segunda-feira, 23 de maio de 2016

Como prevenir fissuras nos seios? Como curar fissuras se elas aparecerem?


Por Moderadoras GVA

Uma das muitas preocupações de gestantes é preparar os seios para a amamentação (com a intenção de evitar fissuras), e infelizmente alguns médicos ainda fazem recomendações neste sentido. Durante a gravidez não há uma preparação para as mamas com a finalidade de prevenir fissuras; na verdade, a maioria do que é recomendado mais atrapalha do que ajuda - nem mesmo a recomendação de tomar sol nos seios é válida. 

Por que nada que se faça na mama evita fissuras? Porque as fissuras mais comuns são  causadas pela pega errada do bebê, não por uma suposta sensibilidade da mama. Assim, o que as grávidas precisam é saber identificar e corrigir a pega correta. 
 Leia mais aqui: 
* Texto: Estou grávida e quero saber como me preparar para amamentar


Depois que o bebê já nasceu, caso as fissuras apareçam, o que fazer? O primeiro passo é, como dissemos, corrigir a pega: não adianta tratar a fissura se a pega continuar errada, pois isso continuará machucando o peito. Imagine a seguinte situação: você furou o dedo com uma agulha, está passando um medicamento para curar o machucado, mas todos os dias volta a furar o dedo novamente. Você conseguirá curar esse machucado? É o mesmo com a fissura na mama: a pega errada é o que causa o machucado; portanto, não adianta nada usar um medicamento, por mais milagroso que digam que ele é, se o bebê continuar machucando o peito com a pega errada em cada mamada. 


Veja nesse texto imagens e vídeos sobre a pega correta (tente a manobra com a mão em C descrita na imagem): 
* Texto: Pega correta


Se você não consegue corrigir a pega sozinha, visite um Banco de Leite (clicando aqui, você consegue localizar o mais próximo de você), procure uma consultora de amamentação, peça ajuda a uma amiga que amamenta - não sofra sozinha, é importante pedir ajuda.

Se o peito estiver muito cheio, ordenhe um pouco de leite antes da mamada, pois mama muito cheia dificulta a pega. 
Veja aqui sobre ordenha manual: 
* Texto: Como retirar e estocar o leite materno


Se estiver difícil acertar a pega na posição tradicional de amamentação tente outras posições, como as sugeridas nesse texto do GVA no Facebook. 

Caso sinta dor durante a mamada, interrompa e acerte a pega quantas vezes forem necessárias. Se for preciso tirar o peito da boca do bebê, use seu dedo mínimo para ajudar o bebê abrir a boca e retirar o mamilo sem dor, como na imagem abaixo:



Ofereça o peito em livre demanda, sempre aos primeiros sinais de fome do bebê - um bebê ansioso e esfomeado tende a pegar o peito de forma errada. Na imagem abaixo, você pode ver como identificar os primeiros sinais de fome, os sinais médios e os sinais tardios:



Quando a mãe consegue corrigir a pega, a dor diminui mesmo se o peito ainda não estiver curado completamente, pois mamando de forma correta o bebê não costuma pressionar a região machucada.
Nunca use intermediários (bico de silicone), pois atrapalham a pega e agravam a lesão mamilar. Não adianta a mãe se esforçar para corrigir a pega se o bebê estiver usando chupetas ou mamadeiras, pois elas fazem o bebê "desaprender" a mamar. 

Veja neste vídeo como a pega do peito é completamente diferente da pega da mamadeira/chupeta: 



E como tratar as fissuras que já apareceram? 

- Recomenda-se sempre o tratamento úmido das lesões mamilares, com o objetivo de formar uma camada protetora que evite a desidratação das camadas mais profundas da epiderme. Para isso, pode-se usar o próprio leite materno nas fissuras, passando de hora em hora e sempre após as mamadas. 

- Evite usar pomadas e óleos - eles deixam o peito escorregadio, o que faz o bebê errar a pega, e podem causar obstrução de ductos. O Ministério da Saúde cita a pomada de lanolina pura como uma das alternativas possíveis para ajudar na cicatrização, porém até mesmo esta pomada deve ser usada com muito cuidado, pois além de deixar o mamilo escorregadio há também o risco de alergia (já houve relatos de mães que desenvolveram alergia à lanolina).

- Proteja o peito do atrito com a roupa. Para isso, o melhor é deixar o seio livre ou usar rolinhos de fralda, como na foto abaixo:


- Não use conchas, pois elas podem machucar os ductos e deixam o peito abafado, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias que causam infecção mamária.

- Não use no peito chás, cascas ou folhas: a eficácia desses tratamentos não está documentada e eles são fonte de contaminação (microorganismos encontrarão nas fissuras a porta aberta para provocar uma infecção na mama).

- Absorventes descartáveis podem ser usados nos seios desde que a mãe tenha o cuidado de trocá-los quando ficarem molhados. O ideal é usá-los por curtos intervalos de tempo, lembrando sempre de verificar se é necessário substituir por um seco.


Textos recomendados

- A importância da correção da pega


- O que acontece com os músculos bucais quando um bebê usa qualquer bico artificial (chupetas, mamadeiras, bicos de silicone)


sábado, 21 de maio de 2016

Estou grávida e quero saber como me preparar para amamentar

Existem muitas recomendações sobre como deve ser a preparação nas mamas para a amamentação, mas são todos falsos. Você não precisa preparar suas mamas, pois elas já estão prontas: você é mamífera, seus peitos são o resultado de milhões de anos de evolução da espécie humana e foram desenhados para alimentar o seu bebê.

Não use cremes hidratantes ou lanolina na aréola e nos mamilos. Igualmente, não esfregue a mama com bucha vegetal ou com toalhas. Tudo isso pode ter o efeito contrário e deixar a pele do mamilo mais fina e sensível.

Tomar sol em qualquer parte do corpo, durante meia hora, até as 10h da manhã ou após as 16h é saudável. No entanto, expor as mamas ao sol não ajuda a evitar fissuras e não representa uma preparação para amamentar. Na verdade, considerando que a maioria das mulheres não costuma expor seus seios ao sol, isso pode até mesmo deixá-los mais sensíveis.

Não importa se seu mamilo é grande, pequeno, plano ou invertido, porque o bebê, ao mamar, não pega o bico e sim a aréola toda ou quase toda. Assim, não é necessário fazer nada para “formar bico” caso seu mamilo seja plano ou invertido. Não use conchas e não faça massagens.

Se não é necessário preparar o corpo, como se preparar para amamentar? O que você precisa preparar é a sua cabeça: estudar pelo menos um pouco sobre amamentação, especialmente sobre a pega correta, que é o que efetivamente evita fissuras. Também é interessante conhecer um pouco sobre o processo de produção de leite materno, refletir sobre alguns (pre)conceitos sobre bebês, sobre sua criação e sobre a própria amamentação.

Amamentar é da nossa espécie, mas, por motivos diversos deixou de ser uma prática habitual durante muitas décadas. Assim, deixou também de ser transmitido de mães para filhas. Por isso, o que em séculos passados se aprendia com a mãe, agora é preciso aprender por meio de outros recursos. Portanto, informe-se, pesquise, fique atenta.

Estes são alguns textos que recomendamos:

Como se preparar para amamentar com sucesso
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2014/01/como-aumentar-as-chances-de-ter-sucesso.html

Expectativas sobre bebês: parte 1 (desenvolvimento físico e sono)
https://www.facebook.com/notes/soluções-para-noites-sem-choro/expectativas-sobre-bebês-parte-1/282770681747348

Expectativas sobre bebês: parte 2 (alimentação e independência)
https://www.facebook.com/notes/soluções-para-noites-sem-choro/expectativas-sobre-bebês-parte-2-de-2/339160729441676

Cesariana eletiva e aleitamento materno: revisão sistemática com metanálise
http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/cesariana-eletiva-e-aleitamento-materno.html

Indicações reais e fictícias de cesariana
http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html

Porque alguns sites e blogs não vão te contar que mamadeiras e chupetas causam desmame e muitos outros prejuízos
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/03/porque-alguns-sites-e-blogs-nao-vao-te.html

Recomendamos que tente ler nossos arquivos e álbuns:

Índice alfabético
http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/p/indice-alfabetico-gva.html

Álbuns https://www.facebook.com/groups/grupovirtualdeamamentacao/photos/?filter=albums

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Vitamina A

Por Zioneth Garcia


A importância do adequado estado nutricional de vitamina A é incontestável, uma vez que ela possui papel fisiológico muito diversificado, atuando no bom funcionamento do processo visual, na integridade do tecido epitelial e no sistema imunológico, entre outros.

Vários estudos epidemiológicos vêm destacando, nas duas últimas décadas, o papel da vitamina A na redução da mortalidade e da morbidade, principalmente por doenças infecciosas. Observou-se que, em populações com alta prevalência de deficiência, o aumento no consumo de vitamina A em crianças reduz o risco de morte, principalmente quando associado à diarréia. A metanálise dos oito principais estudos de intervenção em relação à mortalidade indica que a redução geral na mortalidade foi de 23% em crianças menores de 5 anos.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Anemia ferropriva

Por Fernanda Mainier Hack

Publicado originalmente na comunidade Meu Filho é alérgico a leite do Orkut

 
A anemia ferropriva é a carência nutricional mais prevalente no mundo, acarretando prejuízos a curto e longo prazo no desenvolvimento neuropsicomotor e na aprendizagem, além de comprometimento na resposta do sistema imunológico.

Os sinais e os sintomas mais frequentemente observados são inespecíficos, como palidez, falta de apetite, apatia, irritabilidade, cansaço, fraqueza muscular e dificuldade na realização de atividade física, dificuldade no ganho de peso. O diagnóstico do estado nutricional relativo ao ferro é realizado principalmente por meio de exames laboratoriais. Os indicadores de deficiência de ferro são difíceis de interpretar em crianças, devido às variações fisiológicas em diversas fases do crescimento e do desenvolvimento, além de sofrerem influência de outros fatores, como os processos infecciosos.

No Brasil, a anemia ocorre em cerca de 40 a 50% das crianças menores de cinco anos, não havendo diferenças entre as macrorregiões. Seu comportamento endêmico permite que crianças e mães sejam afetadas, independentemente das condições socioeconômicas.

EM CRIANÇAS, ESPECIALMENTE AS MENORES DE DOIS ANOS, A NECESSIDADE DE FERRO É ELEVADA DEVIDO AO INTENSO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO, E A INGESTÃO DE ALIMENTOS FONTE DE FERRO COM BOA BIODISPONIBILIDADE TENDE A SER INSUFICIENTE, O QUE AUMENTA A CHANCE DE CARÊNCIAS E RELACIONA-SE AOS ELEVADOS ÍNDICES DE ANEMIA FERROPRIVA OBSERVADOS NESSA FAIXA ETÁRIA, o que aumenta a chance de carências e relaciona-se aos elevados índices de anemia ferropriva observados nessa faixa etária.


Amamentação e zika: o que fazer?

Em 2015, fomos surpreendidos por casos de microcefalia em bebês cujas mães tiveram infecção pelo zika virus durante a gravidez.

Com o pânico disseminado, alguns meios de comunicação divulgaram reportagens afirmando que o "zika PODE ser transmitido por leite materno" (grifo nosso), para, em seguida, generalizar como orientação oficial a mera opinião de uma médica de um hospital particular de São Paulo, pois afirma em um subtítulo que "com o vírus, amamentação deve ser interrompida" (Jornal O Globo).

Diante desse cenário, recorremos aos órgãos oficiais e aos meios de pesquisa científica para trazer o esclarecimento abaixo.


Recomendações quanto à amamentação na vigência de doença/infecção materna

Por Grid Rocha

Quase todas as mães podem ser bem sucedidas na amamentação, o que inclui iniciar a amamentação dentro da primeira hora de vida, amamentar exclusivamente nos primeiros seis meses e continuar a amamentar (com alimentos complementares apropriados) até dois anos de idade ou mais.

Os efeitos positivos da amamentação na saúde das mães e crianças têm sido observados em toda parte. A amamentação reduz o risco de infecções agudas como diarréia, pneumonia, otite, Haemophilus influenzae, meningite e infecção urinária. Também protege contra doenças crônicas como diabete tipo I, colite ulcerativa e doença de Crohn. A amamentação está associada com menor pressão sanguínea média e colesterol total no soro, além de baixa prevalência de diabete tipo II, sobrepeso e obesidade na adolescência e vida adulta. A amamentação retarda a volta à fertilidade da mulher e reduz os riscos de hemorragia pós parto, câncer de mama, pré-menopausa e câncer de ovário.

Muitas mães ao serem acometidas por algum tipo de doença acabam desmamando seus filhos pela falta de informação adequada, pensando ou sendo levadas a pensar que na presença de tais enfermidades não se pode mais amamentar. Pois bem, a boa notícia é que são raras as razões que necessariamente levam ao desmame. Aqui, vamos falar um pouco sobre isso.


terça-feira, 3 de maio de 2016

Aleitamento Materno: quanto o álcool pode influenciar na saúde do bebê?


Retirado do artigo de mesmo nome, de autoria de Adriana T. Kachani, Ligia Shimabukuro Okuda, Ana Lucia Rodrigues Barbosa, Silvia Brasiliano e Patrícia Brufentrinker Hochgraf, para o Programa de Atenção à Mulher Dependente Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (PROMUD- IPq- HC- FMUSP), de 2008


Mitos relacionados ao consumo de álcool

O aleitamento materno, além de ser biológico, é histórica, social e psicologicamente delineado através da cultura, com suas crenças e tabus, que influenciam de forma crucial sua prática (8). Em vários povos persiste a crença de que o álcool seria galactogênico, ou seja, que o consumo de pequenas quantidades de álcool imediatamente antes do aleitamento facilitaria a produção de leite nas glândulas mamárias. Trabalho realizado com 40 mulheres lactantes mostrou que 45% delas receberam aconselhamento de seus médicos e/ou enfermeiras para consumir álcool durante a lactação e 35% delas receberam o mesmo conselho de familiares e amigos (9).


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