

Alguns especialistas em educação infantil defendem que os bebês nunca vão querer sair uma vez que tenham sido levados para a cama dos pais. Isto pode ser verdade durante os primeiros anos quando as crianças precisam de intimidade e segurança. Porém, não precisamos forçar as crianças a ficarem independentes. Isto ocorre naturalmente quando a criança supera suas necessidades de bebê.

O forte desejo dos bebês humanos de dormir junto de suas mães deve ter sua base em nossa história evolutiva. No estágio em que nossa espécie se ocupava da caça, os bebês deviam ser extremamente vulneráveis a predadores e ao clima frio, especialmente à noite. Os bebês que temiam o escuro e se recusavam a dormir sozinhos tinham melhores chances de sobreviver do que os bebês que não reclamavam quando eram deixados de lado. Então houve uma forte pressão seletiva em favor desses medos.(5) Apesar dos predadores não serem mais uma ameaça, e de termos casas aquecidas, os reflexos, instintos e necessidades do bebê humano moderno ainda estão ligados ao estilo de vida do estágio da caça. As mudanças culturais ocorreram muito rapidamente para que tivessem um grande impacto na composição genética da nossa espécie desde aquela época...

Pesquisadores estudaram os padrões de sono e as ondas cerebrais dos bebês que dividem a cama com suas mães, comparados aos que dormem sozinhos. Os bebês que dormem com as mães despertam mais vezes e também ficam menos tempo em sono profundo do que os bebês que dormem sozinhos. Isso se deve provavelmente aos sons e movimentos da mãe durante seu próprio sono.(6)

Este estímulo durante a noite foi sugerido como uma possível proteção contra a síndrome da morte súbita infantil (SIDS). Uma teoria para a causa da SIDS é que as crianças dormem tão ruidosamente que são incapazes de despertar a si mesmas e continuar respirando durante um episódio de apnéia.(7) Estudos comparativos entre várias culturas mostraram que, nas culturas em que os bebês são pegos no colo regularmente e em que as mães dormem com as crianças, a média de incidência de SIDS é mais baixa comparada às médias das culturas em que estas práticas não são seguidas.(8) Os pesquisadores não estão dizendo que dormir sozinho causa SIDS, mas sugerem que deixar o bebê dormir com a mãe pode ser um fator de proteção para as crianças que têm o risco de morrer de SIDS.

Dormir com seu bebê pode exigir tempo de adaptação, mas com um pouco de insistência, dividir a cama pode se tornar um prazer para todos. Entretanto, se isso não funcionar bem para você, então pelo menos você pode proporcionar a intimidade física a seu bebê até que ele adormeça, e pode atendê-lo prontamente quando ele acordar durante a noite.


Referências

1. Renggli, F. (1992). Selbstzerstörung aus Verlassenheit: Die Pest als Ausbruch einer Massenpsychose im Mittelalter. Rasch und Röhring Verlag.

2. Renggli, F. (1992). (See 1)

3. Thevenin, T. (1987). The Family Bed: An Age Old Concept in Childrearing. Wayne, NJ: Avery Publishing Group, Inc. (First published in 1976). Sears, W. & Sears, M. (1993). The Baby Book: Everything you Need to Know About Your Baby from Birth to Age Two. Little, Brown & Company. Granju, K.A. & Kennedy, B. (1999). Attachment Parenting: Instinctive Care for Your Baby and Young Child. Pocket Books.

4. Freud, A. (1965). Normality and Pathology in Childhood. New York: International Universities Press.

5. Scott, J.P. (1967). The process of primary socialization in canine and human infants. In J. Hellmuth (Ed.), Exceptional Infant. Vol. 1: The Normal Infant. Seattle: Special Child Publications.

6. Mosko, S., Richard, C., & McKenna, J. (1997). Infant arousals during mother-infant bed sharing: implications for infant sleep and sudden infant death syndrome research. Pediatrics, 100(5), 841-849.

7. Mosko et al. (1997). (See 6)

8. Rognum, O.T. (1995). Sudden Infant Death Syndrome: New Trends in the Nineties. Oslo, Norway: Scandinavian University Press.

Segurança para Compartilhar a Cama

As seguintes dicas de segurança se aplicam a qualquer pessoa que compartilhe a cama com um bebê (não apenas a mãe).
  • Não use nenhum tipo de droga que possa afetar seu sono (álcool, tranquilizantes, antidepressivos, drogas ilegais, etc.).
  • Nunca fume no quarto onde um bebê dorme.
  • Use um colchão firme. Não durma com seu bebê em um colchão macio ou colchão d'água, puff, ou sofá.
  • Tome precauções para que seu bebê não caia da cama.
  • Evite fendas entre a sua cama e a parede. Tenha certeza de que há um encaixe perfeito entre o colchão e a parede e a cabeceira, e use protetores acolchoados, como no berço.
  • Nunca coloque o bebê em um travesseiro.
  • Sempre coloque seu bebê para dormir de costas.
  • Não use edredons.
  • Não coloque na cama nenhum bichinho de pelúcia (ou de verdade!).
  • Não durma com seu bebê se você está obeso.
  • Prenda o seu cabelo se ele for muito longo.
  • Não deixe seu bebê compartilhar a cama com outra criança.
  • Não coloque seu bebê próximo a cortinas com cordões pendurados.
  • Nunca deixe seu bebê sozinho em uma cama de adulto. 

Este texto pode ser lido, original em inglês, em http://www.awareparenting.com/sleep.htm
Tradução: Andreia Mortensen

quinta-feira, 19 de março de 2015

Diferenças do sono do bebê que é amamentado para o que toma LA

Novo estudo prova que não há diferenças. A crença que mães que amamentam tem que fazer mais sacrifícios não se mostrou verdadeira.
É comum acreditar que um dos sacrifícios que mães tem que fazer para amamentarem seus bebês é terem pior qualidade de sono. Mas novas pesquisas sugerem que isso é mito.
O estudo, publicado em 8 de novembro no periódico científico Pediatrics, descobriu que as mães dormiam em média o mesmo, não importando se amamentam ou dão LA. A autora principal do estudo, Hawley Montgomery-Downs, Professora assistente de Psicologia e coordenadora do Programa de Neurociências do comportamento na Universidade de West Virginia, mostra que absolutamente não há diferenças na qualidade do sono materno baseados em como os bebês são alimentados.
Os pesquisadores coletaram dados de 80 mães do início da segunda semana de vida do bebê até o final da 12a. semana, e foram divididas em 3 grupos: 27 amamentando exclusivamente por pelo menos 12 semanas, 18 que deram LA exclusivamente por pelo menos 12 semanas e 35 que usaram ambas formas de alimentação.
As mães usaram um instrumento parecido com relógio (actigrafo) para registrar seus movimentos e usaram um equipamento PDA para analisar sua qualidade de sono, registrar quantas vezes elas acordaram no meio da noite e por quanto tempo permaneceram acordadas. Com isso obtiveram um diário de sono com relato da qualidade de seu sono e o número de acordadas durante a noite e quando se sentiam sonolentas durante o dia.
Surpreendentemente, os dados revelaram que os 3 grupos tiveram a mesma quantidade de sono - cerca de 7.2 horas por noite.
Então, apesar dessas mães não estarem tecnicamente deprivadas de sono, elas estão legitimamente deprivadas de sono de qualidade. Isso se chama “sono fragmentado”, que não é uma desordem do sono, diz Montgomery-Downs. “Isso é o que mães de bebês novinhos fazem.”
Como pode ser possível que não há diferença na quantidade de sono total? Se demora mais tempo para o leite artificial ser digerido e portanto eles acordam menos frequentemente, como suas mães não estão dormindo mais? Talvez é porque as mães que amamentam estão amamentando dormindo? Ou porque as mães que dão LA tem que acordar completamente para preparar a mamadeira? Ou uma combinação dos dois?
Montgomery-Downs diz: "Não posso dizer exatamente porque não houve diferenças, mas as mulheres que amamentam talvez não tiveram os mesmo níveis de despertares quanto as mulheres que levantaram para preparar mamadeiras. Pode ser que as mães que amamentam se mantiveram no escuro e conseguiram adormecer mais facilmente, já que LM contém o hormônio prolactina, que pode ter efeitos indutores de sono no bebê. Pode ser que os bebês amamentados acordam mais mas as mães estão adormecendo mais rapidamente. Pode ser também que elas amamentam dormindo. Mas não sabemos se as mães estão fazendo cama compartilhada, essa será uma próxima extensão de nossa pesquisa".
Qualquer que seja a razão, esse estudo é obviamente uma boa notícia para os que apoiam amamentação. Sim, eu me pergunto: quantas mães desistem de amamentar - ou nem tentam - porque acreditam que iriam dormir mais com o uso da mamadeira?
Mas amamentação é tão importante para saúde de ambos mãe e bebê que fatos reais sobre o sono nessas condições precisam ser esclarecidos. Montgomery-Downs diz que as mulheres não poderiam simplesmente se sentir obrigadas a amamentar e fazerem o sacrifício de menos sono.
Além disso, enquanto estava entrevistando as mães que participaram do programa, Dr. Heinig descobriu que muitas trocaram a amamentação por LA ou cereal, acreditando que os bebês acordavam a noite e choravam por fome, porque não tinham LM suficiente.
Ela decidiu então preparar folhetos para dar para os pais com explicações de quão frequente os bebês acordam a noite - 3 ou 4 vezes nas primeiras 8 semanas pelo menos, e porque eles choram.
Seu estudo inovativo que durou 3 anos descobriu que as mães que tinham essas informações sobre seu comportamento natural amamentaram seus bebês exclusivamente por pelo menos 4 meses, e a porcentagem de crianças obesas diminuiu.
Finalmente, Dr. Montgomery-Downs diz: "A Academia Americana de Pediatria recomenda amamentação, então considere os riscos e benefícios de amamentar x dar LA".

Mas não faça sua decisão baseada no velho mito de que irá dormir melhor com LA. Os primeiros meses serão difíceis, amamentando ou não, então pese outras coisas, como a saúde do seu bebê. Não use um ‘bom sono’ como razão para desmamar seu bebê, porque o sono não melhorará com o desmame."

Pais poderiam ajudar levantando e dando uma mamadeira ao bebê com LM ordenhado. Mas no estudo nenhuma das mães relataram esse tipo de participação dos pais, mesmo que os bebês estivessem tomando LA. *
Recentemente há ímpetos nos EUA para angariar mais apoio para a amamentação, e talvez esse estudo ajude. Como o mito de que bebês que amamentam dormem menos que bebês que tomam LA foi derrubado, os autores acreditam que os esforços de encorajar amamentação nos EUA deve incluir informação sobre sono.

Montgomery-Downs diz, "As mulheres devem saber especificamente que a opção de dar mamadeira ao bebê não significa necessariamente sono melhor. Os riscos de não amamentar o bebê devem ser levados em consideração contra a falta de evidência de que o LA melhora a qualidade de sono."

Montgomery-Downs considera os resultados do estudo bons e objetivos para afastar conselhos não solicitados de profissionais da saúde, amigos e sogras que sugerem o LA como solução para o sono.

“Isso deve ser tranquilizante para as mães que amamentam” ela diz. “Desmame não é a solução!”


PS:
* mamadeiras (independente do conteúdo) podem causar confusão de bicos e desmame precoce. Não recomendamos essa dica então na comunidade.

** faltou citar que mães que amamentam e fazem cama compartilhada (atentando para as regras de segurança da CC) tem melhor qualidade de sono sim, salvo algumas exceções. Agora é aguardar se farão um estudo com esse tipo de variável.


Tradução: Andréia C. K. Mortensen

E foi publicado em português:


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